@vcdisselivros 23/11/2022Intenso, cruel e realO COMEÇO
° Pheby é filha de uma escrava, mas seu pai é o mestre da fazenda em que elas trabalham. A jovem foi educada para se portar como uma dama, sabe ler, escrever, tocar piano e cresceu ouvindo que é escrava somente no nome, nunca na cabeça.
° Quando era mais nova, o mestre garantiu a mãe de Pheby que ao completar dezoito anos, a filha estudaria em uma escola em Massachusetts e curtiria a liberdade desconhecida por muitos no período escravagista que se passa no sul dos Estados Unidos do século dezenove.
° Uma sequência de eventos desastrosos altera o destino de Pheby e ela acaba indo parar em uma prisão, mais conhecida como Terra do Diabo. Por ser diferenciada, Pheby atrai a atenção do proprietário da prisão, Rubim Lapier, que escolhe a jovem para ser sua companheira.
° Por mais que não tenha opção, ela percebe que para sobreviver terá que se render aos caprichos do homem e no começo isso concede “privilégios”, mas antes que perceba Pheby nota que selou um acordo com o diabo em pessoa, desencadeando uma série de sacrifícios envolvendo a si mesma e aqueles que ama.
POR FIM
A verdade é que Pheby trocou uma grade pela outra e o leitor acompanha impotente os constantes abusos que ela sofria na fazenda em que vivia e agora na prisão.
Ainda que seja uma ficção história a autora, Sadeqa Johson, usou caso real como inspiração, retratando sem filtro a brutalidade da escravidão, moldando o que seria a vida uma personagem forte em meio a tantas perdas e provações.
Não pense que essa será uma leitura fácil, a crueldade retratada é muito forte e as descrições ainda mais. Ao longo da leitura você irá notar que é necessário fazer muitas pausas em meio aos capítulos e se perguntar como isso aconteceu, como as coisas chegaram a esse ponto e como alguém teve a capacidade de tratar outro assim quando está claro que é repulsivo, revoltante e desumano.
Fico sem palavras ao pensar que na vida real Pheby tinha apenas treze anos quando chegou à prisão e que era apenas mais uma entre tantos na mesma situação. Conforme a autora menciona em entrevista a revista Tag: É necessário conhecermos a história da escravidão para compreendemos o presente! O livro fica como reflexão e como Sadeqa diz, uma forma de homenagear aqueles que se foram.