Karini.Couto 19/12/2022Eleito o melhor thriller do ano pelo Washington Post, não poderia deixar de conferir mais esse lançamento da Trama.
Gatilhos: violência, linguagem imprópria
"Se eu invadir a sua casa à noite e cortar a garganta do seu filho, te garanto que a última coisa com que você ia se preocupar era se ele era gay ou não."
E com esse trecho marcante que está na contra capa abro essa resenha. Esse livro é muitas coisas, e é até difícil falar do impacto que ele causou em mim e que certamente irá causar em você. Recheado de cenas rápidas e viscerais, a obra nos conduz pela vida de pais que não puderam dar o que seus filhos precisam... Aceitação, amor incondicional, entre outros.
Ike já havia sido preso, mas vive hoje de maneira confortável com sua esposa, tem seu próprio negócio e se mantém longe do crime a mais de 15 anos, quando saiu da prisão.
Enquanto isso, Buddy Lee faz bicos para sobreviver e não teve tanta sorte assim, tenta se manter longe dos trampos ilícitos e assim fora da cadeia, mora em um trailer, não tem lá muita coisa e parece nutrir um sentimento por sua ex esposa, hoje casada com um influente juiz.
O que eles tem em comum? Foram presos, e seus filhos se casaram, tendo uma filha de dois anos. E as vidas deles eram felizes, mesmo sem a aprovação dos pais, encontraram juntos o caminho um caminho para seguir em paz e realizar seus sonhos.
Mas as vezes, em um golpe inesperado e cruel, não se tem mais nada. Nem a própria vida. Isiah e Derek são assassinados de maneira fria, brutal e isso une os pais em um propósito, mesmo que não se conheçam bem, eles têm mais em comum do que imaginam. E movidos pela ânsia de encontrar quem fez isso com seus filhos, vão seguir por caminhos tortuosos e será que isso vai lhes levar a redenção pela ausência, preconceito e negligência? Será que essa busca trará justiça à morte de seus filhos, ou apenas mais ódio e crueldade?
Cenas de puro ódio, com a desculpa de se vingar, seria isso o ideal? E é nessa pegada que somos completamente envolvidos em um enredo que vai além de uma simples história de ficção, carregando questões sociais importantes e sempre em pauta e que deveria ser refletido por todos.
Dois homens que sempre enfrentaram dificuldades, e sabemos que seus assassinatos foram movidos por preconceito, pais em luto e movidos cada vez mais pela fúria, derramam mais sangue por onde passam e o ódio crescendo é palpável e chega parecer uma doença. A polícia parece não se importar, mais eles se importam, e a ponto de seguirem cegos e implacáveis.
A trama tem essa pegada violenta, mas também vamos encontrar cenas onde temos diálogos humorados, e outros sentimentos como arrependimento, amor... Dramas familiares sempre vem com a promessa de conquistar o leitor e esse não só faz isso, como nos impacta.
Até onde você iria para vingar a morte do seu filho? Talvez o ódio e a vingança seja a única língua que eles conhecem, mas poderá no processo, algo se transformar?
"Lembra quando você vivia dizendo que amor era amor? Eu não entendia. Acho que não queria entender... Lamento ter precisado passar por tudo isso pra entender... Um bom pai, um bom homem, ama quem ama seus filhos."