Melo 15/12/2022
A Saga Continua
Talvez venha a soar um pouco cruel, mas eu já não vinha a gostar de Tamlin desde o primeiro livro. Não irei dar spoiler acerca dos meus motivos para isso, mas a relação entre ele e a Feyre parecia ter as suas falhas cruciais que poderiam colocar qualquer relação a pontos de se quebrar.
A introdução do livro dá a confirmar as minhas suspeitas quanto a isso, bem como mostra o quanto Feyre parece ter mudado um pouco a sua personalidade, tornando-se mais cómoda e em segundo plano em relação ao amor que sente pelo seu companheiro. De certa forma, deixa-nos também a pensar como é que alguém não abre os olhos pela forma como a estão a forçar a conviver com cenários dos quais ela não se sente confortável e parece tentar dizer isso a todos à sua volta sem que estes a ouçam. No fundo, quem ela menos esperava que a ouvisse, é quem a ajuda e tenta despertar desse entorpecimento. Vemos um certo crescimento por parte da protagonista. Vemos como ela tenta se erguer das cinzas e do trauma, como tenta ultrapassar o atroz crime que cometeu e como tenta desabafar acerca do mesmo, transparecendo a mágoa e arrependimento que sente, e usando isso para querer ser alguém melhor.
Talvez Sarah J. Maas tenha vilanizado demais um dos seus personagens, mas de alguma forma serve como alegoria para momentos reais. Onde alguém parece estar a viver num sonho, sem se aperceber de como está a ser manipulada, e acaba por se esquecer de quem realmente é em prol de um amor que se torna doentio para si mesmo. Depois, quando finalmente acorda, temos então mais provas acerca da toxicidade da relação por a pessoa responsável pela dor e manipulação não estar disposta a desistir de quem estava a magoar. A minha comparação descrita é um pouco rústica, mas é a forma mais simples que sei de exemplificar.
Gostei das tramas inseridas, de como a ação está a abrir portas para mais aventuras e para um jogo de xadrez que se iniciou. As peças estão a movimentar-se e a "Rainha" é uma peça importante e chave para a vitória.