Ley 10/07/2023Li esse pensando no caos que o próximo vai serFoundryside se tornou uma das melhores leituras do ano, portanto Shorefall, seu segundo volume, me deixou com altas expectativas. Se passaram três anos após os acontecimentos do primeiro livro, os personagens estão lutando por uma cidade melhor, atualmente são inscritores e moram na Área Comum de Tevanne, um lugar que antes era ainda mais precário.
A intenção é que os mais necessitados também tenham as inscrições em fácil alcance, tirando a ideia de que apenas a elite possa desfrutar disso. A iniciativa é importante, mas o trabalho é demorado. Os personagens estão prestes a realizar um grande movimento no meio das Casas Comerciais, possibilitando ainda mais acessibilidade para todos, mas correndo um risco imenso para isso.
Sancia, Berenice, Gregor e Orso buscam progresso, mas quando uma notícia preocupante de algo perigoso chegando na cidade é anunciado, parece fazer seus planos serem comprometidos. A partir daí, é como se a história gradualmente mostrasse uma projeção de quão expandida pode ser. É realmente impressionante o contraste do volume anterior para esse, porque essa surpreende em revelações em um nível ancestral.
Personagens perigosos e lendários surgem, porém não é fácil descobrir suas intenções. O grupo vê que a situação pode comprometer tanto eles quanto todas as pessoas presentes na cidade. A corrida para impedir os muitos problemas é urgente. As mais de 600 páginas de história ocorrem em menos de uma semana, obrigando-os a testarem seus limites e optarem por medidas desesperadas.
O que mais estava esperando nessa história, era uma resolução para o problema de Clave, a intrigante chave senciente que Sancia se depara em Foundryside. Aqui, temos respostas sobre isso, mas demora um pouco, e a situação não é das melhores. Outros momentos agradáveis de se esperar, era a relação entre Sancia e Berenice finalmente engatada. As duas tinham um grande potencial para se tornar um casal, e não decepciona. Em Shorefall, essa relação não é apenas firme, como possui uma singularidade em seu progresso. A intenção do autor não é focar em romance, portanto as duas possuem uma base firme, confiança e carinho, mas o foco principal é resolver os problemas urgentes.
Enquanto isso, personagens e problemas andam juntos. Enquanto conhecíamos os protagonistas melhores, eles emocionam cada um à sua maneira, em especial Gregor, que possui alterações semelhantes as de Sancia, mas com um direcionamento distinto. Ser consciente de suas dificuldades já é difícil, mas a intimidade com que o autor coloca cada cenário é doloroso.
Por estar mais apegada a cada um deles, este livro se tornou mais pessoal para mim. A grandeza da história continuou surpreendendo, mas notar como os personagens poderiam se desfazer a qualquer momento me deixava abalada. A grandiosidade dos acontecimentos me fizeram conjecturar em como o terceiro volume será conduzido. Não espero tantos momentos felizes, mas um final digno. Shorefall molda tanto os personagens quanto o leitor, não temos um final definitivo, e sim uma abertura imensa para ser resolvido no último volume.
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