Nara Leão 15/07/2023Capitão da própria históriaQuantas pessoas aguentariam serem difamadas, motivos de piadas, agressão psicológica, chacota, racismo e continuariam no ambiente? E pior, ficariam em um ambiente sem apoio, apoio de quem diz que ama. Chegar ao seu limite mental e ainda sorrir numa festa. Nesse tipo de ambiente que Harry cresceu e viu sua esposa definhar.
Harry conta sua história, dividida em três partes: infância, vida no exército e os primeiros anos com Meghan. De longe a parte mais interessante são os primeiros momentos com Meghan, os encontros, as pequenas alegrias de momentos "normais", mas logo tudo dá lugar aos baldes de água fria que a imprensa começou a jogar no casal. Quem acha que Meghan manipula Harry, ou realmente não entendeu o que a mídia faz, ou só quer tacar hate mesmo. Harry em nenhum momento se põe como vítima, pelo contrário, conta coisas que fez e se envergonha. Até coisas desnecessárias de falar mundialmente, como a situação da parte íntima dele e o creme de Diana, ou a alucinação devido a droga com chocolate. Harry não contou grandes podres da família, parece ter poupado pra tentar uma reconciliação, apenas expôs o esquema sórdido de silêncio e troca de favores com a imprensa, algo que Diana já tinha dito em 1997. Então não entendo algumas pessoas vociferando que ele entregou a "família".
Chamou-me muita atenção o relato de Harry em dizer que levantou o tom de voz pra Meghan, e ela simplesmente saiu do ambiente e depois ao procurá-la ela perguntou se ele achava normal falar assim com uma mulher, se já tinha visto isso na infância. E que não admitiria ser tratada assim nunca mais. Imagina o alto padrão que essa mulher elencou pra vida, a criação que sua mãe deu! Ela pediu que Harry fosse procurar ajuda, procurasse terapia. Quando Harry o faz e começa a quebrar os padrões "normais" da Instituição, impondo limites que qualquer ser humano saudável mentalmente exigiria, o irmão diz que ele sofreu lavagem cerebral. É o típico comportamento de quem começa a impor limites e o ambiente tóxico (pra não dizer a família) se sente afrontada.
O livro mostra como um garoto inconsequente começa a tomar as rédeas da própria vida, confrontar padrões absurdos de uma instituição centenária. Vivendo a vida que Diana não teve a chance de viver. Sendo responsável pelo próprio sustento quando seu pai e irmão viraram as costas e insistem em não entender os motivos que o levaram até onde ele está hoje.