K-Roll 03/02/2023Isso não é um reserva. Isso é um homem.No começo do ano foi muito forte o burburinho nas redes sociais a respeito de um livro escrito pelo próprio Príncipe Harry que trazia tom a sua perspectiva como membro da família real britânica. Confesso que quando comecei a ler esse livro, eu fui movida a buscar a leitura para abastecer as fofocas Que eu gostava de acompanhar sobre essa família. Gostaria de ver o Harry trazer à tona a perspectiva da família real sobre algumas polêmicas surgidas na mídia. O que eu não esperava é que em 500 páginas pudesse ser transmitido com grande comoção o sofrimento de um príncipe condenado por amar demais.
Harry divide sua biografia em três arcos: Na primeiro arco do livro, ele vem à tona trazendo aspectos da sua infância que o marcaram, incluindo principalmente a perda de sua mãe, a Princesa Diana, No trágico acidente de carro em um túnel de Paris. Nessa primeira parte do livro, o Harry fica focado em contar sobre como esse acidente o marcou e como ele o interpretou. Pensava que a mãe ainda estava viva e usou o acidente falso para escapar de vez da vista da família britânica e que a qualquer momento voltaria para busca-lo. Conta sua perspectiva dos fatos do funeral da mãe, onde ele foi obrigado a andar atrás do caixão da da mãe, apenas para entreter a mídia.
Na segunda parte, Harry foca em contar sobre como foi o seu processo de adolescente a adulto sendo constantemente alvo de paparazzi e notícias falsas e sensacionalistas na mídia. Ele conta que sempre buscou ficar mais próximo do irmão, pois sentia que apenas o irmão entenderia a dor que ele estava passando, pois na época o Charles já deixava a público sua relação com a Camila Parker, amante dele durante o casamento com a Diana, mas William deixou claro que não queria seu irmão caçula no seu pé enquanto vivia o ápice da sua adolescência em Eton? Partindo desse ponto o Harry começa a evidenciar que sempre houve uma competitividade entre o William e o Harry pois o William seria o rei e deveria ter mais destaque na mídia, por isso o Harry não deveria ter muitos feitos para não ofuscar o irmão. Harry, relata seu incômodo com a imprensa britânica por sempre noticiar de forma errônea pequenos detalhes sobre a sua vida, como da vez que quebrou o dedo em uma partida de rugby porem jornais noticiaram que ele havia se ferido gravemente e havia sido internado como um caso grave.
A perseguição da mídia em cima do Harry se transformou adotando o ideal de ovelha desgarrada da família, o parente problema. Todos os seus feitos eram porque foi obrigado a fazer e se algo não dava certo culpavam ele. Se ele entrava para o exército, a mídia dizia que família real obrigou ele. Se ele queria iniciar um projeto de caridade a mídia alegava que ele queria aparecer. Se ele fosse dispensado de seu posto em uma operação de guerra no Afeganistão ou no Iraque por conta da imprensa britânica divulgar aos quatro ventos que ele estava fazendo parte do exército e como consequência todos os soldados das tropas inimigas tinha uma foto do Príncipe Harry e foram ordenados os soldados tivessem prioridade em matar ele e quem estivesse com ele a imprensa britânica alegou que ele pediu para ser deserdado, pois não queria encarar a guerra.
A última parte do livro para mim é crucial. Ele relata toda a sua vida desde 2016 até a morte da rainha. Fala do quão apaixonado ficou quando viu a Megan pela primeira vez assim que viu ela em uma foto com uma conhecida dele. Ele conta das viagens e dos momentos que eles compartilharam juntos e principalmente sobre como a imprensa reagiu negativamente ao seu relacionamento com uma mulher de cor. Os comentários racistas, as perseguições e os insulto direcionados a Megan. Conta como buscou o apoio da família e eles se mantiveram omissos. Menciona, inclusive, que a própria família estava vazando informações falsas para que enquanto um membro fosse visto como cruel e sórdido o outro fosse endeusado. Aqui temos uma grande reviravolta de algumas pessoas por trás desse esquema.
"Como você pôde revelar essas coisas? Sobre a sua família? Eu lhes disse que não conseguia ver a diferença entre a conversa com Oprah e o que a minha família e seus funcionários e representantes tinham feito durante décadas — informando a imprensa às escondidas, plantando histórias."
O racismo de membros do palácio, perseguições da própria família real, os ataques da família ao Harry por querer defender sua esposa, tudo é escancarado em passagens sobre o casamento deles, a morte do príncipe Phillip e a morte da rainha.
Às vezes em que o Harry pediu socorro ao pai e ao irmão para que fossem a mídia pedir retratação aos jornais por conta das histórias que eles publicavam sobre a Megan porém os pais dizendo que aquilo causaria ainda mais polêmica, porém, quando a situação inverteu, eles cobraram muito do Harry e o gato sobre ser muito sarcástico. E eu não consigo descrever a risada genuína que eu dei quando o Harry diz que o pai e o irmão só ficaram put0s com ele por ele ter feito uma nota de repúdio sobre os ataques a Megan porque ele fez pela mulher que ele ama o que o pai e o irmão dele jamais fizeram pelas mulheres deles. (Lacrou MUITO)
"Pouco tempo antes, o Sun tinha publicado uma manchete de primeira página: Garota de Harry no Pornhub. A matéria trazia imagens de Meg, em Suits, que alguns pervertidos tinham postado em algum site pornô. Claro que o Sun não falou que as imagens foram usadas ilegalmente, que Meg não sabia nada a respeito delas, que Meg tinha a ver com pornografia tanto quanto vovó."
O que me agradou e me impactou bastante foi ver que Harry trazia as matérias que a mídia noticiava, matérias que eu lembro perfeitamente de ter lido durante os intervalos da faculdade, porem trazendo oque realmente aconteceu, (spoiler) . . . que foram maquinações do irmão e do pai. Desde a historia da birra de Megan em usar a coroa que pertenceu a Diana ou até mesmo a historia de Megan ter feito Kate chorar por conta do casamento da Megan. Porem nada foi divulgado na mídia sobre a conversa patética do William com o Harry na qual o William não queria que o irmão se casasse com o uniforme do exercito e nem de barba pois proibiram o William de fazer o mesmo anos antes.
(Inclusive eu achei do 🤬 #$%!& ele trazendo a tona todas as matérias falsas, sensacionalistas, racistas e propagadoras de ódio e sinalizando qual foi o jornal que publicou elas. "Tal jornal publicou sobre isso sendo que ele pagaram vizinhos para por câmeras nas suas varandas e poderem espiar meu quintal 24h")
"Por exemplo, a revista Tatler citando um velho etoniano dizendo que me casei com Meg porque "estrangeiras" como ela são "mais fáceis" do que garotas "com a origem certa". Ou o Daily Mail dizendo que Meg estava "subindo na vida", porque ascendeu socialmente de "escrava à realeza" em apenas 150 anos."
É inegável que o Harry teve muito a dizer com esse livro, também fica evidente como foi que ele conseguiu lidar com todo o luto não resolvido com a morte da sua mãe, com a falta de afeto de uma família que abraça mais cachorros que humanos. Quando comecei a ler esse livro achei que ele estava exalando uma energia de subcelebridade em escancarar segredos da família, pensei até que foi um puta gesto vingativo, mas então eu terminei o livro e entendi. Ser posto no mundo a fim de ser o reserva do futuro rei, crescer sendo caluniado pela imprensa para entreter pessoas que de fato não se importavam com ele, abrir mão de seus sonhos, desejos e ambições por não poder ter destaque na mídia e ofuscar o irmão e viver em pleno sofrimento mental e emocional pois é isso que a imprensa quer noticiar. Então quando se tem a oportunidade de finalmente contar e externalizar toda a verdade que te obrigaram a esconder você apenas agarra essa oportunidade e não olha para traz, afinal, citando o próprio príncipe Harry em seu livro: "Como eu seria lembrado pela história? Pelas manchetes? Ou por quem eu realmente era?".