Fada Leitora 02/02/2024
SIMPLESMENTE UM LIVRO QUE TODA MULHER DEVERIA LER!!
Vivemos em uma sociedade extremamente machista, misógina, patriarcal e sexista.
Nós mulheres somos ensinadas, desde crianças, a performarmos um papel de feminilidade, que está engendrado socialmente, e com isso, somos ensinadas a agirmos dentro do papel de "moça comportada", submissa, mãe de família e etc.
Enquanto isso, homens, através do que a autora denomina de "dispositivo da eficácia", são educados dentro do padrão/perfil de masculinidade, perpetrada em nossa sociedade. Eles são ensinados que não devem ter quaisquer atitudes que sejam consideradas "femininas", caso contrário, não são tidos como"homens de verdade".
"Nesse sentido, a frase comumente proferida aos meninos, 'seja homem', aponta que a virilidade não seria algo 'natural', mas performada como a negação daquilo que é considerado 'feminino.' "
O machismo, tão fortemente engendrado em nossa sociedade, é o que leva a tais concepções, e aqui, neste livro, a autora vai explicar que isso se dá através das tecnologias de gênero.
As mulheres, através do dispositivo amoroso e materno, aprendem que devem amar os homens e com isso, as mesmas, se subjetivam no que a autora denomina "prateleira do amor".
A prateleira do amor é um nome metafórico que a autora utiliza para denominar a posição a qual a mulher se coloca, que é a de sempre ser escolhida pelo homem. "Sua autoestima é construída e validada pela possibilidade de 'ser escolhida' por um homem. Essa prateleira é regida por um ideal estético [...]"
"Ser subjetivada na prateleira do amor torna as mulheres extremamente vulneráveis, visto que, se é necessário 'ser escolhida', nem sempre importa tanto quem as escolha. Isso empodera os homens."
Além de sermos ensinadas a amar os homens, também somos ensinadas a, desde meninas, sermos mães, no que a autora denomina de "dispositivo materno".
O dispositivo materno, "assim como o amoroso, trata-se de uma construção cultural." Através dessa construção, foi-se naturalizado que a maternidade, o cuidado com o lar e com as crianças, pertence às mulheres, enquanto que ao homem, cabe ser o provedor.
"É importante destacar que a base do dispositivo materno é o 'heterocentramento' (ZANELLO, 2018), ou seja, a forte pedagogia afetiva que meninas atravessam em seu processo de mulherificação: elas aprendem que devem sempre priorizar desejos, necessidades e anseios dos outros, em detrimento dos próprios." Enquanto isso, "o se tornar homem, no processo de hombrificação, ensina aos meninos, por seu turno, o 'egocentramento', isto é, a priorizarem seus próprios desejos, necessidades e anseios e, somente depois, pensarem nas necessidades dos demais."
"Em nossa cultura, os homens aprendem a amar muitas coisas e as mulheres aprendem a amar os homens."
Não obstante, além de todo esse retrato social, a autora também pontua a questão da violência contra as mulheres, como ela se perpetuou em nossa sociedade e quais mecanismos acabaram por solidificá-la e naturalizá-la mas também, maneiras pelas quais podemos nos valer para combatê-la.
Enfim, reitero o que disse anteriormente. Esse é o tipo de livro que TODA mulher deveria ler.
Sem dúvida alguma ele é um 5 estrelas.