Leituras.Nate 25/11/2022
Dualidade de milhões
A dualidade trazida neste livro é de uma perspicácia sem tamanho: Duas protagonistas, duas versões, dois passados, dois pontos de vistas e duas almas com desejo de vingança. Além disso, mais que se desdobrar numa segunda pessoa (ou personagem) para concretizar seus objetivos, elas se tornam suas rivais. Uma no passado e outra no futuro. Duas pessoas diferentes e duas faces de uma mesma moeda.
Por toda a leitura fica nítido o cuidado e preocupação da autora em costurar as cenas, narrativas, personalidades e convicções. Além de colocar sutis referências a outro livro de sua mesma autoria. Uma pessoa em comum em mundos diferentes. Voltando ao suspense, ele cresce e depois se estabiliza, apenas para nos dar a falsa sensação de conforto, já que em seguida nos vemos num escarcéu de tensão que perdura até o final.
Logo no início Maitê mostra sua rotina competente como profissional e perturbada no pessoal. Por um instante fica a dúvida se os devaneios da mente atordoada dela nos trarão um terror sobrenatural, ou se o livro optará pelo psicológico. Me vi sentindo um arrepio na espinha quando ela acredita num fantasma real, sendo que seu pior inimigo é de carne e osso. Outrora um homem, outrora uma mulher.
Lili é determinada e crível desde sua primeira aparição. Com o passar dos capítulos ela se abre para os leitores com suas verdadeiras intenções e, mesmo conseguindo o que quer, tempo depois noto o quão volátil é a mente e coração da garota que se torna folha no vento das mãos alheias, até que na sua ingenuidade e sagacidade, ela recupera o controle que nem sabia que tinha perdido.
Do meio para o final eu acertei uma teoria específica de um certo episódio, mas chegando ao epílogo, percebi que ali a autora guardou uma querida surpresa. Terminei a leitura e fiquei remoendo os passos dessas duas mulheres e o quão elegante foi o caminho delas em suas desventuras. Recomendo muito esse livro!