_Gabs_ 29/12/2023Consegue entreter, mas deixa a desejar.“- O que é um jogo? - quis saber Marx. – É amanhã, amanhã, e ainda outro amanhã. É a possibilidade de renascimento infinito, de redenção infinita. A ideia de que, se você continuar jogando, pode ganhar. Nenhuma perda é permanente, porque nada é permanente, nunca.”
Esse livro é uma verdadeira montanha russa.
No começo engatei na leitura e não conseguia mais parar, fiquei fascinada pela história de Sam e Sadie, queria ver eles trabalhando juntos e reatando essa amizade perdida, adorava as referências aos jogos e como são feitos, mas de repente a história desandou.
A autora forçou uma briga entre os protagonistas, a Sadie teve um completo surto paranoico DO NADA e isso persistiu por muito tempo, o que deixou a narrativa maçante. Eu perdi totalmente a conexão que tinha criado com os personagens e só passei a sentir raiva das atitudes infantis deles. Faltou conversa. E o pior é que isso não foi resolvido em momento algum (risos). O livro chega nas últimas páginas e os personagens simplesmente tiveram um lapso de memória e decidiram esquecer todas as brigas como se nada tivesse acontecido, e não rolou uma única conversa para resolver todo aquele drama. Entendo que foi uma fase estressante para ambos, havia cobranças de todos os lados, a necessidade de serem reconhecidos por seus trabalhos, a vontade de fazer mais do que podiam, mas não justifica a falta de diálogo. Não quero ler sobre personagens perfeitos que não erram nunca, mas quero personagens imperfeitos que sabem reconhecer seus erros, que aprendem com eles, que evoluem com o passar do tempo, que ganham maturidade durante a narrativa, e esse livro não me entregou isso, pelo contrário, os protagonistas ficavam mais imaturos a cada página.
Após 70% do livro consegui engajar a leitura novamente e nesse trecho o Marx ganha total destaque (merecido). Se o livro fosse inteiro sobre o Marx, teria amado/favoritado.
Já o final termina como começou (literalmente). Achei corrido, nada foi realmente aprofundado, ficaram diversas pontas soltas. Ainda assim, gostei muito por se tratar de um livro sobre jogos e sobre essa ideia de finitude, essa comparação da vida como um jogo, no qual você faz escolhas o tempo todo, lida com as consequências dessas ações, mas diferente dos jogos, você não pode dar um save e voltar quando as coisas não saem como você queria. Mas isso não te impede de voltar atrás nas suas ações, tentar de novo, fazer as coisas de outras maneiras, e isso torna tudo ainda mais valioso.