Aline.Guimaraes 19/04/2023Belo e tristeVocê já ouviu o Samba da benção, do Vinícius de Moraes, onde ele diz que ?pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza?? Só me lembrei desta música ao ler o livro de estreia do autor carioca ??????? ?????, pois é um livro lindíssimo, mas cheio de tristeza.
Aqui temos um quebra-cabeças: o jovem G. sofre pela ausência da mãe. Um dia seu pai lhe entrega uma série de coisas que eram dela ? entre elas uma caixa, que ele descobre conter cartas, fotos e até um diário. Neste diário ele ?ouve? sua própria voz, pois a mãe costumava registrar o desenvolvimento do filho quando bebê como se ele próprio falasse: ? hoje dei meus primeiros passinhos?, ?estou muito esperto?...
Logo de início já me emocionei, pois tenho uma filha pequena e sei como as mães falam como se fossem seus filhos, como tentam interpretar seus desejos e emoções. Achei lindo, muito verdadeiro, pois a conexão mãe e filho na infância é algo extraordinário, transcendental. Em que momento essa ligação se torna frágil? Quando eles passam a não se entender mais?
G. percebe que não sabe muito sobre a mãe - e talvez nem sobre si mesmo - e decide então mergulhar em uma busca pela história da mãe por meio das cartas que eram dela e por uma incursão à casa de seus avós, que costumava frequentar quando criança, mas que agora já não tem moradores. Será que ele vai achar uma resposta para o que procura?
Bem, melhor já deixar um aviso: o livro não é conclusivo, assim como a própria vida não o é. O que encontramos nessa obra são vislumbres da vida desta família, com recortes do seu dia a dia e de sua história. Só temos impressões do que poderia ter acontecido ali e por isso mesmo a obra é tão bonita e poética, pois é um retrato do que pode ser a vida de qualquer ser humano. É um belo romance de estreia que mexeu com meus sentimentos.