Louças de família

Louças de família Eliane Marques




Resenhas - Louças de família


14 encontrados | exibindo 1 a 14


jujungs 09/05/2024

Vale muito a pena ler
Eu adorei a forma que esse livro é escrito, diferente do que eu estava acostumada, as referências que Eliane Marques traz são muito ricas culturalmente (psicanálise, cultura gaúcha, cultura africana, cultura indígena, cultura grega e músicas brasileiras). Além disso, quero parabenizar Eliane por falar de um tema tão necessário com tanta maestria: a escravidão no Brasil, mais precisamente no RS. Além de temas interseccionais como raça/etnia e gênero. Fazendo com que os/as leitores/as brancos conheçam seu privilégio e reconheçam as lutas e o lugar que as pessoas negras ocupam na nossa sociedade, ainda em consequência da escravidão no Brasil. Confesso que me perdi um pouco nos/as personagens, mas uma certeza: todas as Mulheres negras do livro são Mulheres muito fortes.
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Joshua Amaral 06/05/2024

Quase desisti!
Demorou para que eu engrenasse na leitura. As vezes me senti confuso, mas a premissa do livro é interessante.
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Virginia.Laurindo 22/01/2024

Uma obra sensacional que apresenta a vida de uma família que sofreu com a escravidão.
O enredo tem seu início na morte de uma tia da narradora. A partir disso, conhecemos toda a história da família.
Os relatos da narradora nos mostram como os acontecimentos da infância influenciam nas nossas dores na vida adulta.
Essa é uma história muito completa, detalhada e profunda, vencedora da categoria "Melhor livro do ano 2023" pela Revista Bravo! Prêmio merecido.
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Lurdes 24/12/2023

Louças de Família foi minha primeira leitura de Novembro, Mês da Consciência Negra, e não poderia ter feito melhor escolha.
Eu até furei a fila das minhas resenhas (que atrasei um pouquinho), porque preciso falar sobre ele, pois assim como Eliane preciso desabafar minha raiva.

Uma raiva com a qual só posso me solidarizar e tentar reverberar, de alguma forma.

@elianemarques.escritora , minha conterrânea gaúcha, traz, através das estórias de várias gerações de mulheres negras de sua família, o quanto de desrespeito, apagamento e violência estas mulheres foram (e, infelizmente, ainda são) submetidas.

A morte de Tia Eluma, desperta em Cuandu, protagonista e narradora, uma torrente de lembranças que ela compartilha conosco e com sua analista, que tenta ajudá-la a processar e lidar com sua revolta e dor.

Tia Eluma era empregada/servia a uma família tradicional da cidade com Ana no nome.
Uma de suas inúmeras tarefas era limpar e zelar pela integridade das louças da família, verdadeiro tesouro a ser preservado.
Tia Eluma era considerada parte dos bens da familia, como as louças, e passava de geração em geração.
Não. Na verdade ela não tinha tanto valor quanto aquelas peças de fina porcelana, que formavam jogos perfeitos.
Ela poderia ser substituida facilmente por outra negra, mas um prato quebrado ou lascado de um jogo exclusivo, era insubstituível.

A escrita da autora é dura, ágil, urgente e poética. Ela mistura português, espanhol, iorubá e uma forma de junção das palavras que dá origem a novas palavras com significados muito particulares.
A autora ainda traz muitas referências da música e literatura, de Toni Morrison a Sandra de Sá, passando por Lizzo e música gaúcha.

Não só a opressão dos brancos classemedia em relação aos negros, mas dos homens negros em relação às mulheres, incluindo o "expaimeu", que tanto mal fez à Cuandu.
Livro dolorido, necessário, que recomendo fortemente.
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jegrandini 23/12/2023

Louças de família
Um livro que, pra mim, foi desafiador, não por ser longo ou difícil (em termos de narrativa não é) mas traz muitas e muitas referências que não tinha conhecimento, e na mania de sempre querer entender tudo, foi difícil me desapegar disso e apenas aproveitar a leitura.

Mas consegui! E que leitura, muitas histórias, muitas vidas, muitas referências e reflexões.

A forma como o livro te inclui na leitura deixa tudo mais acolhedor!

Aprendi várias palavras bonitas e inteligentes.

Que tamanha inteligência dessa autora maravilhosa de conseguir colocar tantos pensamentos num só livro! Feliz por ter concluído a leitura, feliz por ter tido essa experiência que me tirou da zona de conforto, e feliz por aprender mais um pouco sobre tudo!

Recomendo!
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Talita | @gosteilogoindico 07/11/2023

Minhas impressões de leitura
Acompanhar esta história me trouxe incômodo, angústia e pausas para respirar. Tive uma certa dificuldade de acompanhar da metade para o fim, e posso dizer que tenha sido pela complexidade do tema e das dores apresentadas pela autora.
O livro é extremamente necessário! A autora desenvolveu uma história e tanto.
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Bruna.Bandeira 17/10/2023

Linguagem poética
Amei a poesia do texto a forma da escrita, a audácia gramatical, mas senti falta de enredo, de um fio a conduzir tudo e me dar vontade de pegar o livro para a próxima sessão de leitura
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Guynaciria 09/09/2023

Louças de família/ Eliane Marques/ @autenticacontemporanea

"Louças de família" é um romance que se passa na fronteira entre Brasil e Uruguai, explorando questões de raça, classe e ancestralidade através da história da empregada doméstica tia Eluma e da narradora. A linguagem do livro combina diferentes idiomas, como português, espanhol e iorubá.

O romance de Eliane Marques, aborda questões crítico-sociais e raciais, explorando o tema do racismo, da ancestralidade e das feridas da escravidão.

A narrativa destaca a subalternização dos negros que lavam as louças de família portuguesas em um casarão colonial, e a morte da tia Eluma representa uma linha cronológica familiar marcada pelo trabalho árduo.

A autora questiona como as práticas anti-racistas se refletem nas escolhas de vocabulário e nos lugares frequentados por cada indivíduo.

A narradora, Cuandu, é corajosa e transparente em sua simplicidade, representando a ancestralidade. O livro nos convida a refletir sobre quem assume o papel de cozinhar para todos nesta casa.

A riqueza da narrativa e mesclada com a oralidade da cultura popular, trazendo a simplicidade das palavras e encantando o leitor com a candura e modéstia da narradora, Cuandu. O livro convida a explorar histórias reais de um mundo dividido, onde ainda se preservam as louças de família, mas pouco se fala sobre quem cuida delas.

#loucasdefamilia #elianemarques #autenticacontemporanea #mulhernegra #memorias #leitura2023
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Marianne Freire 08/07/2023

O casarão colonial mid-century, a ancestralidade e a escravidão no novo livro de Eliane Marques

?Louças de Família?, o romance de função crítico-social e racial de Eliane Marques traz uma narrativa de peso à literatura contemporânea de quem escreve sobre racismo, ancestralidade e as feridas da escravidão. São negros subalternizados que lavam estas ?louças de família? portuguesas e polidas no casarão colonial.

A morte da tia Eluma representa uma linha cronológica familiar e ancestral marcada pelo labor de lavar a roupa sujas de suas sinhás e senhores nos séculos XVIII e XIX.

Quem lava a roupa da sua casa diz muito sobre você e sua prática anti-racista. O seu vocabulário, os lugares que frequenta, te dizem se você é anti-racista ou carrega o elitismo e segregação racial do casarão colonial que reverberam até hoje. Nossa elite pratica injúria racial, paga fiança e com um bom advogado, saem da prisão.

Cuandu é a narradora de linguagem de gente simples, aquela que molha o biscoito no café, que lava uma rede, que faz uma faxina, mulher-narradora corajosa, transparente em simplicidade:
nada cerimoniosa, toda cristalina e bela pela sua coragem ancestral.

Sem proselitismos. A morte da tia Eluma, aquela que fazia ?a azáfama doméstica sob o mando delicado das louças? mexe com sua mente, memória, corpo e emoções.

Ler Eliane Marques é revisitar memórias como fogão a lenha. Mas quem cozinha para todos desta casa?

Eliane também traz referências da cultura afro-brasileira, que no séc XXI chamamos de diáspora religiosa dos escravos em meio ao catolicismo/igreja/padre dos brancos. Evocar os orixás em orações era a forma que os escravos encontravam de serem abençoados e protegidos.

A riqueza da narrativa com a oralidade da cultura popular, os saberes e fazeres populares, Eliane faz um movimento de simplicidade com as palavras onde a narradora nos encanta pela sua candura, modéstia, parcimônia e qualidade literária de impressões e descrições.

Cuandu nos encanta arrumada a contar histórias. O cuidado das ?belas peças que eram coleção real de altíssima qualidade feita em porcelana de pasta dura confeccionada no país do imperador? que hoje ainda cultivamos: porcelanas de família. louças de família. Te convido junto a Cuandu explorar histórias reais de um mundo dividido até hoje da mesma forma. Ainda guardamos louças de família. Mas pouco se fala de quem cuida, preserva e as deixam polidas para a cristaleira.
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Ingrid752 27/06/2023

Heranças
* Louças: Objetos feitos em cerâmica, barro ou porcelana para servir refeições; utensílios. Utensílios domésticos usados na cozinha.
* Família: Grupo de pessoas que partilha ou que já partilhou a mesma casa, normalmente estas pessoas possuem relações entre si de parentesco, de ancestralidade ou de afetividade. Que compartilham os mesmos antepassados; estirpe, linhagem, geração. Indivíduos ligados por hábitos, costumes, comportamentos ou interesses.
Em seu primeiro romance Eliane narra histórias ancestrais de sua família - e tantas outras ? que se perpetuaram e reverberaram através de gerações.
O próprio título traz consigo a ambiguidade de sentidos, e interpretações: é uma metonímia (figura de retórica que consiste no uso de uma palavra fora do seu contexto semântico normal.) quando faz alusão ao fato das ?louças? serem ?objetos? que mesmo lascados, rachados, quebrados, continuam desempenhando sua ?função?. E uma metáfora (designação de um objeto ou qualidade mediante uma palavra que designa outro objeto ou qualidade que tem com o primeiro uma relação de semelhança), insinuando que essas mulheres ? filhas, mães, esposas, irmãs ? são consideradas objetos, que são transferidos e herdados de geração em geração, desde a escravização até os dias atuais.


Através de várias línguas e linguagens (português, espanhol, ibo, iorubá, pretoguês) Eliane, por meio de Cuandu conta a história dessa família, e principalmente dessas mulheres que sobreviveram ao ingênuo ?fim? do período escravocrata, às famílias das quais elas eram cativas, e depois ?quase da família?, e aos seus ? maridos, filhos, irmãos, pais, avôs - com admiração, carinho e respeito, mas sem romantizar o sofrimento, chegando até o tempo atual, onde a própria narradora tenta ?quebrar? esse ciclo odioso de exploração, dor e sofrimento.
Louças de família é sem dúvida uma história sobre escravização, racismo, dor, sofrimento, superação, amor, vida.
É um livro diferente de tudo que li nos últimos tempos, cru, dolorido, visceral.
Como a própria Eliane falou em nosso encontro no clube: Tudo que eu escrevi está perdido. E repetindo o que eu respondi: Que bom que encontramos!

Instagram: @ameninaquelelivross
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Matheus656 18/06/2023

A partir da vida - e da morte - de tia eluma, a narradora da história explora as múltiplas camadas do racismo, desenrolando um fio que se estende até a sua primeira ancestral materna conhecida, passando por outros indivíduos da família que, para chegarem até o presente, tiveram que limpar seus pés nas pedras dos arroios enquanto, literalmente, lavavam a roupa suja dos brancos. desse modo, ?louças de família? mostra, antes de mais nada, como o racismo permeia as histórias individuais e coletivas, deixando suas marcas em cada geração e influenciando a trajetória de vida de cada membro dessa família.

um texto que, além de sensível, é forte e extremamente intrínseco.

narrado como um fluxo verbal psicanalítico e com uma linguagem própria, ?louças de família? é uma narrativa intensa e poderosa que nos leva a uma reflexão profunda sobre as complexidades da família e de sociedade.

ao longo da narrativa, a autora explora as tensões que surgem quando as tradições familiares e religiosas se chocam com as mudanças sociais e culturais, oferecendo uma reflexão profunda e complexa sobre a natureza da identidade e de pertencimento. ademais, a obra evoca uma sensação de silêncio que não é de paz, mas sim de opressão, que nos imerge na experiência dos personagens, tornando a leitura uma experiência visceral e emocionalmente impactante.

a história contada aqui só potencializa o modo como a autora explora as nuances do racismo, do ciclo de violência geracional, e de como tudo isso culmina nas consequências mais dolorosas possíveis. além disso, toda a ambientação do texto é muito bem feita e as personagens são profundas, extremamente bem desenvolvidas (sendo, na minha opinião, o ponto forte da narrativa, principalmente a forma em que as suas respectivas histórias são narradas).

um livro que me tirou da minha zona de conforto e que me aproximou muito da história narrada. sem dúvidas é o tipo de texto que irá reverberar por muito tempo em mim. com maestria a autora nos faz refletir acerca de questões raciais, sociais e morais.

uma obra tocante, e certamente haverá de ser lida e relida inúmeras vezes.
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Egberto Vital 17/06/2023

"Louças de Família" de Eliane Marques mergulha nas profundezas da herança, da morte e da complexa teia de relações entrelaçadas com as louças que tanto simbolizam a história.

A autora habilmente tece uma narrativa que se estende desde as origens familiares até o presente, onde as "louças de família" refletem não apenas a distinta porcelana, mas também os ecos da escravidão, discriminação racial e o desafio contínuo do elitismo. O ódio, a raiva e a inconformadide com o passado escravista e o presente análogo a esse passado marcam o discurso da narradora, que não se priva de expôr sua revolta.

A consciência de pertencimento está marcada de forma primorosa nos jogos semântico-discursivos que a autora faz ao usar expressões amalgamadas como "minhancestra", "minhatia" ou "minhavó", a fusão do possessivo com o substantivo marca na letra a força da ancestralidade e a necessidade de reforçar esse pertencimento às raízes, sobretudo femininas. O que também fica demarcado nas amalgamas criadas com a fusão se palavras do espanhol, português e iorubá, a língua surge como elemento de marca de resistência.

A morte de tia Eluma serve como um marcador de tempo, traçando a linha ancestral que remonta ao labor das pessoas subalternizadas, cuja trajetória se entrelaça com a história manchada de sangue e opressão. Marques nos conduz através das línguas e culturas misturadas da narrativa, apresentando uma linguagem que ressoa como uma fusão de elementos e experiências variadas.

A protagonista, Cuandu, emerge como uma narradora corajosa e autêntica, cujas palavras são moldadas pela simplicidade e autenticidade. Sua jornada pelo passado revela a complexidade das relações raciais e sociais, onde a simbologia das "louças de família" é desvelada como um espelho de privilégio, preconceito e poder.

Ao evocar elementos da cultura afro-brasileira e do culto dos escravizados, Marques acrescenta uma camada adicional de profundidade à narrativa, explorando a resistência e a busca por proteção em meio à opressão. A habilidade da autora em retratar as emoções, memórias e impressões da protagonista, juntamente com sua maestria na articulação de descrições, enriquece a experiência de leitura.

No contexto contemporâneo, "Louças de Família" não é apenas uma história do passado, mas também uma reflexão sobre os vestígios persistentes de uma sociedade dividida. A obra convida o leitor a questionar quem realmente é responsável por manter as "louças de família" polidas e intactas, e a desafiar os padrões de racismo, elitismo e neoescravismo estruturais.

Em suma, "Louças de Família" é um convite literário envolvente para explorar as complexidades da história familiar, da herança cultural e da luta contínua por justiça e igualdade. Eliane Marques demonstra sua potência ao mesclar a oralidade da cultura popular com uma narrativa límpida e comovente que ecoa por muito tempo após a última página.
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Helder 15/06/2023

Precisamos conversar sobre este livro
Infelizmente nosso país está cada vez mais polarizado, mas foi a primeira vez que me senti lendo um discurso de ódio.
Peço que leia esta resenha até o fim.
Estamos acostumados a textões exalando ódio nas redes sociais. Twitter só comporta 140 caracteres. No facebook cabia mais. Mas aqui temos 280 páginas de ódio, onde eu me senti diversas vezes sendo metralhado.
Preciso dizer que encontrei centenas de características ruins neste livro, mas acho que exatamente por isso ele é um livro tão bom. Impossível sair ileso desta leitura. E que vontade de ler este livro numa LC e sentar com amigos em um boteco para discutir tudo o que está escrito aqui.
E que difícil é fazer uma resenha deste livro, pois aqui é o exemplo de “este não é meu lugar de fala” elevado a enésima potência. Ou será que não? Pois se existe um oprimido, existe um opressor. E onde existe um acusador, existe um acusado. E o leitor vai se colocar em algum destes lados.
Eu me senti num paredão lendo este livro. E o pior, me senti o alvo. Sou branco e classe média. E já tive uma empregada negra.
Por estas três características, sei que Cuandu, a narradora me odeia. Ou será que é Eliane, a autora, que é seria porque seu pai dizia “que pessoas negras deveriam ser sérias sem intervalos, porque o expaimeu estava sempre com a cara emburrada em casa. Não gostava que ríssemos para não parecermos vagabundas”.
De acordo com Cuandu não há redenção para os patrões. Se algo de bom é feito por um patrão é para ele fingir que é uma boa pessoa, pois na real, todo patrão está pouco se lixando a seu “serviçal”. Parece maniqueísta? E é. Mas isso não é demérito. Existem casos tão escabrosos citados na história desta família que é difícil não pensar em Bons e Maus.
Essa é a experiencia de vida que a narradora Cuandu nos conta em Louças de Familia, começando com uma vaquinha que precisa fazer para ajudar no enterro de sua tia, negra, mãe, evangélica e empregada doméstica a vida toda para uma família rica que acaba de morrer e não tem nenhuma poupança de vida para pagar seu funeral.
A partir da morte desta tia, Cuandu vai montando uma complexa arvore genealógica de sua família que vai voltando ao passado tanto do lado materno quanto paterno, chegando até em uma trisavó.
Um desenho da arvore genealógica na edição ajudaria um pouco na compreensão do livro, pois confesso que me perdi no meio de tantas tias e alguns tios, mas no fim o importante a saber é que todos, sem exceção, sempre foram tratados como seres inferiores por famílias brancas. SEM EXCEÇÃO!
E tenho que dizer que machuca ouvir/ ler isso.
Passei o livro inteiro refletindo sobre minha vida e tentando perceber se fui racista e até colonizador mesmo sem querer, pois de acordo com a Cuandu não existe exceção. Brancos patrões são opressores. Negros empregados são oprimidos.
E a princípio não estamos falando de escravos.
Como eu disse, este livro são 280 páginas de destilação de ódio contra o branco patrão e colonizador. E dói saber que muita coisa ali infelizmente é verdade e a gente nem percebe que estamos fazendo no dia a dia, mas muitos pontos me passam uma imagem de uma pessoa extremamente magoada e triste, o que me fez ficar em dúvida se esta é uma leitura boa e necessária ou uma leitura perigosa e panfletaria.
Outro ponto a se salientar nesta leitura é a linguagem utilizada no texto. A autora nasceu em cresceu na fronteira entre Brasil e Uruguai e é uma estudiosa sobre Amefricanidade (Procure no google), então o livro tem uma linguagem toda experimental, que mistura português, espanhol e iorubá, sem pontuações, as vezes sem letras maiúsculas, com a junção de palavras que formam palavras novas (expaimeu, minhanalista, minhancestras) ou metáforas ou símbolos para falar de coisas que podiam ser muito mais simples (Até agora me pergunto qual é o “continente da mulher que amou (ou foi estuprada por) um boi de cara branca). Isso dificulta a leitura? As vezes sim! Mas curti mais este desafio.
No fim, pensando mais no livro para escrever esta resenha tenho que dar os parabéns a autora por sua coragem em apontar e enfiar o dedo nas feridas coloniais que carregamos neste país. Gostaria que ela pudesse aceitar o meu perdão e que fosse possível colocar um ponto final e começar uma nova história com menos diferença entre protagonistas e coadjuvantes, mas ao ler este livro me surge a dúvida se existe o real interesse deste diálogo por todos os lados.
E você, o que sentiu lendo este livro?




Nice 11/10/2023minha estante
Parabéns por essa resenha. Clara , justa e reflexiva.


Helder 11/10/2023minha estante
Nice, segue minha curiosidade: o que você sentiu lendo este livro?


Nice 13/10/2023minha estante
Na verdade ainda não li, estava justamente pesquisando sobre ele quando li sua resenha. Fiquei com ainda mais vontade de ler.


Anna 20/01/2024minha estante
Infelizmente a escrita - a forma de concepção do livro - me afastou da leitura. Não gostei, achei que ficou cansativo, confuso?.


Eva Luna 07/03/2024minha estante
A autora destila ódio o tempo todo, provavelmente ela está certa. Ainda não terminei de ler, Moro em Salvador, e aqui o colonialismo ainda está presente, principalmente por uma classe média que se acha rica.


Liliam 18/03/2024minha estante
O que é a fragilidade branca né ???




thagfs 15/06/2023

Envolvente, tocante e necessário
Confesso que a escrita de Eliane Marques me deixou em confusão em alguns momentos, mas isso só mostra a sua particularidade textual - e a sua maestria em escrever. Tive muitos encontros com essa leitura, desde memórias do passado a memórias do tempo presente. Talvez seja por reconhecer-me enquanto mulher negra e ter, na minha história de vida, algumas das mesmas trajetórias das mulheres nesta obra. A vida de violências e negação de direitos, de silenciamentos e de subalternidade é presente na história dessas mulheres que compõem a narrativa de "Louças e família". Sem esforço, todos podemos ver na escrita um pouco da história e trajetória da mulher negra no Brasil, e com força de vontade, conseguir observar os atravessamentos do racismo e das violências de gênero.
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