duda :) 30/07/2023
Se a música Dress, da Taylor Swift, fosse uma história, o nome dela seria WITH YOU.
É com essa simples frase, e fazendo apologia a uma das maiores do Reputation, que inicio minha resenha.
Durante o ano, li um total de 22 livros, além de alguns outros abandonados, dos quais 7 passaram pela minha mão somente na última semana. Eu não senti a mínima vontade nem me esforcei para escrever algo dos outros durante esses dias, de forma negativa ou positiva... Mas com esse aqui, vai ser diferente por um motivo especial: dos dois livros que dei a pontuação máxima em 2023, esse é o único nacional!
Tenho aproveitado a assinatura Kindle Unlimited para procurar obras brasileiras independentes, como forma de apoio à nossa literatura e um escape para minha mente ansiosa. Eu gosto do tipo de enredo que funciona até para quem está com o último neurônio respirando com a ajuda de aparelhos, sem precisar se esforças, mas gosto quando, além de funcional, é bom. Do tipo que te prende, que te faz surtar, imaginar e sentir cada linha e situação descrita.
Acompanhar esse quinteto foi uma experiência digna daquela série que você não quer que acabe (mesmo que eu tenha me frustrado, sim, ao saber que não é único). As 542 páginas não me pareceram suficientes, e quanto mais eu via a porcentagem se aproximando do fim, mais desesperador era para quem não queria se despedir de Cloud, Ashton, Charles, Benjamin e Hazel. Essas criaturinhas me envolveram dentro de seus próprios dramas e consegui visualizar todas as cenas, até mesmo as mais bobas e corriqueiras, porque estava imersa na história.
Como nem tudo são flores, afinal, também preciso levantar um ponto de incômodo a quem, talvez, vá ler: o fato dos protagonistas não assumirem os próprios sentimentos ao longo de uma amizade forte e muito íntima, durante quinze anos, faz com que a sensação de dependência emocional e obsessão entre eles seja muito intensa para o leitor. No entanto, no fundo, eu não acredito que essa tenha sido a perspectiva trazida pela autora, apesar de ser uma interpretação possível para algumas atitudes, e acho justificável ter emoções tão à flor da pele com alguém que está na sua convivência diária por tanto tempo, que você ama e admira, que você escolheu ter como família para muito além de um laço de sangue. É como quando afastamos ou estressamos um casal de bichinhos, sabe? Ainda que o ser humano seja racional, nossas atitudes, na forma mais crua de qualquer sentimento, são irracionalizáveis (se é que essa palavra existe).
Eu surtei a cada vez em que o Ash colapsava com seu sobrenome dito por ela, a cada vez em que acariciava ela como se fosse quebrar, a cada vez que defendia ela ou demonstrava ciúmes. Surtei quando deixou suas "peguetes" de lado, porque ninguém mais importava, se não fosse a Cloud. Surtei quando o mundo dele parava sempre que a via de batom vermelho (em especial, quando a viu toda de vermelho). Me esgoelei com o acordo no final, com a intimidade ganhando um toque sexual, ainda que envolvesse insegurança e um desejo alimentado por quase duas décadas, de ambas as partes.
Achei a indicação desse livro no TikTok e fui totalmente sem expectativas, porque sabemos como algumas coisas tiradas de contexto naquele aplicativo podem nos fazer ler cada coisa duvidosa... Além do mais, friends to lovers não é uma trope que geralmente me agrada. Mas não me arrependo, em momento algum, de passar 8 horas em um domingo lendo sobre esses cinco amigos e, principalmente, sobre Cash! Recomendo totalmente a leitura, de forma leve e sem mil pedras na mão para cada decisão ou reação dos personagens. Pessoas não são perfeitas na vida real e não foram aqui, esse é exatamente o que gosto de ter na minha estante.
"A garota por quem sou apaixonado me beijou e eu estraguei tudo".