isa! 26/01/2024
Spoiler: de feliz apenas o nome.
A ideia de ter um lugar feliz é algo que venho pensando bastante desde que li esse livro. Para mim, acredito que seja a casa da vovó ou qualquer lugar que ela esteja. Ou, talvez minha casa de praia. Até mesmo uma pastelaria perto de casa, onde costumo encontrar meus amigos. Esses lugares são felizes, porque estão rodeados de pessoas queridas e lembranças bonitas. E, puxa, como devemos nos agarrar a essas lembranças, para que nos mostrem como somos dignos de felicidade. Mas, às vezes, a busca excessiva em manter as sensações do passado nos torna cegos o bastante para enfrentar o presente. Não reconhecemos mais quem somos, porque estamos obcecados pela nostalgia. Dizemos que definitivamente fomos mais felizes em um período passado do que somos hoje em dia, mesmo que tenhamos sido terrivelmente deprimidos. Lembranças são boas, mas a nostalgia em excesso nos torna cegos. Portanto, preciso dizer que esse livro mexeu comigo, de um jeito que não esperava, porque a história aborda o peso de se manter amizades enquanto se cresce e vão perdendo o contato e, principalmente, como é difícil perceber que a pessoa que você considera sua casa, talvez não sinta o mesmo.
Harriet e Wyn são o casal dos sonhos desde a faculdade. Quando as noites terminavam em risadas e piadas bobas na sala do apartamento dividido por eles e seus amigos. Não havia segredos, nem perto disso. A convivência era divertida, e, puxa, era amável também. Para Harriet, as meninas eram como o seu colchão macio depois de um dia cansativo. Elas eram sua família, até mais do que isso. Imediatamente, lembrei das minhas meninas também. De alguma forma, esse livro me fez chorar por medo da possível perda de contato futuramente, aquela parte quando as nossas vidas vão tomar outros caminhos. No verão, Harriet e seus amigos frequentam a casa de praia de Sabrina, onde passam os melhores dias de suas vidas, repletos de aventuras. Saídas para o cinema, jantares em restaurantes divertidos, idas à livraria. Mas, enquanto crescem, algumas coisas já não fazem mais sentido, porém, mesmo assim, eles permanecem fazendo, porque reviver o passado é uma garantia de lembrar que eles ainda estão juntos. A sensação da nostalgia, de se agarrar aos velhos tempos é o bastante para serem felizes. Pelo menos, é o que acham.
Esse livro é dividido entre presente e passado, ou melhor, lugar feliz e vida real. Nos capítulos “lugar feliz”, acompanhamos o começo da história de Harriet e Wyn, juntamente com a amizade de seus amigos. Eles curtindo as férias de verão, apenas com a preocupação da pele ficar bronzeada o suficiente. Certamente, o romance de Harriet e Wyn é bonito de acompanhar, eles são divertidos e interessantes. Quando novo, Wyn diz que é o tipo de cara que as pessoas se interessam apenas antes de conhecer. Na verdade, acho que penso muito pouco sobre isso, porque sempre dizemos que gostamos mais das pessoas quando as conhecemos verdadeiramente. Já nos capítulos “vida real”, acompanhamos o término de Harriet e Wyn depois de anos juntos, por razões das quais eles não conversam. Mas, neste momento, eles ainda precisam enfrentar um verão juntos ao lado de seus amigos, que não sabem sobre o término. Não preciso nem dizer como as coisas se tornam caóticas, não é?
Diante dessa situação, Harriet e Wyn decidem fingir que ainda estão juntos - e felizes - para não atrapalharem o último verão da rapaziada, porque a casa de praia de Sabrina será vendida por seu pai. E as lembranças felizes estão sendo ameaçadas. Além disso, Sabrina e Parth vão se casar durante esses dias de sol com os amigos. Honestamente, o presente do livro me surpreendeu demais. Harriet e Wyn ainda possuem questões a serem resolvidas, mas é nítido que existe amor entre eles, a conexão que eles exercem mesmo de longe. E, caramba! É muito engraçado ler as cenas que eles ficam se provocando na frente dos amigos, que - relembrando - não sabem de nada disso. No presente, acontece justamente aquilo que havia dito sobre a busca incurável pela nostalgia. Para isso, Sabrina faz um longo planejamento sobre o que eles vão fazer durante a semana, contendo atividades que eles fazem todos os anos para finalizar esse verão com chave de ouro.
Mas, de um certo modo, Sabrina está um pouco fissurada demais para fazer com que aquilo realmente aconteça. E, puxa! Na minha opinião, Sabrina é a melhor personagem do livro. E, possivelmente, a melhor que Emilly Henry já escreveu. Ela é o tipo de gente que escuta o que você disse, mesmo que tenha dito durante uns três segundos, e guarda no coração a informação. Ela realmente enxerga as pessoas. E, mais do que isso, Sabrina luta por quem ama, ela demonstra interesse em conversar com as pessoas e de se encontrar para um dia bobo. Durante todo o livro, Sabrina fez isso com seus amigos, com receio de que eles fossem embora para sempre e que todo o ciclo que viveram fosse esquecido pelo tempo. Porém, em um determinado momento, Cleo e o restante percebem que a nostalgia estava os mantendo no passado para sempre, porque eles não tinham tempo para novas coisas. Por essa razão, acho que chorei por uma vida inteira, pois, assim como Sabrina, também sou obcecada pelo sentimento nostálgico. E, às vezes tenho medo de me perder no presente, porque meu coração ainda está preso no passado.
Ao decorrer do enredo, as coisas mal resolvidas entre Harriet e Wyn começam a transparecer mais do que eles percebem. Certamente, assim como todo mundo que leu o livro, também fiquei à espera de entender o que havia acontecido nessa relação. E, poxa! Eu me surpreendi de verdade. Não é um plot mirabolante e nem nada do tipo, não esperem por isso. No presente, Harriet cursa a sua residência médica em San Francisco e mora com seu noivo, Wyn. Quer dizer, eles moravam juntos até ele precisar voltar para sua cidade natal para cuidar de sua mãe, após a morte de seu pai. Mas, antes disso, as coisas já estavam ficando diferentes. Por conta da residência, eles se mudaram para longe de seus amigos e parentes. E, constantemente, Harriet se sentia culpada por ter feito isso com Wyn. Caramba, essa passagem é realmente muito triste. Numa cena, no telefone de sua cidade natal, ele fala que logo estará em casa novamente e, nessa hora, Harriet pensa: Você já está em casa, querido. AAAAAAA. De repente, não consigo me lembrar de uma coisa mais triste do que essa. Em um piscar de olhos, a sua pessoa de conforto não se sente mais confortável com você. Bem, há muito mais coisas envolvidas nessa relação, o que escrevi é apenas a ponta do iceberg. Mas é algo que me pegou de jeito, não esperava ficar tão triste.
As páginas finais do livro são dolorosas! Quando os amigos começam a brigar, algumas reações são diferentes. Harriet e Sabrina odeiam brigas, porque não sabem como as brigas devem terminar quando a gente ama a pessoa com quem está brigando. Ah! Isso é algo curioso também. Não gosto de brigas justamente por essa razão, mas, com esse livro, descobri que brigar com quem amamos é algo inevitável, o que importa é a forma como brigamos. Devemos nos importar mais com a outra pessoa do que com estar certo. Ah, Parth! Você tem razão. Perdoem a cronologia dessa resenha, mas preciso comentar em como a cena deles chapados é verdadeiramente perfeita! E, caramba, sim. Também acho que o tempo está passando rápido demais.
Essa leitura é triste, mas também é reconfortante. Se eu gosto do final? Não sei. Harriet estava, sim, infeliz com seu trabalho. Para algumas pessoas, isso pode ter sido algo estranho demais. Eu também acho! Não faria nada perto disso, talvez porque eu seja um pouco obcecada demais com a minha carreira. Mas, se Harriet encerrou aquela parte de sua vida, ela também iniciou outra. E, às vezes, esquecemos o que realmente nos faz feliz. Não se esqueçam do que a mamãe Taylor disse: “Tudo que se perde, é um passo que se dá.”