Tim 16/06/2023
Um Deus, que não é de todos. Negro.
No momento, atravesso uma fase repleta de incertezas e frustrações, com a sensação de que sou incapaz diante das múltiplas circunstâncias que se apresentam. Ao mergulhar nas páginas deste livro, fui transportado para um passado distante, quando frequentei a igreja por aproximadamente uma década, e me dei conta de como minha vida poderia ter sido diferente se eu tivesse compreendido que Jesus também enfrentou as mesmas situações que vivo atualmente. Entretanto, na igreja, essas ideias eram abordadas de maneira preconceituosa, levando-me a sentir revolta por ter nascido na pobreza e ser favelado.
Percebo que, em minha experiência pessoal com a fé, faltou o entendimento político, espiritual e social necessário para que eu me compreendesse melhor. Lembro-me de buscar refúgio na fé e nas orações quando percebia que a suposta prosperidade pregada não se tornava realidade. Jesus vai além de uma visão estreita e excludente.
O livro "O Jesus negro" representa para mim um diálogo entre a fé e a realidade social que abarca a negritude, a pobreza e a marginalização no contexto brasileiro. Ele revela como os cristãos se encontram distantes de compreender a dor que Jesus experimentou na cruz e ao longo de sua vida terrena. É uma crítica direta àqueles que disseminam o ódio, indo contra os ensinamentos de amor e justiça que Jesus transmitiu. Além disso, expõe como a verdade é deturpada pelos líderes religiosos poderosos, evidenciando as falhas e a falsidade da conduta cristã.
Ao mesmo tempo, esse livro despertou em mim uma nostalgia que nem sequer sabia que existia, uma saudade de uma fé que não me condena e que compreende as marcas do racismo e de um mundo cruel que tenta me apagar, fingindo-se preocupado