Saia da frente do meu sol

Saia da frente do meu sol Felipe Charbel




Resenhas - Saia da frente do meu sol


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Letícia 19/07/2024

Falando dele, é de mim que falo
?Acho que na minha família existem dois tipos de pessoas: as que se encolhem num canto e tentam passar despercebidas pela vida e as que dão no pé no primeiro barulho. Preciso saber em qual dessas duas categorias eu me encaixo.?

Comecei a ouvir o audiobook sabendo muito pouco sobre a estória e acabei encontrando um misto de dois dos meus gêneros literários preferidos: autoficção e crônica familiar. Nesta autobiografia disfarçada de ?biografia especulativa?, Felipe Charbel questiona a possibilidade real de se reconstruir uma vida. E, mesmo partindo de um material tão parco, o autor consegue construir uma narrativa completamente envolvente e dar voz ao seu tio Ricardo.

Além de tentar entender a si mesmo e ao tio dentro da trama familiar, Charbel narra episódios marcantes da história recente do país, como a pandemia e o governo Bolsonaro. De bônus, o livro tem como cenário o Rio de Janeiro e menciona vários locais da cidade.

É um livro maravilhosamente bem escrito, difícil de largar, e que mexeu muito comigo. Mal vejo a hora de ler mais coisas do autor.
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José Carlos 14/07/2024

Só faltou a história do tio!
Este não li, ouvi pela Audible durante uma viagem! Com uma premissa de contar a história de uma pessoa que, aparentemente, tinha uma história super interessante, se perdeu focando em como foi o processo de escrita e somente comentando fotos e especulando como teria vivido seu tio! Transformou Ricardo em um personagem chato, que nunca fez nada da vida a não ser vadiar, e acabou a vida de forma amarga! Se alguém perguntasse minha opinião, não indicaria a leitura!
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Vanessa.Benko 03/07/2024

Não era filósofo, mas havia alguma filosofia na forma como escolheu levar a vida
Quando iniciei a leitura deste livro, as promessas de uma trama cheia de mistérios despertaram minha curiosidade. No entanto, ao longo das páginas, a expectativa foi gradualmente substituída por uma sensação de frustração e desapontamento. O livro apresenta a história de um homem que, ao encontrar uma caixa de sapatos com documentos e fotos de seu tio-avô, tenta desvendar o enigma que envolvia sua vida. Esse tio, descrito como "esquisitão", foi um personagem intrigante: um homem calado, com um passado envolto em boêmia e reclusão, alguém cuja vida parecia estar escondida atrás de uma cortina de segredos.
O ponto de partida é promissor, mas logo fica claro que as respostas para as perguntas levantadas pelo autor são escassas e evasivas. O autor lança mão de muitas conjecturas e reflexões filosóficas sobre o processo de conhecer alguém, mas falha em entregar uma narrativa substancial. O marketing do livro, que sugere um mergulho profundo nos segredos de um personagem misterioso, acabou prejudicando minha experiência. Entrei na leitura esperando uma revelação impactante sobre o tio, mas terminei com mais perguntas do que respostas.
A construção do ‘personagem’ do tio-avô é feita com base em fragmentos de memórias e suposições, o que cria uma atmosfera de mistério constante. No entanto, essa repetição de suposições sem fatos concretos torna a leitura cansativa e, em alguns momentos, parece que estamos dando voltas sem sair do lugar.
Apesar das frustrações, há algo valioso no desfecho do livro. O autor nos leva a compreender que a jornada de tentar conhecer outra pessoa é, na verdade, um espelho para nossa própria introspecção. O verdadeiro valor do livro reside na reflexão sobre como projetamos nossas próprias experiências e sentimentos ao tentar decifrar a vida de alguém. No final, não é tanto sobre o tio, mas sobre o narrador e nós mesmos – uma análise que nos força a confrontar nossas próprias limitações e a complexidade do que significa realmente conhecer alguém.
É um livro que nos faz questionar a possibilidade de entender completamente a vida de outra pessoa, especialmente quando essa vida é entremeada por histórias não contadas e mistérios não revelados. É uma leitura que, apesar de sua repetitividade e falta de concretude, nos oferece uma reflexão profunda sobre a natureza do conhecimento humano e a busca pelo autoconhecimento.
Aos leitores que se aventurarem por essas páginas, deixo um conselho: não busquem respostas claras e definitivas, pois elas não estão ali. Em vez disso, permita-se envolver pelas nuances da narrativa e pelo processo de descoberta que, no fim das contas, pode ser mais sobre si mesmo do que sobre o misterioso tio-avô. Bônus: é um dos livros que já li em que o título mais fez sentido pra mim, e consequentemente, um dos mais bonitos.
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Luana 01/07/2024

Eu amo livros que misturam a história real com suposições de acontecimentos!
Esse livro me prendeu do início ao fim, queria saber mais de quem foi (ou da ideia de quem foi) o tio-avô.

Fica a reflexão:
O que sobra de nós, da nossa história, da nossa vida, pra quem nos conhece? E pra quem não nos conhece? Qual é a nossa história? Qual é a história dos nossos?
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Bianca Martins 26/06/2024

Ainda estou pensando sobre o tio-avô
Vocês tão ligado que a história deste tio só foi apagada pela família por ele ser lgbtqiapn+ neah. Pq ao que tudo indica ele foi divertido, estudado, bem relacionado, viveu ótimas aventuras, registrou bons momentos em fotos, porém a história toda foi silenciada pela família (e por ele mesmo) por causa da sua orientação sexual.

Tirando essa parte, é aquilo neah, quando se morre uma pessoa, se vai tbm uma biblioteca inteira.
E sabe que eu não acho isso de todo o ruim?!
Não sou do time que acha que devemos deixar a nossa 'marca' na humanidade ou na vida das outras pessoas, nem de maneira positiva e muito menos de maneira negativa. A gente deve viver a vida que acha que deve ser vivida naquele momento e é isso. Não precisa virar história de ninguém, não precisa ter herdeiros, bens ou seja lá o que for. E tah td certo. Essa ansiedade de ser influência até após a morte é insana. Viva bem, tente ter menos impacto negativo possível para a a natureza e afins e seja feliz. É o que vivemos para nós mesmos que importa. O resto é história.
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pedro villar 29/05/2024

"Não deixou filhos, não deixou bens, não era eleitor e faleceu sem testamento conhecido. Leio a frase, releio, me parece espantosa. Fico me perguntando o que sobra para Ricardo depois dessa sequência de negativas. No ato burocrático final, a vida de um homem é reduzida às suas renúncias, ao que preferiu não: procriar (se possível como resultado natural do casamento), construir patrimônio (deixar alguma coisa para os filhos que não teve), cumprir as obrigações com o Estado (votar), distribuir suas posses (inexistentes) ou palavras (lacônicas) para que seu nome continuasse circulando por mais algum tempo na boca dos vivos. Mas a vida do meu tio não se projeta um único milímetro para a frente: é como se ele tivesse feito do apagamento o seu legado possível, a sua única herança. "
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murilo-1984 17/05/2024

“Não desejo nada de você. Só quero que você não fique aí parado na frente do meu sol, fazendo sombra.”
A sensação que tive era como se alguém estivesse escrevendo uma biografia minha, talvez um dia eu me torne o tio Ricardo, um fardo, um fracasso, um mistério.
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Gabriel Zupiroli 15/05/2024

Falar de si, falar do outro
Meio que adotando um processo sebaldiano, mas partindo dos tensionamentos entre ficção e realidade caros à literatura dos últimos tempos, o romance tem o grande mérito de construir uma persona pelo não-dito, pela especulação, pelo que não é. Tanto que o movimento que Charbel evoca pra sua investigação está envolvido pelo jogo: trata-se, na maior parte do livro, de, na verdade, não dizer quase nada sobre o tio. Diz-se o resquício do que foi experienciado, acumulando uma potência que nunca vem nas primeiras 100 páginas do romance, perdida que está no limiar entre o falar de si e o falar do outro.

A questão é que em suas últimas 30 páginas, tudo isso explode. Quando o narrador finalmente adentra a caixa de fotografias e reflete sobre o olhar e o gesto na exegese das imagens, a persona finalmente é trazida à tona e obliterada, reconfigurada. A grande questão final que envolve a figura do tio é o produto da sutileza narrativa lapidada por Charbel ao longo de todo o romance. E é aí que reside a maior força da obra. É na ideia do procedimento - a montagem, a organização, a disposição - que as fotos se alinham ao modo investigativo ao qual se propõe o narrador, que passa a realizar uma verdadeira hermenêutica da imagem em função do segredo: o segredo como acúmulo máximo da tensão que não se aguenta e culmina na fotografia do cigarro, implodindo qualquer possibilidade de leitura de sentido por parte do leitor.

De fato, se você passar das 100 primeiras páginas, a ideia de sentido pode enfim ser restaurada. E é nesse movimento que reside a grande força desse romance magistral. Aprender a escrever sobre o outro para escrever sobre si - ou talvez o contrário.
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Aline.Silva 26/04/2024

Um livro peculiar, demorei mais tempo que o previsto para terminar a leitura, certamente não é para todos os gostos. Tem uma narrativa melancólica mas ao mesmo tempo desperta interesse para saber mais sobre a história, afinal, todo mundo conhece, ou tem a sensação de conhecer, alguém como o tio Ricardo
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Alana 16/04/2024

Foi uma leitura interessante, mas a história do tio avô, Ricardo - que foi o que me chamou atenção para ler o livro, na verdade termina em um segundo plano, porque o autor foca muito mais em detalhar como foi o seu processo de escrita.
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naoeumaresenha 05/04/2024

Decifrar o não dito da imagem fica difícil quando quem olha não é infinito como a imagem pode ser. livro biográfico e teórico que nos aproxima e nos encanta.
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Faluz 04/04/2024

Saia da frente do meu sol - Felipe Charbel
Delicioso. Leitura leve e interessante.
Como um relato familiar onde conseguimos pontos de identificação. As dores e delícias de uma família com poucos recursos, suas reuniões e arranjos familiares.
A maneira como as fotos guardadas numa caixa trazem memórias que são ativadas na lembrança e aí o constitui é o define nessa lembrança. O que temos desses nossos familiares? Um lindo fio narrativo.
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estranhus 15/03/2024

Investigar a vida de uma pessoa comum, pode render grandes surpresas e talvez uma autoanálise. Exatamente isso que você encontra em "Saia da Frente do Meu Sol". O autor cria uma espécie de biografia melancólica e poética do tio, um sujeito fechado que tinha muito para contar mas optou em guardar tudo e levar para o túmulo. Muitos irão se identificar, em todas as famílias existe um Ricardo, cada qual com suas particularidades e semelhanças.
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Luana 01/03/2024

Um caminho para lugar nenhum
Felipe Charbel tem uma grande sorte: o tio-avô dele, Ricardo, é uma figura tão interessante que quase compensa a narrativa pouco interessante do autor. Esse inclusive é um dos primeiros grandes defeitos da obra: Ricardo fica quase esquecido no decorrer de uma escrita egocêntrica e que anda em círculos, que nada agrega nem a história daquele que deveria ser o personagem principal nem ao leitor, que acaba arrastado por páginas e páginas que não levam a lugar nenhum. Nada se completa na história do livro, que perde tantas boas oportunidades que chega a irritar quem insiste em terminar a leitura. O meu conselho a quem não teve oportunidade de ler é que se mantenha longe desta obra.
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Claudio 25/02/2024

Não funcionou pra mim.
Nesse ensaio, em que o autor se propõe a escrever sobre o tio e repetidas vezes diz que escrever sobre outrem é como escrever a si mesmo, o autor não escreve sobre ninguém.
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