Augusto 06/09/2022
FANTÁSTICO!
A forma como a autora nos trouxe uma geração de mulheres, uma geração presa a um objetivo, uma geração que continua com esperanças apesar de tudo, foi gigante. As bonequinhas que se encaixam uma dentro da outra (matrioska), mas mesmo assim são independentes reflete muito bem essa batalha árdua de querer vencer. Isso de querer vencer é algo bem perigoso, se tratando de um jogo MORTAL dentro de um CIRCO. Sentiu o impacto daí?
Amélie carrega um peso que não é dela, um desejo de sua família que ela está prestes a engolir goela abaixo. Mesmo carregando os seus próprios cacos, sua individualidade, ela quer satisfazer um ciclo que parece ser infinito. Porque nunca aprendeu algo diferente daquilo, nunca viu um novo objetivo a ser seguido, como se seus olhos fossem apenas dirigidos às cores da tenda do circo, onde mostraria que ela era capaz.
A narrativa brinca com o onírico e com nossa percepção visual de uma maneira incrível, como se qualquer piscada que a gente dê, seja um erro dos grandes, porque os detalhes carregados de importância estão para todos os lados. Uma das coisas que mais amei foi esse lado visual da história, foram as movimentações do próprio cenário, as transformações minuciosas nos personagens, o poder do mistério engrandecendo tudo e mais um pouco.