Israel Vancouver 21/07/2023
Manga verde com sal
Livro primordialmente sobre luto, mas não só sobre isso... acho que o subtítulo foi primorosamente encaixado pra obra: é sobre o agridoce da vida. é sobre reconstrução, sobre recomeço, sobre aceitar a dor e se deixar doer quando necessário. não passei por perdas difíceis como as descritas aqui, mas creio que quem já passou por isso tenha se sentido abraçado por essas palavras grafadas. por vezes, senti até uma sensação de cafuné. eri tem realmente uma relação próspera com as palavras. vi-me muito nesses relatos, é um livro identificável, feito por uma pessoa identificável. ler tudo isso lembrando do sorriso da eri foi bem significativo pra mim. é uma mulher forte, movida pelo amor, pela doçura e pela empatia. agora sei mais sobre resistir. sei mais sobre engolir a manga mesmo verde, mesmo que eu tenha que pôr sal pra conseguir engolir.
"O que posso fazer, neste momento, é viver o presente. Agarro-me a ele e espero, sem grandes expectativas, continuar existindo no dia seguinte. Lavo bem as mãos, uso máscaras e amo as pessoas, mesmo sem poder tocá-las. Digo, muitas vezes, a cada uma, como as adoro e reverencio, como é bom podermos compartilhar o mesmo tempo e espaço, respirando, olhando o céu, o mar, as flores e os pássaros; às vezes chorando, outras rindo" (pág. 129).
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