Henrique Fendrich 23/12/2023
O ambiente que Pellanda cria para esses contos e continhos tem algo de onírico, mas acho que não se trata exatamente do sonho. Parece-se mais com uma hiper-realidade, um estágio de consciência que as pessoas só atingem depois da morte. Se eventualmente seres mitológicos, cenários e tramas aparentemente absurdos aparecem nas histórias, deve-se entender que eles só são classificados dessa maneira porque é como conseguimos enxergar em nossa vidinha terrena - na verdade, eles são mais reais que o mundo da matéria!
Sempre soube que o Pellanda era um excelente escritor, mas acho que com esse livro ele se superou. Suas alegorias chegaram a me lembrar as do Kafka, o que já é um enorme elogio. Como as do Kafka, essas pequenas histórias merecem ser lidas, relidas e trelidas, em busca do sentido maior que garantirá a aplicação de cada metáfora em nossa vida cotidiana.