Entrelivros_efilho 24/08/2023Imagine em pleno 2023 uma família que não tem celular, não tem acesso a nenhum streaming e vivem como se estivessem na década de 50?
A vida de Cora, que está prestes a completar 18 anos é assim.
A mãe de Cora é fissurada nos anos 50, por isso todos na sua casa vivem de acordo com essa década. A decoração da casa se remete aos anos 50, as roupas, as comidas, carro, tudo é como se realmente estivessem vivendo nos anos 50, e Cora, que sofre bullying na escola, vive em pé de guerra com a mãe porque tudo o que ela quer é ser livre para viver de acordo com a sua época, o ano de 2023, e com vergonha do estilo de vida de sua família, Cora acaba se afastando dos amigos e do namorado.
Não entrei muito em detalhes sobre a história porque o conto tem menos de 60 páginas e para esse tipo de leitura, nada melhor do que ler para descobrir todos os detalhes, e gente, que delicinha de leitura!
Já conhecia a escrita da autora então sabia que seria cativada por mais uma de suas histórias e personagens, aqui ela nos entrega um enredo leve e rápido de ler, mas com muitas reflexões e que no final vão te deixar com o coração quentinho.
Uma coisa que eu não fazia ideia e que descobri com esse conto e achei o máximo, é que existem pessoas como a mãe da Cora na vida real, existe uma comunidade chamada Rocakbillies que não só se vestem como nos anos 50, mas todos os seus objetos e estilos de vida também são da mesma época e eu claro fui dar uma pesquisa porque achei interessante demais e vi que o projeto foi iniciado por causa da paixão da fotógrafa Jennifer Greenburg, por objetos vintage que ela colecionava desde criança. Com o tempo, ela começou a ter contato com pessoas que tinham os mesmos interesses que ela pela cultura, até que conheceu a comunidade Rockabilly que vive desta forma nos dias de hoje.
Dennis, namorado da Cora, é um personagem que me cativou muito por além de ser tão gentil e paciente, encara a situação da família de Cora com leveza e maturidade e leveza e, ainda incentiva Cora a se acertar com a mãe, já Cora, mesmo que em alguns momentos era um pouco implicante, me cativou por sempre tentar o caminho do diálogo com a mãe, foi cativante acompanhar mesmo em meio a tantos medos e diferenças entre ela e sua família, o seu amadurecimento e o início de uma nova fase em sua vida.
Esse é uma história curta, mas que nos faz refletir a importância de procurar ajuda quando se dá conta de que precisa dela e não deixar algo trágico acontecer para tomar uma atitude, a importância de respeitar o estilo de cada pessoa e o seu modo de ser, mas que também mostra que precisamos nos desapegar do passado porque viver remoendo o que aconteceu pode ser perigoso e doloroso não só para a pessoa, mas para todos que estão ao seu redor.
Só pra finalizar esta resenha, preciso dizer que finalizei essa leitura me sentindo uma moradora raiz do Sul, aprendi tanta gíria que não conhecia que terminei falando igual os protagonistas hahaha, amei.
"— A essência do amor é uma só, apenas amor."