BeccaClub42 03/04/2024Não espere colher o bem da maldade semeada...*comentários sem spoilers*
Não estava esperando sáficas trambiqueiras (tá que eu pulei a sinopse depois do primeiro parágrafo pra evitar spoilers), foi uma ótima surpresa não só a representatividade sáfica e lésbica, mas ver que há uma brasileira trans que apesar de ter me dado raiva, eu gostei dela.
No começo temos um homem morto e 7 possíveis responsáveis, todas pessoas que ele machucou de um jeito ou outro. A narrativa mescla passado e presente, o passado nos pincela cada vivência delas com ele e o mal que ele causou e o presente mostra de maneira morosa as consequências do crime naquelas sete mulheres enquanto tentamos desvendar o crime.
Existe slice of life criminal? Esse livro acho que poderia ser um. Com pedaços dos cotidianos a gente acaba sendo levada pelo livro inteiro até o desfecho. Mas isso tornou o livro meio monótono, acho pela capa e propaganda a gente espera uma coisa diferente (acho que a capa e banners tão vendendo errado kkkkkk acho)
Enfim, o que mais gostei no livro é que Jamie Spellman era um predador, mirando em presas em vulnerabilidade e se aproveitando delas, mas a narrativa não as pinta apenas como vítimas pra termos dó, elas são ricas em essência, mesmo que essa essência seja cheia de defeitos e erros (a gente tem uma posição privilegiada vendo esses erros, mas ainda sim é difícil).
RESUMINDO: gostei, mas é um texto pacato, as histórias delas toma o primeiro plano e o crime muito em segundo plano, a propaganda do livro, pra mim, vende errado a ideia. Eu queria mais desfecho, mas gostei do último capítulo e como encerrou o ciclo.
Eu recomendo.
Alguns gatilhos pra quem precisa: ideação suicid@, abuso, violência doméstica, uso não consensual de drogas, gaslighting, transfobia, homofobia (o livro se passa entre 1980 e 2000), assassinato gráfico.