Brenda 28/09/2023
O amor tudo sofre, tudo suporta.
Jane Eyre é um clássico da literatura. Assim, é difícil não ter ouvido falar de um livro dessa importância. Outra razão pelo qual é muito conhecido são as várias adaptações cinematográficas da história. E por mais que se saiba do enredo, a experiência de leitura pode ser surpreendente. Muito se discute a relevância do texto para o feminismo, antes mesmo do movimento existir. De fato, a emancipação feminina é um tema abordado, mas a impressão que ficou para mim é que é apenas uma faceta, e nem a mais importante, do que se trata o livro. Também não corresponde a um romance entre um casal ideal, uma história de amor envolvente como os livros de Jane Austen, talvez seja por isso que essa autora seja mais popular entre os leitores do gênero. Para mim, Jane Eyre é um livro sobre uma jornada essencialmente cristã. Engraçado como fui pega de surpresa, visto que a perspectiva religiosa da narrativa é tão pouco falada, afinal, a literatura e seus admiradores parecem sentir cada vez mais repulsa de tudo que remete um cerne cristão. É interessante ver, no presente tempo, a liberdade da perspectiva secular da cultura, e as possibilidades que são apresentadas quando a religião não tiraniza ou domina as manifestações artísticas. Mas me incomoda ver que, ao que parece, uma crescente aversão, e até mesmo negação, de tudo o que é considerado cristão na cultura. Bem, voltando a narrativa, Jane é uma garota que trilha, ao longo de sua vida, o caminho bíblico de um verdadeiro discípulo de Cristo. Ela, nascida e criada em um contexto de injustiça e severidade, nutre ódio e ressentimento, peca, como qualquer humano. Mas, ao ter contato com o verdadeiro evangelho, na figura de Helen Burns, começa a rever suas ações e sentimentos, se arrepende e vive a partir daí uma vida de amor, perdão, renúncia e servidão. Sim, ela que preza acima de tudo a própria liberdade é um autêntico exemplo de serva, pois escolhe por si mesma doar-se em favor, até mesmo imerecido, daqueles que ela ama, e também dos que lhe foram cruéis. O romance entre Jane e Edward não é o ideal, o desejável. Não parece um grande negócio, ao fim do livro, ela casar com um homem mais velho, cego e deficiente físico. Mas ela o faz, porque nela existe o verdadeiro amor, o sentimento que excede questões de aparência, riqueza ou poder. Jane não é perfeita, mas é guiada pelo Espírito, de forma que até mesmo as adversidades de sua vida se desdobram em caminhos de benção e graça. O que eu posso dizer? Recomendo!