Dois Sherpas

Dois Sherpas Sebastián Martínez Daniell




Resenhas - Dois Sherpas


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Sandra708 14/02/2024

Dois Sherpas é escrito de forma fragmentada, onde encontramos dois personagens sherpas a beira de questões diante da imensidão branca e fatal.
Há um excesso de divagações e suposições na mente dos personagens que ocorre durante a maior parte da narrativa. No entanto, também surgem curiosidades e fatos que envolvem o povo sherpa, a montanha, sendo mesclado com a peça Júlio César de Shakespeare, Goethe, pintores impressionistas... mostrando uma narrativa criativa e contemporânea.
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AleixoItalo 10/01/2024

Logo nos primeiros capítulos de Omeros, a rivalidade entre dois dos personagens principais, Aquiles e Heitor, fica escancarada quando ambos os pescadores enfrentam-se com facões em punho. É no lastro desse duelo e do amor que ambos compartilham pela mesma mulher, que Derek Walcott constrói a identidade da ilha de Santa Lúcia, através de um dos poemas mais memoráveis do século XX.

Dois Sherpas também inicia com a tensão entre dois personagens, o sherpa velho e o sherpa jovem que observam o corpo caído de um turista que despencou no desfiladeiro. Durante aquele breve momento em que ambos estão parados decidindo como proceder, as idas e vindas do passado e seus anseios futuros, vão construindo a história dos personagens e do Everest. É apenas nessa ideia básica que essas duas obras tão destoantes se compararam.

É em torno daqueles dois sherpas sozinhos à beira do desfiladeiro, que a narrativa inteira se ancora, hora focando na infância e nas aspirações do jovem, hora focando no passado e nos motivos que levaram o velho ao Nepal. Intercalados aos solilóquios dos personagens, estão fatos e eventos relacionados ao monte Everest, retalhos que ilustram o pouco mais de um século de explorações da montanha mais famosa do mundo.

Enquanto Walcott alcança o extraordinário feito de esculpir uma identidade nacional utilizando o cotidiano de seus personagens, Sebastián Martínez Daniell não consegue fincar raiz nenhuma nas geleiras e rochas do Everest. É difícil entender o propósito de de Dois Sherpas, uma vez que o livro se resume à uma miscelânea de fatos desconexos e passagens desinteressantes pela vida dos personagens — passagens que se prolongam de maneira irritante. Se o autor tinha a pretensão de trazer um pouco do Nepal até nós, esse feito é frustrado, pois em momento algum a obra consegue evocar a magnitude do Himalaia ou o isolamento de Namche — vilarejo da rota clássica para o Everest — , essas sensações subjetivas tão essenciais na literatura, são ofuscadas pelos personagens insonsos.

Pode ser uma maldade e talvez nem caiba a comparação inicial com um clássico que "rendeu" o Nobel para seu autor, mas é difícil não ver em Dois Sherpas um pouco da ousadia presente em Omeros. Ambos tentam de alguma forma contar a história de uma região a partir do cotidiano dos cidadãos e compõe esse enredo com narrativas subjetivas e idas e vindas entre passado e futuro. É charmosa a execução de Daniell mas lhe falta o que sobrou em Walcott: identidade!

A tentativa do escritor argentino de divagar sobre o Nepal, cai na armadilha de repetir incessantemente a ladainha do conflito entre turistas e sherpas e resulta em personagens insípidos, demasiadamente ocidentais — eu me pergunto realmente até que ponto a cultura dos sherpas está ocidentalizada e quais seriam de fato os dilemas de quem ganha a vida subindo a montanha — em personalidades históricas nada vividas, alguns trechos de Shakespeare e numa montanha desfocada como plano de fundo!
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Daniel1693 07/01/2024

Dois Sherpas, várias histórias
Narrativa fragmentada que acontece durante o breve momento de um acidente no Everest. Durante este desdobramento temporal o autor passeia pelas memórias dos dois personagens, mas também pela história do povo Sherpa, preconceito, impetialisto britânico e breves momentos de discussão da obra Júlio Cesar. Em alguns momentos exagera na descrição detalhada do momento, parecendo até uma tentativa de mostrar o quanto é virtuoso, mas isto na chega a 10% do livro que é contrabalanceado com capítulos de poucas linhas, tiras de pensamentos ou momentos históricos que tornam a leitura mais palatável.
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