Os quatro medos que nos impedem de viver

Os quatro medos que nos impedem de viver Eudes Séméria




Resenhas - Os quatro medos que nos impedem de viver


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Monalisa.Ludwig 18/03/2024

Leitura bastante interessante. Assunto pertinente e relevante, trazendo boas reflexões. Porém não é uma leitura rápida. Devido ao conteúdo denso precisei ler aos poucos para assimilar.

O que mais me chamou a atenção foi como o autor aborda o comportamento dos adultos com atitudes infantis em duas categorias principais. Os adultos que tornaram-se dependentes de suas famílias ou cônjuges, demonstrando que não conseguiram de fato sair da infância. E aqueles que tornaram-se completamente independentes como se precisam sempre provar que não são mais crianças.
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Carla.Parreira 09/01/2024

Os quatro medos que nos impedem de viver (Eudes Semeria). Melhores trechos: "...Os quatro medos são os seguintes: 1. O medo de crescer ou de assumir realmente sua condição de adulto. Os medos que daí resultam estão ligados à questão da autonomia e expõem claramente a persistência de comportamentos herdados da infância (medo do escuro, de seu corpo de adulto, da sexualidade, da autoridade dos pais, de adoecer etc.). 2. O medo de se afirmar ou de definir-se, de ocupar um lugar e um papel preciso entre os outros (medo de não estar à altura, de ser um “impostor”, de ser uma nulidade, de não ser reconhecido, de incomodar, de ser rejeitado etc.). 3. O medo de agir, ou dificuldade de tomar decisões e agir, de se projetar e de construir uma evolução pessoal por si e para si (medo de fazer escolhas, de faltar, medo de espaços públicos ou fechados, medo de se comprometer, de passar à ação, de fracassar etc.). 4. O medo da separação ou de confiar em laços com outras pessoas, manifestando principalmente o medo da separação e do abandono (medo de suas emoções e sentimentos, da solidão, de não ser amado, de ser agredido, enganado, abandonado etc.). Estes quatro medos fundamentais abrangem todos os medos que encontramos na vida cotidiana. Eles estão relacionados entre si pelo fato de que todos surgem de um conflito constante dentro de cada um de nós, um conflito entre a criança que não somos mais e o adulto que estamos tentando nos tornar... Na verdade, todos os psicólogos sabem muito bem disso: vivemos em um mundo cheio de crianças disfarçadas de adultos. Então, aqui está uma pergunta crucial: até que ponto podemos ter certeza de que somos adultos?... Confrontada com a dura e inquietante realidade, a criança pode, muito cedo, manifestar uma tendência a recuar e tentar desaparecer. É um mecanismo de defesa que pode persistir em algum grau na idade adulta. Para enfrentar suas angústias existenciais (morte, solidão, falta de sentido, responsabilidade), o indivíduo busca, de alguma forma, viver nos 'bastidores' da sua vida. Para isso, ele desenvolverá um modo de ser caracterizado pelo que a psicologia existencial chama de 'fusão', no qual ele procura fundir-se com os outros, apagando os contornos de sua individualidade... Assim, tendemos a nos colocar numa posição de inferioridade, dependência e passividade diante dos outros. As outras pessoas parecerão sempre mais adultas, mais competentes, mais responsáveis. Estabeleceremos com elas uma relação comparável àquela entre criança e adulto, buscando sempre ficar sob as asas de um protetor... O apagamento por fusão tem o objetivo de afastar as angústias para longe da consciência, mas ele mesmo pode ser fonte de angústia. Com efeito, a partir de certo ponto, o autoapagamento pode provocar o medo do completo desaparecimento. Surgem, então, como forma de compensação, comportamentos que não estão voltados ao apagamento dos limites de si, e sim à superação desses limites. Em vez de se fundir ao ambiente, a criança procurará distinguir-se, excedendo ou mesmo transgredindo todas as fronteiras... Essas pessoas nunca encontram a serenidade ou a paz de espírito que desejam. Elas continuam com medo, medo do abandono, medo de não serem realmente importantes para os outros, medo de ficarem entediadas, medo de não encontrarem sentido em suas vidas. Recusar-se a crescer realmente tem um preço alto e apresenta desvantagens em múltiplas áreas... Para simplificar, digamos que existem dois tipos de famílias com alto grau de toxicidade: famílias fusionais e famílias heroicas. Nas primeiras, a imposição de solidariedade acaba por encerrar a criança numa espécie de bolha invisível da qual ela terá a maior dificuldade para sair. Ela será criada com a ideia de que não se deve criar laços sérios fora da família. Também terá que respeitar um princípio de transparência concordando em não ter nenhuma intimidade ou vida privada. Em famílias heroicas, ao contrário, os filhos serão levados a se individualizar além da medida e a partir o mais rápido possível. Os vínculos geralmente serão bastante distantes e a atitude dos pais (ou de um deles) pode beirar a indiferença, às vezes o desprezo. No entanto, insidiosamente, os pais se apresentarão como modelos, e sobretudo como modelos insuperáveis, suscetíveis de esmagar o filho, de o confrontar com a sua suposta (e insuperável) insuficiência... É preciso que se admita o seguinte: a vida adulta só pode começar realmente quando você for capaz de dizer aos seus pais: eu não sou mais sua criança. Continuo sendo seu filho ou sua filha, mas não sou mais sua criança... Trair os pais é, na realidade, deixar de trair a si mesmo. É graças a essa traição que o indivíduo pode começar a se descobrir e a conquistar maior autenticidade... Não fazer nada nos confronta com o próprio fato de existir. O tédio é talvez o que torna nossa existência mais dolorosamente sentida... Divertir-se é esquecer-se da própria existência. É isso que queremos dizer quando falamos da nossa necessidade de 'fugir', quando dizemos que queremos 'esvaziar a cabeça'. Esvaziar de quê? Da única coisa que realmente possuímos: nossa presença em nós mesmos. Mas trata-se de uma experiência difícil... Por conta disso, o tempo escorre entre os dedos. Literalmente não o vemos passar, o que é uma forma de anulá-lo. 'Matar o tempo' nos permite viver o presente como crianças... Viver o momento presente é, de fato, perceber a própria presença no mundo... Uma criança, de fato, tem a tendência em ver as coisas 'de baixo'. Comparando-se aos adultos, é difícil para ele atribuir a si mesmo qualidades ou mesmo uma interioridade digna de interesse. Ele se sente 'insuficiente'... Seja recorrendo à desvalorização ou à supervalorização, um adulto nunca será tão insignificante quanto gostaria, ou tão superior quanto espera ser. Ele sabe que, no fundo, é apenas um adulto que conta histórias a si mesmo para não crescer... Mas este famoso 'inconsciente' não seria, no fundo, o que resta de infantil, impulsivo e irracional em nós? Pelo menos é o que se pode supor ao examinar alguns dos nossos comportamentos... Quando falamos de autoestima, geralmente ignoramos um fato óbvio: a falta de autoestima sempre vem acompanhada de uma falta de respeito próprio. É importante distinguir as duas noções. Estimar é medir o valor de uma coisa ou de uma pessoa e fazer uma representação disso. De maneira mais simples, é considerar se uma coisa é boa ou não. Respeitar é mostrar consideração, levar em conta. Em outras palavras, a autoestima é um pensamento, enquanto o respeito é uma ação concreta. Obviamente, pensamento e ação estão interligados... A criança, de fato, depende do olhar dos adultos para tomar consciência de seu valor. Ela espera ser validada e valorizada por eles porque ainda não teve tempo ou meios para avaliar-se a si mesma. É preciso esclarecer, todavia, um ponto importante: para o adulto, a falta de autoestima é certamente uma grande dor na vida cotidiana... O que deve ser buscado é uma relação de adulto para adulto, e não mais a de criança e pais... Escolher e decidir é sempre uma aposta. No entanto, o adulto que persiste em viver como uma criança tem uma aversão particular ao risco e ao desconhecido. Ele suspende, então, sua decisão, a evita e a adia. Escolhe não escolher. Ou, se preferir, escolhe no modo de não escolher (o que ainda é escolher)... Escolher é sempre, em um nível muito profundo — ou seja, existencial — escolher viver. Todas as escolhas que fazemos, mesmo as mais triviais, testemunham, no fundo, um desejo de viver... Na verdade, quando encontramos um problema, procuramos uma solução e agimos. No entanto, as pessoas que ruminam fazem o contrário: quando encontram uma solução, procuram o problema... O isolamento, a ruminação e o ressentimento constituem defesas relativamente pertinentes para a criança pequena que se sente inundada pela frustração, medo, raiva e é incapaz de se sentir suficientemente segura em seus relacionamentos com os outros. No entanto, a persistência dessas defesas na idade adulta é dolorosa e destrutiva. A única solução para sair do ciclo é desenvolver uma capacidade real de tomar decisões... É preciso aceitar que podemos nos enganar e até mesmo admitir que inevitavelmente cometeremos erros. A confiança em si mesmo reside em se estimar o suficiente para suportar que às vezes estaremos equivocados. Não somos perfeitos, temos falhas e faltas, e é inútil lutar contra essa condição... Sociólogos e psicólogos explicam que o desenvolvimento do uso do e-mail e das mensagens de texto tornou a chamada de voz mais rara, o que faz com que muitas pessoas se sintam inseguras ao telefone. Além disso, a fala direta exigiria mais espontaneidade do que a escrita e, sem a ajuda da linguagem não verbal (posturas, gestos, expressões faciais), seria mais difícil se fazer entender... Dirigir é admitir, querendo ou não, uma autonomia geralmente negada. A própria rodovia age como um símbolo da vida: uma linha mais ou menos reta na qual entramos sem poder voltar atrás e da qual não saímos quando queremos. Não há outra escolha senão avançar. É impossível dar voltas. Nessas condições, não é surpreendente que as defesas psíquicas vacilem e deixem as angústias existenciais reprimidas reaparecerem à luz do dia... Para o adulto fusional, o medo de fracassar é (inconscientemente) apenas uma espécie de justificativa para não agir. 'Por que tentar algo se tenho certeza de que não vai funcionar?' Também é uma ordem implícita para não concluir nada e, portanto, não ter sucesso... Toda relação é ao mesmo tempo fonte de alegrias e medos: alegria da troca, amor, amizade, consideração, alegria de ser objeto de orgulho ou admiração; mas também medo de ser abandonado, traído, manipulado, desprezado, incompreendido, rejeitado, ridicularizado, rebaixado, esquecido… Assim, estamos sempre cheios de dúvidas e perguntas: até que ponto posso confiar no outro? Até que ponto ele é sincero comigo? Como posso amar uma pessoa e, ao mesmo tempo, não a amar, invejá-la, sentir ciúmes ou guardar ressentimentos dela?... Solidão é estar sozinho, sem ninguém com quem estabelecer trocas. O isolamento ontológico é algo completamente diferente: é a solidão que se pode sentir mesmo quando se está bem acompanhado; é estar 'sozinho na própria cabeça', perceber que a sua consciência não pode se fundir com outra. É possível comunicar-se, mas sentimos que há um abismo intransponível entre a nossa consciência e a dos outros... O adulto não assumido parece dizer: 'Dê-me a pessoa certa e mostrarei que sou capaz de amar'. Como em outros momentos, ele poderia dizer: 'Dê-me dinheiro e mostrarei que posso ter sucesso'. Ou, ainda: 'Torne-me famoso e mostrarei meus talentos'. Ora, pensar corretamente significaria inverter a causalidade, ou seja, se esforçar para ser capaz de amar — e, antes de tudo, amar a si mesmo — e assumir-se como adulto diante dos outros adultos. Isso também significaria considerar que não se trata de encontrar a pessoa certa, mas sim inventar e construir a 'relação certa'. Pois, para um casal, são os momentos vividos juntos que fazem com que um e outro moldem sua adequação — que não existe a priori... Se você tem dificuldades para dizer não, talvez você acrescente que não gosta de conflito (e quem gosta?), que não quer magoar os outros, que é uma pessoa conciliadora e prestativa. Mas é provável que a verdadeira razão seja outra: você teme que seu 'não' resulte na expulsão da sua base de segurança. Uma expulsão que significaria a perda instantânea do seu valor... Veja como todos os dias surgem mil pequenas oportunidades para você assumir o que realmente quer para si mesmo. O importante é aceitar o risco de desapontar o outro, afirmando o seu lugar, e até mesmo se atrever a pensar: 'Não tenho medo de você', o que significa: tenho o direito de existir tanto quanto qualquer pessoa e expressar o que eu realmente preciso nesta vida..."
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