Ley 15/07/2023Sério, eu AMEI esse livroFlores feitas de espinhos é o primeiro livro de uma duologia. O enredo chama atenção pelo casal que se odeia, sempre trocam farpas, mas parecem não se desgrudar. Também é muito instigante como a escrita é rápida. Foi um livro que me deixou sedenta para ler e quando comecei, só queria saber como arrumar mais tempo para continuar lendo.
Violet é uma vidente, uma das poucas existentes, e trabalha para o reino. Ela foi praticamente adotada pelo rei depois de salvar a vida do príncipe de uma morte certa. Anos depois, ela continua com seu trabalho e tem uma certa influência na corte. Em contrapartida, ela cria uma relação tensa com Cyrus, o príncipe que ela salvou anos atrás. Ambos são bem diferentes, a troca de farpas é constante, mas também é muito gostosa porque eu já sabia que havia sentimento no meio disso tudo.
O ponto de vista acompanha apenas Violet, seus sentimentos são fortes, ela também é bem intrigante e, sobretudo, esperta acerca de como se comportar no meio da corte. O interessante sobre a protagonista, é que ela foge do clichê das protagonistas boazinhas e se encaixa mais como uma antagonista. Muitos podem classificá-la como egoísta, como Cyrus muitas vezes o faz, mas com certeza concordo com ela em seguir o fluxo das coisas para se proteger o máximo possível.
O reino em que vivem parece pacífico até quando algumas interferências acontecem, maldições são proferidas e as relações exteriores ficam mais tênues. Violet fica no meio disso tudo porque ela faz parte de um importante cargo para o reino, embora siga as instruções do rei que nem sempre são boas. Seu dom a salvou do pior, e neste momento ele ainda é usado como algo que possa proteger a protagonista. Admirei demais como ela conduziu sua vida até onde está, mesmo com todas as interferências, ela é firme, centrada, e tenta da melhor forma possível sobreviver.
Sua tensão com o príncipe se torna mais tênue conforme os conflitos estouram, os dois se tornam mais próximos, mas isso não é o suficiente para aplacar o ódio entre eles. E digo com propriedade que esse sentimento acende ainda mais quaisquer outros que estejam entre ambos. A história começa com uma visão pequena ao redor da protagonista, mas se torna ampla na medida que novos lugares são citados, a explicação tem um progresso agradável. O livro também tem um mapa, um dos mais bonitos, que serviria bastante para se situar se fosse mais expandido. O mapa mostra uma visão da cidade, enquanto os personagens mencionam ela e mais alguns territórios. E mesmo que eu tenha amado consultar o mapa, eu teria gostado ainda mais se ele fosse mais amplo.
Os conflitos existentes na história realçam o que tem de pior naqueles que são poderosos. Achei fascinante como as relações são colocadas no livro. Enquanto a história ganha um grau de perigo maior, os protagonistas também seguem o mesmo rumo, com uma espécie de briga e atração ao mesmo tempo. E, para mim, a melhor parte é perceber como Violet, que é como um elo fraco no meio de gente poderosa, se comporta. Ela está ali para se proteger e lutou por isso. Ela pode soar irritante as vezes e muito petulante, mas de maneira prática, ela é perspicaz em olhar seus horizontes e escolher o melhor caminho para si mesma. Ela pode ser egoísta, mas acho de verdade que é compreensível.
A história me ganhou também pelos diálogos serem bem elaborados e os personagens secundários bem desenvolvidos. A tensão que se acumula durante todo o livro dá boas descobertas e gostei disso. E se Violet foi uma personagem que me conquistou, Cyrus me deixou num meio-termo de opinião. Ele tem uma boa química com a protagonista, tem falas compreensíveis, mas não chegou a ser meu favorito.
O final tem acontecimentos que já eram esperados, mas há um deles, em relação ao casal, que me deixou bem chocada. Juro que teve um personagem que me surpreendeu mesmo já tendo compreendido suas intenções. A história também tem uma boa resolução com brechas o suficientes para serem desenvolvidas na sequência. E o livro me deixou intrigada o suficiente para esperar por ela.
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