Annie - @queriaseralice 30/04/2023Escrita impecável?É justamente no vazio que o medo faz o seu ninho e onde crescem os monstros que nos assombram.?
O que você faria se, um certo dia, acordasse em um local completamente desconhecido, sozinho e sem ter qualquer memória sobre quem é ou o que viveu para chegar ali?
É assim que tudo começa.
Um homem acorda se sentindo totalmente perdido, sem ao menos saber seu nome. Aos poucos, ele descobre que existem sete pessoas, ao todo, na mesma situação. Todos em busca de recuperar sua memória. Mas para isso, só um pode sobreviver.
Eles estão, ao que tudo indica, em uma floresta inabilitada por outros humanos e precisam agir o quanto antes em prol de si mesmos. Mas é muito, muito difícil lidar com a situação sem saber nada sobre si, sobre o local ou sobre quem são essas outras pessoas, identificadas agora por números.
Ao mesmo tempo em que são narrados os acontecimentos angustiantes e eletrizantes na floresta, voltamos ao passado e conhecemos uma neurocientista brilhante que sonha em encontrar a cura para o Alzheimer, mas acaba perdida em suas próprias questões, tentando fugir de emoções e memórias dolorosas.
Quando o passado se torna presente, surgem informações assustadoras sobre como o mundo acabou adoecendo com a existência de uma pandemia e qual a relação disso com tudo que foi trazido até então: a neurocientista e as pessoas na floresta.
É incrível como uma distopia causa tantas reflexões e questionamentos sobre como lidamos com o que sentimos, com os momentos vividos a sós ou coletivamente e com a necessidade vital que temos de vínculo e afeto.
Não quero entrar em mais detalhes para não estragar a experiência de leitura de vocês, mas nossa, que livro! ?? Eu li, reli e continuo admirada com a obra que o Gustavo criou.
A escrita dele, pra mim, é de longe uma das mais cativantes da atualidade; quem leu algo dele vai concordar com isso e quem não leu, recomendo (e imploro) que dê uma chance. ?