Leo 24/01/2024Gustavo como sempre com uma escrita impecávelEm ?Pá de cal? somos apresentados a uma narrativa que alterna entre passado e presente, e uma divisão por imagens. Temos a floresta, os pombos gordinhos, o olho, a fogueira.
A história começa com 7 pessoas acordando em casas espalhadas por uma floresta com uma chave no pescoço de cada e todas perderam suas memórias e para recuperá-las será necessário reunir as sete chaves entretanto somente uma pessoa poderá ter sua memória recuperada. Esses capítulos começam de forma lenta entretanto logo se engata e você se pega entretido tendo desvendar o mistério por trás dessa história e torcendo pelos personagens.
Logo a pois, somos apresentados aos ?pombos gordinhos? onde conhecemos a Inês, que teve contato na sua infância com uma senhora com Alzheimer e ficou fascinada em como era possível a vida de uma pessoa se esvair desta forma. Com isto ela coloca como objetivo de vida encontrar a cura para esta doença e então coordena laboratório de pesquisa sobre a doença entretanto em uma noite saindo do laboratório é surpreendia com uma ligação informando que seu marido e suas duas filhas gêmeas não resistiram a um acidente de trânsito, a vida de Inês muda para sempre. A protagonista se vê atordoada com a saudade da família e o luto então decide criar uma droga que iria apagar os momentos traumáticos da vida das pessoas, fazendo com que se lembrassem ainda dos momentos entretanto sem sentir a dor deles. E a criação é bem sucedida em partes no estágio 1 a protagonista não vê muitos efeitos e melhoras entretanto logo em seguida vem o estágio 2 onde os momentos traumáticos começam a ser apagados e a pesquisadora se vê novamente feliz e de bem com a vida, eis que chega o estágio 3 onde Inês não tem mais vontade de fazer nada, fica ranzinza em um estado de apatia geral, a pesquisadora não tem mais memórias nem ruins e nem boas e nem vontade de levantar da cama. Ines se debilita cada vez mais levando ao seu falecimento.
Anos a pois o falecimento de Inês o governo declara uma nova pandemia, a síndrome da desconexão emocional debilitante. As cidades estão divididas em zona 0 onde estão as pessoas não infectadas e zonas 1,2 e 3 onde ficam as pessoas infectadas cada uma dentro do seu estágio de progressão da doença.
Já nas partes da fogueira somos apresentados ao Sandro um personagem residente da Zona 0 que tem a difícil tarefa de realizar teste com os infectados da zona 1 em busca de uma cura, durante suas visitas conhece Adriana a qual o solitário rapaz reencontra o amor a pois a partida de seu filho e a morte de sua esposa. Decide então largar seu emprego e se infectar para poder viver com Adriana os últimos anos de sua vida.
Já para o final do livro vamos descobrir o sentido do mistério por trás das pessoas sem memória na floresta, a pois só sobrar o número 5 ele é resgatado e é nos explicado que toda essa briga pelas memórias não se passa nada mais do que um teste para tentarem achar uma cura para a grande pandemia.
Agora as minhas considerações? O livro é bem escrito e te deixa preso do começo ao fim entretanto existem personagens que não mudam em nada a história e poderiam ter economizado algumas páginas do livro. E também o final foi bem mal acabado, não temos um desfecho para a tal cura que estava sendo instigava, acaba com Sandro detalhando seus últimos dias de vida. Tirando este fato é um livro que pode nos trazer grandes reflexões e não tem como não comparar com nossa sociedade e o aumento cada vez maior do uso das tecnologias e como o ser humano tem ficado cada vez mais insensível ao passar do tempo.
?Ele se sentia triste pelo apagar do amigo, mas sua tristeza era confortada pelo entendimento de que Sandro acolhera aquele destino com a serenidade de quem entende que a vida não se mede por sua extensão, mas pelos encontros no caminho. E que esses encontros são como o fogo, cuja luz dourada dança nos olhos de quem está com você ao redor da mesma fogueira.?