spoiler visualizarThe Manipulator 18/06/2024
Isso não muda nada.
Bem-vindo (a) ao meu diário de notas.
*Cuidado com os spoilers e deixo claro que essa resenha não é um ataque a quaisquer fãs ou a própria autora*
Nos primeiros capítulos eu não senti uma real mudança ou melhora na narrativa da Cora, pelo contrário, com tanto foco oferecido a ela em suas ?férias? a sua personalidade só se tornou mais confusa e irritante.
Infelizmente, da primeira página até a 166 (a qual me encontro agora enquanto escrevo esse início da minha resenha) já vi várias referências ou períodos parafraseados de outros livros famosos no universo do TikTok. Principalmente da série Devil?s night, Harry Potter (ambos novamente em cena) e, inesperadamente, citações de habilidades mágicas e uma cena de Trono de Vidro (alerta de spoiler nas próximas linhas). A cena que me refiro nesse momento tem com relação a interação sexual entre Dorian e Manon, onde as mãos fantasmas tocam a bruxa para conter suas mãos antes que ela se despisse para ele. E adivinhem? A mesma coisa ocorreu nesse exato momento. Compreendo que com o grande mercado literário e as múltiplas informações e ideias que surgem com ele, é possível que certos conceitos se repliquem, mas nesse nível que estou lendo agora? Sinceramente? Me dá preguiça, ao mesmo tempo que vontade de pular o capítulo, mas continuarei lendo para ver quais replicações serão feitas.
Como eu disse na minha resenha do primeiro livro: as cenas hots são confusas, perdendo o fio da meada descaramento e confundindo o leitor sobre o que, de fato, eles estão fazendo um no outro. Ela já não tinha tirado a camisa? Como que ele tirou a camisa dela novamente? Ele já não estava tocando a pele dela? Como que, pelos céus, ele começou a tocar a pele dela de novo agora? E seguimos com mais claras referências de Devil?s night em todas as palavras que Daemon dirige para Cora, as provocações, as afirmações e todas os desafios.
Se para completar o fato de que ?Isso muda tudo? na verdade não mudou nada é a falta de linearidade dos acontecimentos. Uma hora ele está simplesmente a incitando a uma foda e na outra muda a personalidade, assim como ela muda completamente a postura dela, em um evento que nem mesmo foi dito que aconteceria anteriormente. Na minha opinião, a falta de relação entre as emoções e ações deles drena mais o tempo do leitor em tentar ?linkar? os fato do que de fato ler a história.
Outro ponto que que a autora quis forçar uma impressão que não construiu ao longo da narrativa foi o ?segredo? de Cora e do Daemon. A magia das sombras, garras, o que quer que seja que a Cora diz ser um segredo, mas a todo momento expõe isso no meio de qualquer aluno e qualquer situação. Se fossem acontecimentos isolados, apenas entre ela e o Novak, aí sim poderia ser descrito como algo secreto entre eles. Mas dessa forma? Escancarado em eventos de suposto descontrole emocional onde ela arranha, marca e fere as pessoas publicamente? Não, acho que não.
E pensando por esse lado, nesse segundo livro a relação de Eros com a Cora está? irritante. A amizade é muito pouco explorada no desenvolvimento dos dois, mas muito bem explorada pela senhorita Weylin que se expõe e agarra o melhor amigo como se ele fosse um solteiro qualquer. A exposição que ela fez na frente dele com as fotos, a mensagem publicada, o descaramento ao arrancá-lo de perto da namorada. Tudo bem que amigos devem se apoiar, com relacionamentos pessoais no meio ou não, mas é de conhecimento comum que há novos limites na amizade a partir do momento que um deles começa a namorar. Você não pode mostrar fotos provocantes para ele, você não pode ficar o agarrando, beijando, chamando e etc na frente da namorada dele ou sequer na intimidade. Nesse segundo livro foi forçada essa relação para aumentar o drama e vilanizar a Dahlia, que agora estava deixando de ser a ?melhor amiga? para ser a namorada surtada/louca. Sendo que, no primeiro livro, ela apoiava a amizade deles e buscava dar suporte junto do Eros. Então, quando eles finalmente terminam, qual é a ideia genial da melhor amiga? Transar com ele. Uma grande amiga não é mesmo? Depois de ler essa coisa, eu tive que concordar com os pontos evidenciados pela Dahlia de quão tóxico aquele grupo era, quão disforme. Eles não eram uma família até o livro anterior? Que família é essa que se joga na cama um dos outros? Toda essa amizade entre a ?Elite? foi extremamente mal construída, se a intenção era todos acabarem em pares, a relação não poderia ser descrita como uma família platônica?
E se vamos continuar pontuando coisas mal elaboradas? Que tal falar sobre o senhor Novak, pai do Daemon, e como a sua personalidade que deveria ser aterrorizante é apenas confusa? Uma hora ele abusa do filho, na outra deseja a Cora, mas depois o próprio filho o descreve como um homem apaixonado pela mãe! Que tal, também, notarmos como o ponto de vista da criação do Daemon é confuso para o próprio personagem, já que ele mistura gratidão, ódio, competição, afeição, respeito e nojo tudo ao mesmo tempo? Adoro personagens com esse nível de complexidade, mas só faz sentido se houver um fluxo que explique o porque desses sentimentos. Na narrativa dos protagonistas os fatos são escassos e as ideias são soltas e aleatórias demais.
E continuando a leitura o relacionamento deles em nada se desenvolveu, assim como o relacionamento da Cora e do próprio Daemon que pula de um lado para o outro como um jogo de ping pong. Eu percebi a necessidade da autora em tentar escrever um dark, mas as relações, interações e emoções são tão rasas e escassas que não há no que se agarrar para construir o romance deles. Exatamente por isso que as coisas não vão pra frente e a história se assimila a um cão correndo atrás do próprio rabo. A personalidade da Winter e do Damon não cabem nessa história, por mais que seja forçada esse enquadramento? Os traumas de ambos foram expostos em suas narrativas, desenvolvidos, agora com Weylin e Novak? Você terá sorte se entender a natureza de seus problemas sem precisar se associar a outros personagens para conhecer o desenvolvimento que não encontrou na própria história deles.
Agora chegando na página 300, os plots, como bem notei são acelerados e desligados do contexto. O sistema de magias dele é inexplorado, impreciso e vago, não dando bases para você entender o seu funcionamento e a manifestação dos dons. Seja pela família deles ser ?pura? ou algum evento natural que não foi elaborado ainda. A falta de explicação dos dons e a pressão em forçar uma imagem da Elite, do auto conceito que os personagens tem de si mesmos e do romance forçado entre dois personagens torna a narrativa ainda mais bagunçada do que já era nas páginas iniciais.
(Alerta de spoiler)
E como nem tudo é tão ruim a ponto de você não conseguir enxergar algo bom, a ótima surpresa que encontrei foi um desenvolvimento e potencial em um personagem secundário em seu próprio Pov. Ezra, se fosse o protagonista, e se fosse escrito da maneira como foi pela autora teria deixado esse livro 100% melhor. 8 páginas entregaram mais do que 700 e poucas (o livro anterior completo + 65% desse segundo), inteligente, desenvolvido, a narrativa clara e linear. Além de mostrar novos aspectos de interpretação e julgamento que são muito mais interessantes do que todas as palavras ditas, pensadas e narradas pelos protagonistas. Acredito que caso os outros secundaristas tivessem seus próprios povs eles entregariam muito mais. E muito mais ainda uma visão que esclarecesse a personalidade e desenvolvimento da Cora e do Daemon como pessoas e como casal.
E quase no final do livro, no que deveria ser a melhor cena de hot já escrita nos dois volumes, a autora conseguiu estragar tudo ao replicar a mesma cena de Devil?s night, mais especificamente Kill Switch, contrariando todas as expectativas de uma cena original e o grande potencial da dinâmica dos personagens. Sinceramente eu não consegui compreender porque não desenvolver uma cena com uma dinâmica independente da sua série favorita, de não explorar a escassa química de Daemon e Cora e a química dela com o primo/irmão dele e a dinâmica dos dois juntos. Poderia ter entregado TANTO, mas a inspiração saiu do campo da inspiração e entrou na base da repaginação. Trazendo tantas similaridades que línguas menos contidas insinuarão a presença de plágio na história?
Bom, depois de tantos pontos ditos é fácil tentar contradizer apontando que eu estou procurando as similaridades e etc. Sim, eu sei que isso é possível, mas a partir que você se torna consciente de algo, ele não deixa de ser algo intuitivo e passa a se tornar uma ação ativa? Sob essa perspectiva eu afirmo que não procuro comparar as obras, mas que a minha leitura não é impassível de se surpreender com TANTAS similaridades. A partir da página 400, caminhando para o final do livro, eu realmente comecei a ver a tentativa de contornar as similaridades encontradas nas páginas anteriores, mas no final acabou sendo praticamente a mesma coisa, porém sob perspectivas variadas das personalidades dos personagens (as quais mudaram mais uma vez).
E finalizado o livro só digo uma coisa: o plot era óbvio, mesmo que mal elaborado.
E chegado o fim da minha resenha, digo que devorei esse livro em 1 dia para poupar meu tempo e elaborar pontuações frescas em respeito ao investimento financeiro que fiz aos livros e o tempo que esperei por eles. Mas sinceramente? Economizaria mais palavras da minha parte se eu tivesse comprado todas as séries referenciadas que identifiquei como bases/muletas da obra. Fica a critério de cada um adquirir sua própria experiência com os livros e não saberei dizer com precisão se investirei em volumes futuros dessa autora ou desse casal, mas deixo clara a minha curiosidade sobre a potencialidade das histórias dos personagens secundários.
(Ressalto que essa resenha não tem a intenção de ofender quaisquer fãs ou a própria autora do livro. Eu apenas trago um ponto de vista pessoal como alguém que PAGOU para ler esse livro e o AGUARDOU sob expectativas que não foram supridas).