amanda.sf 17/12/2023
“A Ruína de Um Reino", ou "To Kill A Kingdom", na versão original, é uma fantasia standalone (livro único) que reconta a história da pequena sereia, porém com várias mudanças.
Aqui, as sereias são seres mais monstros do que humanos, e além delas também temos as ninfas do mar, uma espécie um pouco mais encantadora, mas também mais mortífera. A nossa protagonista, Lira, na verdade é uma ninfa do mar, e é a filha da rainha do mar. Lira é conhecida como A Maldição dos Príncipes, porque ela mata príncipes e rouba os seus corações.
Já Elian, o nosso mocinho, é um príncipe, pirata e caçador de ninfas. O seu maior alvo é a Maldição dos Príncipes, que vem atacando a realeza e assassinando os seus amigos. E é claro que logo Elian também se torna o principal alvo de Lira, já que ele está caçando a sua espécie.
De cara, já achei essa sinopse muito boa, e o livro me atraiu bastante. Eu diria que o ponto alto aqui são os protagonistas. Eles funcionam muito bem isoladamente (mas nem tanto juntos, como vou falar a seguir), e ambos são extremamente ferozes, espertos e carismáticos. Eu imaginava que algum lado dessa relação estaria mais desequilibrado, mas não. Os dois são muito inteligentes e não fazem o papel de bobos, como é tão comum vermos em histórias em que temos algum tipo de fingimento ou mentiras, como temos aqui - já que Lira precisa se passar por humana para esconder a verdade, e Elian tem seus próprios segredos a esconder.
Porém, não achei a dinâmica deles como casal tão boa quanto eu esperava. Os diálogos são sem graça e muitas vezes infantis. Frequentemente, eles estavam discutindo e se provocando de maneira tão estúpida que me fazia revirar os olhos. Além disso, como dá para perceber pela sinopse, os dois são inimigos mortais. Sendo Lira a única que conhece a verdade, eu esperava que ela demorasse bem mais para se apaixonar do que Elian, mas foi o contrário. Logo ela estava caidinha por ele, ignorando todas as ninfas que ele já havia caçado e matado, e ignorando o seu próprio desprezo por humanos, que ela foi ensinada a ter. Não acho que isso seria algo impossível de acontecer, mas foi mostrada muito pouca interação entre eles para chegar ao ponto em que ela literalmente estava dando sua vida por Elian. Enfim, o romance me decepcionou muito. Foi um instalove fantasiado de enemies to lovers.
No mais, gostei um pouco de alguns personagens secundários, como Madrid e Kye, mas eles também não tinham nada de muito especial.
A mitologia também é extremamente rasa, e parecida com o que teríamos em qualquer livro YA. Foi a parte mais chata do livro, e as cenas de batalha não me cativaram nem um pouco. O mundo não é muito expandido, e temos poucos personagens. Em vários momentos foi descrito que tínhamos uma população de 100 pessoas no navio, mas só eram descritas falas e reações dos mesmos cinco personagens. Li Tress do Brandon Sanderson recentemente, e foi impossível não comparar.
A escrita também é bem típica de livros YA, com diálogos cringy (especialmente os dos vilões), o que me desanimou em vários momentos. No geral, te dá a mesma sensação de assistir a um filme da Disney ou a uma série da CW, apenas mais sangrento.
Por fim, também chamo a atenção para outro ponto que vem me incomodando em todos os livros da Literalize: a tradução. Esse é o terceiro livro que leio da editora, e em todos encontrei o mesmo problema. Diálogos estranhos, expressões que não fazem sentido e parecem ter sido traduzidas literalmente, erros de ortografia. Tudo bem que é uma editora menor, mas ainda é um absurdo, especialmente considerando o preço que eles cobram por esses livros. Vou pensar duas vezes antes de comprar qualquer coisa deles novamente.
No geral, dei 3.5 estrelas (porém na verdade seria mais para menos, 3.25) porque foi um livro relativamente divertido, com protagonistas interessantes, e uma história que consegue estabelecer bem um começo, meio e fim. O plot não é nada muito especial, mas a autora consegue fechar o livro de forma satisfatória. Além disso, o twist de termos ninfas do mar assassinas e um príncipe pirata no lugar da história clássica da pequena sereia é bom demais.