spoiler visualizarIsa Bom O 10/05/2023
Estudar Inconfidência Mineira de uma maneira diferente
Primeira parte (1-19):
* Descoberta do ouro, trabalho puxado, ouro transportado para Portugal, violência dos portugueses e termina com mais presságios.
* Poema Fala inicial: O poema dá voz àqueles que lutaram pelos seus ideais e que acabaram sendo silenciados pela repressão portuguesa. Seus versos são construídos em redondilho maior, sem rimas externas regulares. É possível observar uma aliteração em ?s? para simular os murmúrios da multidão. Constatamos durante todo o poema a condução do leitor nas lembranças de um tempo que acaba sendo presente. No início do poema observamos uma dualidade no jogo da linguagem, que irá perdurar durante todo o livro: amor e ódio; culpados e inocentes; castigo e perdão; herói e traidor; bons e maus. A dualidade é característica do estilo Barroco, que aparece no poema para causar essa atmosfera lírica.
* Trecho do romance 1: ?Que a sede de ouro é sem cura, e, por ela subjugados, os homens matam-se e morrem, ficam mortos, mas não fartos.? -> ideia da ganância do ouro. Neste poema há versos fora dos parênteses com a voz do eu poético que narra os acontecimentos e descreve os cenários. Nos versos dentro dos parênteses, há a voz dos bandeirantes que chegaram à região das minas gerais.
* Romance 13-19: Pessoas contratadas pela coroa portuguesa faziam contrabando de ouro sem taxação da coroa, como o contratador Fernandes. Quando a coroa via que esses contratados estavam roubando, eles cancelavam o contrato. Chica da Silva, que era uma escrava esposa do contratador Fernandes, se casou-se após a euforia com um dos homens mais ricos do Brasil, o conde que fez o contrato com o Fernandes.
* Poema Cenário 2: Ambientação do leitor, a voz lírica usa o advérbio ?eis? para situar a paisagem de Vila Rica por onde ocorrerão os momentos de ação. Os primeiros versos vão aproximando o leitor da Vila: ?Eis a estrada, eis a ponte, eis a montanha? e, ao final, a voz situa o leitor na atmosfera ouro-pretense: ?E eis a névoa que chega, envolve as ruas?. Todos esses artifícios utilizados pela autora aproximam do leitor o ambiente que será tratado nos próximos ?romances?.
Segunda parte (20-47):
* Começa com a Arcádia, cidade da Grécia que designava um local perfeito, ideal e dourado, exatamente como era visto o Brasil naquela época (terra do ouro). Porém na realidade, esse ambiente ideal do Brasil desaparece, falando da Inconfidência, sobre a traição do Joaquim Silvério dos Reis, e finaliza com as prisões, resultados desse movimento.
* Romance 24: Escrito em redondilha maior sem rimas externas e relata os encontros escondidos dos atores do movimento. Na segunda estrofe, a voz lírica expõe que as reuniões eram realizadas com as mais diversas pessoas e situações financeiras: ?Atrás de portas fechadas, à luz de velas acesas, brilham fardas e casacas, junto com batinas pretas. E há finas mãos pensativas, entre galões, sedas, rendas, e há grossas mãos vigorosas, de unhas fortes, duras veias, e há mãos de púlpito e altares, de Evangelhos, cruzes, bênçãos. Uns são reinóis, uns, mazombos?. Os versos sugerem que os encontros são realizados com a presença de militares, nobres e padres. Dando a entender que o movimento não foi realizado somente por um grupo específico, mas sim por grande parte da sociedade que estava cansada de ser explorada pela Coroa portuguesa. E no trecho ?E diz o Poeta ao Vigário, com dramática prudência: Tenha meus dedos cortados, antes que tal verso escrevam? Liberdade, ainda que tarde?, há referência à criação do lema da bandeira de MG.
Terceira parte (48-64):
* Começa com uma fala aos pusilânimes, ou seja, aos covardes, aqueles que acusaram Tiradentes de traição ou aqueles que delataram Tiradentes como Inácio Pamplona. Nessa parte fala das prisões, dos bens recolhidos e apreendidos dos inconfidentes e das consequências do movimento.
* Poema ?De uma pedra crisólita? fala da morte e prisão de Tiradentes. Ele começa falando que Tiradentes saiu de sua casa com uma pedra crisólita sem lapidação, para se referir a sua prisão, pois a crisólita é uma pedra de proteção da honestidade e sinceridade, se sem lapidação para dar ênfase no fracasso do movimento que resultou em sua morte.
* Trecho do romance 59: ?Não choram somente os fracos. O mais destemido e forte, um dia, também pergunta, contemplando a humana sorte, se aqueles por quem morremos merecerão nossa morte.? -> ideia da morte, destacando a luta e humanização dos confidentes
Quarta parte (65-80):
* Fala da partida do Tomás Antônio Gonzaga, seu exílio na África, seu casamento na África com a filha de um mercador de escravos (grande contradição).
* Se inicia com o poema cenário mostrando o jardim abandonado do poeta Tomás Antônio Gonzaga, mostrando que foi exilado em Moçambique. O eu lírico do poema não observa os acontecimentos do Ciclo do ouro, mas apenas reflete sobre eles. Essa ideia fica sugerida na referência à extração mineral já ocorrida ("tudo me fala e entende do tesouro/ arrancado a estas Minas enganosas,") num tempo passado ("por onde o passo da ambição rugia;").
* Trecho do romance 70: ?Hei de bordar-vos um lenço em lembrança destas Minas; ramo de saudade, imenso? Lágrimas bem pequeninas.? -> Tomás de Antônio Gonzaga mesmo exilado estava pensando em Minas Gerais.
* Enxoval interrompido fala do seu casamento interrompido por sua prisão e que ele estava bordando o vestido de sua noiva, bordando a liberdade e o amor.
* Cenário: A dor e sofrimento estão presentes, pois há a descrição da casa do poeta Gonzaga. o ambiente vai ser criado a partir dos fragmentos do passado e o que existe é ?um flácido silêncio? sobre ?esses restos de uma história/de sonho, amor, prisões, seqüestros,/degredos, morte, acabamen- to...? e já não existe mais o noivo bordando o ves- tido, pois tudo fora destruído: ?Ninguém vê mão nenhuma erguida,/com fios de ouro sobre o mundo,/para um bordado sem destino,/improvável e incompreensível.
Quinta parte (81-85):
* Fala das mulheres que de alguma forma sofreram as consequências da Inconfidência, trazendo a poetisa muito importante no movimento, Bárbara Eleodora, casada com um inconfidente que foi deportado para a África. E também há um poema dedicado a Maria eufigenia, filha da Bárbara, que morreu aos 15 anos numa queda de cavalo.
* Trecho do romance 81: ?Ó soberbos titulares, tão desdenhosos e altivos! Por fictícia austeridade, vãs razões, falsos motivos, inutilmente matastes: Vossos mortos são mais vivos; e, sobre vós, de longe, abrem grandes olhos pensativos.? -> ironia ao falar dos assassinos, pois eles mataram os participantes da inconfidência, mas pra sempre eles ficaram vivos, já os assassinos serão esquecidos, e passaram a vida inteira arrependidos e pensativos.
* Poema termina com o retratado de Marília de Dirceu a Antonio, que através daquele retrato as mulheres podem contemplar sua importância