spoiler visualizarLorena831 05/05/2024
"Não basta dizer que não amo mais o meu marido: eu o ODEIO!"
Gostei bastante, mas achei bem repetitivo...
Não imaginei que a história seria contada pelo ponto de vista de outro personagem que não fosse a Helen, então fiquei surpresa ao saber que ela seria narradas por meio de memórias um tal de sr. Markham escritas em cartas endereçadas a um amigo próximo. Achei o sr. Markham um personagem legal, mas nada além disso... só que dentro de um livro com tantos personagens insuportáveis (o nível estava realmente bem baixo), ele realmente pode ser visto como um oásis no meio de um deserto, principalmente pela protagonista...
Fiquei surpresa com a existência do diário da Helen (quando tinha me acostumado a narrativa de Markham, ele recebeu o diário) e em como ele toma a maior parte do livro, mas o que eu mais gostei foi a construção da personagem e como as palavras a inocentaram dos boatos mais do que eu poderia imaginar, visto que eu realmente tinha acreditado neles... A Helen é uma personagem muito forte que aguentou tudo de uma maneira impressionante... ela também tem ideias que são muito a frente de seu tempo e ela fala isso de uma maneira firme, sarcástica às vezes, mas em ser desrespeitosa, ela não aceita desaforo e é muito satisfatório vê-la tecendo comentários que várias vezes colocam pessoas sem bom senso no seus devidos lugares... por meio dessa personagem é possível perceber a crítica que autora faz aos costumes que as pessoas dessa sociedade tinham, mas que muitas vezes se mostram muito atuais, como a vida devassa e cheia de extravagâncias, além do casamento por interesse ou arranjado e a educação diferenciada entre homens e mulheres que leva a permissividade maior com os homens com relação a atitudes que seriam proibidas para mulheres, mas aceitáveis para eles, embora não aplaudidas. Tais críticas estão em um contexto de que, infelizmente, Helen acabou se apaixonando por um homem que depois descobriu ser desprezível (usarei esse único adjetivo para representar todos os adjetivos negativos que você conseguir imaginar sem nenhuma moderação) e contrariando os conselhos de sua tia, aceitou o pedido de casamento dele... Vi que algumas pessoas dizem que esse livro seria uma versão de O Morro dos Ventos Uivantes caso a Catherine e o Heathcliff tivessem se casado e acredito faz faz sentido, o Sr. Huntingdon é desprezível como o Heathcliff e tem atitudes e vícios muito parecidas com os dele (se me lembro bem, já que faz tempo que li), e consigo facilmente imaginar que o casamento deles seria tão tóxico quanto o de Huntingdon e Helen, exceto pelo fato de que Catherine com certeza bateria de frente com Heathcliff o que provavelmente ocasionaria explosões maiores. Nessa parte o livro acabou ficando repetitivo pra mim... já tinha entendido o quão desprezível o sr. Huntingdon e seus amigos eram e não precisava de tantas páginas para compreender a profundidade do problema e dos sentimentos da Helen decorrentes dele... essa é a parte que mais que lembra O Morro dos Ventos Uivantes e não levo isso como um elogio.
Nesse sentido, a quantidade de personagens insuportáveis é bem grande nesse livro, começando pelos amigos do queridíssimo sr. Huntingdon que são quase tão desprezíveis quanto ele, mas Huntingdon é o maior instigador dos hábitos e muitas vezes levou seus amigos a essa desgraça, por isso não acho que eles são tão ruins quanto o amigo... mas na verdade, nenhum deles poderiam de fato se considerar amigos, eles eram muito falsos e com amigos daquele quem precisa de inimigo... o mais inocente ali é o Lorde Lowborough, mas ao menos eles tentam encontrar o caminho de redenção depois (pelo menos a maioria deles). Outros personagens que merecem uma menção honrosa na categoria de insuportabilidade são: Annabella, sr. Hargrave e Eliza Millward. Primeiro vou começar pela Annabella, que no começo cheguei a acreditar que se tratava de uma personagem cujo objetivo era desafiar o sistema da época de uma maneira mais radical, mas logo as evidências de seus mau-caráter e a vontade de satisfazer apenas seus próprios interesses sem a defesa de nenhum valor ou ideia, além de transformar a Helen e o Lorde Lowborough em vítimas de suas maquinações com uso de piadas maldosas e sem sinal de remorso algum, a tornaram umas das personagens mais chatas do livro, mas tenho que dizer que ela e o sr. Huntingdon se merecem e não posso lamentar por terem colhido os frutos da vida que levaram. Em segundo, devo dizer o sr. Hargrave que tentava frequentemente se aproveitar da situação em que a Helen se encontrava, tentando constantemente entrar em um relacionamento com ela mesmo quando ela várias vezes o recusava, sendo inconveniente e convencido, porque, pra piorar ainda mais, ele ainda tinha completa certeza de que tudo o que ela precisava para ser feliz era ele. Em terceiro, temos Eliza Millward que parecia encontrar prazer apenas em comentar suposições sobre a vida alheia e usá-las como munição para atacar outros, principalmente o sr. Markham quando ele descobriu seu verdadeiro caráter e parou de cortejá-la.
Por fim, gostaria de mencionar que gostei muito do final do livro, principalmente por ver a alegria de Helen que depois de sofre por 500 páginas merecia um final feliz e digno.
Sobre a edição, eu gostei da tradução, porque era simples de entender, principal se comparada com outros livros da época, mas como estava acompanhando alguns pedaço da história com um audiobook em que o leitor usava outra edição, pude notar que em vários capítulos tinham partes faltando na edição da Principis... não sei se foi um erro ou uma escolha de deixar certas parte de fora, mas não foi uma situação que pude ignorar visto que aconteceu no mínimo em uns 20 capítulos...
Mas resumindo, eu gostei do livro e com certeza recomendo sua leitura.
"- Então - ele finalmente disse - você pensou em me desgraçar, não é? Fugindo e virando artista, sustentando-se com o próprio trabalho, não é verdade? E pensou em tirar meu filho de mim também, transformando-o em um ianque, um comerciante sujo ou um pintor pé-rapado?
- Sim, para impedir que vire um cavalheiro da estirpe do pai."