Newton Nitro 11/04/2015
Uma Obra Prima Brasileira de Leitura Obrigatória! A Saga da Formação do nosso Povo!
Encerrada a leitura do primeiro volume de o Tempo e o Vento eu afirmo, é a melhor saga épica brasileira que já li até agora. Já sabia que era fodásico, já sabia que o Érico é um dos maiores mestres da nossa literatura, mas véio, lendo com um olhar mais técnico, com olhos de escritor, caramba, a prosa do cara é medonha de boa.
Eu não esperava encontrar uma prosa tão cinematográfica, ágil, com abertura e fechamento de cenas impecáveis, transições temporais bem feitas, um equilíbrio de estrutura narrativa invejável e que mostra os quinze anos de labuta infernal que o Érico gastou na criação dessa obra-prima.
Para quem ainda não conhece a trama, O Tempo e o Vento: O Continente é o primeiro volume de uma trilogia que narra a formação do Rio Grande do sul pelo ponto de vista de personagens interligados pela família dos Terra-Cambará.
O Continente é dividido em pequenas noveletas, como sub-livros dentro do livro. Em O Continente temos quatro histórias, três histórias fechadas mas interligadas por meio dos personagens: "A Fonte", "Ana Terra" e "Um Certo Capitão Rodrigo", e a quarta história, "O Sobrado", é a trama que amarra toda a trilogia, unificando a obra.
É uma obra complexa em sua temática, apesar de leitura super acessível, daquele tipo de narrativa que você tem que ler a próxima página de qualquer jeito, ou seja, mais um livro para recomendar sem medo, todo mundo vai tirar alguma coisa da narrativa. Para quem gosta de escrever, considero leitura mais que obrigatória, as páginas do velho Veríssimo são aulas de escrita, com exemplos de construção de personagem e do que achei mais marcante, o entrelaçamento de monólogos interiores junto com ação e diálogos de uma maneira orgânica. Outra coisa que me chamou atenção é o modo como Érico trabalha com os símbolos da narrativa, especialmente o do Tempo e o do Vento, ressoando nas cenas, hora usando seus sentidos tradicionais, ora subvertendo seus sentidos.
Os temas são universais e super-atuais; a brutalidade e futilidade da guerra, o sofrimento feminino em um mundo patriarcal, a busca pela liberdade de ser, a crueldade imposta pela sociedade ao prender as pessoas em categorias fixas dependendo de sua origem, cultura, cor de pele, etc.
ANOTAÇÕES DURANTE A LEITURA (PODE CONTER SPOILERS)
Tempo e vento símbolos por todo o romance. Personagens se dividem entre personagens de vento, de tempo e de terra.
Pedro mestiço união dos povos, visionário, contador de histórias.
Ana terra, os Terra são os Stark do Érico Veríssimo.
Épico começa como os épicos clássicos, com o contexto do nascimento de um protagonista.
Estrutura impecável alternando presente e passado nos tempos verbais.
Joai caré, personagens são introduzidos pelos seus ancestrais, é uma história de gênese do povo do sul.
Ana Terra guerreira, fortíssima.
Uma aula para escritores, leitura obrigatória.
Símbolo do tempo e o vento por todo o romance.
Tema do aborto com Ana Terra.
Pedro, o pov misterioso, nunca sabemos o que ele pensa, tirando em sua infância e en alguns outros momentos.,ele é quase sempre visto por fora.
Ana transa sentindo a terra, como uma deusa, cena de sexo mitológico com Pedro, forças da natureza se misturando com os personagens, como nas histórias mitológicas de gestação de um herói.
Ana Terra, uma criação maravilhosa, peesonagem feminina completa, bem feita, bem construída, viva.
Pedro fala um português misturado com espanhol e é índio, o novo povo do sul.
Fantástico o desenvolvimento do romance de Ana e Pedro.
Música converteu os índios e pedro usa para converter os terra.
Música é vento também.
Histórias do joão malazarte histórias do negrinho do pastoreio figuras de trapaceiros arquétipo do trapaceiro crítica ao machismo do sul
Histórias são recontadas e novos detalhes aparecem
Personagens com grandes arcos dramáticos bibiana muda demais
O Velho Fandango personagem com a sabedoria do povo do sul
Símbolos interligam pela obra o sobrado a rocca o punhal personagens femininas reencarnam personagens masculinas em casa ressonância
O passado caiu sobre elas como sempre silêncio pesado
Pressentimentos são sempre verdadeiro
Povo marcial do sul, o médico pensa se a guerra atrapalhou a criação de uma cultura.
Trechos em poesia-proseada, ou prosa-poesia, como um épico clássico.
Isolamento no sobrado aumenta a pressão a níveis inimagináveis, lembrei do Iluminado do Stephen King.
Tensão em todas as cenas do livro, guerra fora, guerra entre as pessoas, vida é guerra.
Winter, metanarrativa comenta a trama de Luzia
Carl Winters como a voz do autor dentro do texto, suas cartas são para o leitor.
Carl Winters e o uso da estrutura narrativa espistolar, de cartas.
Preservação de ditados populares
Luzia apesar de sua doença nervosa, representa a nova mulher questionando o machismo
Luzia psicopatia misturada com apreço à cultura européia.
Luisa, a amoralidade da corte.
Dr winter - inverno europeu e o inverno do sul.
O sobrado como símbolo, bibiana quer tomar o sobrado, a história começa com o sobrado
A visão do doutor alemão dando um ponto de vista da civilização européia
Símbolo da roca
Ressonância da história da princesa Moura
Saga épica da formação do povo brasileiro do Sul
Símbolo do Cristo sem nariz
Velho Ricardo Amaral como o Deus do antigo testamento
Adaga sempre presente, no começo, no meio e no fim, com Rodrigo, com Pedro, etc.
Rodrigo rebelde vs Bento , rebeldia contra o antigo coronelismo
Capitão Rodrigo instinto puro
Capitão Rodrigo versão sulista do arquétipo do trapaceiro
Ricardo amaral e rodrigo tambará são sombras um do outro
Capitão Rodrigo e sua ligação com a música, ressonância com o mestiço Pedro do
começo da narrativa.
O tempo narrativo vai e volta, presente e passado, em meio das cenas, como o vento.
A terra comendo gente, os personagens fertilizando o futuro Rio Grande do Sul.
Bibiana, Ana Terra reencarnada. Voz carregando a ancestralidade feminina.