Denise Ximenes 20/06/2022
"Quem não reage rasteja." (Marighella)
Os brasileiros vivem uma farsa, um negacionismo histórico amador, uma inflamada retórica antiesquerda.
Nesse universo orquestrado pelo pseudo-filósofo conservador e guru do atual governo, qualquer resposta problematizadora a questões complexas é descartada como uma excentricidade de acadêmicos afetados, comunistas imundos.
Para um presidente que vomita discursos pífios como "violência se combate com violência" e outros tantos conhecidos nossos, as discussões filosóficas são desprezadas e a imprensa só serve quando atende aos seus interesses e confronta seus inimigos.
Redução de verbas e privatização de universidades, aprovação da educação domiciliar e o menosprezo à Cultura são apenas exemplos do desserviço desse governo, que é uma fábrica de crises.
Esse flerte com a ditadura, essa repressão e esse autoritarismo, essa ojeriza que se afirma contra as minorias são, antes de tudo, um retrocesso moral do qual o chefe do executivo tem orgulho. E mascara tudo isso com o discurso conservador de ocasião, invocando a santidade da família patriarcal.
Termino essa leitura com a sensação de estar na fictícia Bacurau, refém do escárnio daqueles que representam o "Bem", a "Ordem" e a "Moral".