Ana Carolina Santos 04/09/2015Novo Gossip Girl?Conheci a série de livros de PLL através da série de TV, há uns três ou quatro anos. Assisti a uns quatro episódios da primeira temporada e parei. Não gostei muito da série, embora a premissa tenha me interessado. Desde então quis ler os livros. E dessa vez não me desapontei.
“Maldosas” me surpreendeu mais do que positivamente. A narrativa flui muito fácil, li bem rápido. O que mais me agradou foi a semelhança com a série de livros “Gossip Girl”, uma das minhas favoritas.
Para começar, essa semelhança entre PLL e GG já é citada na orelha do livro: “Numa mistura de ‘Gossip Girl’ e ‘Desperate Housewives’…”. E logo na primeira oração já há menções de marcas (isso é uma constante tanto em PLL, quanto em GG): marcas de roupas, maquiagem, carros, celulares etc. As personagens principais – Aria, Hanna, Spencer e Emily – são bonitas, ricas e estudam num colégio particular que utiliza uniforme. Cada capítulo é focado numa personagem, assim como em GG. Há muitas referências à cultura pop: GG citou diversas vezes Arctic Monkeys, minha banda favorita; e PLL citou bandas como Radiohead e Fall Out Boy.
Contudo GG leva vantagem em um aspecto primordial: PLL se passa na cidade de Rosewood (não tenho certeza se ela existe ou se é fictícia), que fica no subúrbio da Filadélfia, Pensilvânia. Convenhamos que subúrbios americanos não são os cenários mais excitantes para se ambientar uma história. GG e sua Nova York ganham de goleada nesse quesito.
Outra questão na qual GG é superior a PLL é que, dentre os protagonistas, há meninos. Dan e Nate fazem toda a diferença à história. Em PLL, o principal são os dilemas das quatro meninas supracitadas. Não estou dizendo que é chato – longe disso –, mas que ficaria melhor se os garotos tivessem mais espaço na trama. É claro que há garotos na trama: os namorados e “ficantes” das protagonistas, mas eles têm pouco destaque e, no pouco que aparecem, são completamente tediosos. Esse é um ponto negativo da autora: não saber desenvolver bem os personagens masculinos. Isso ficou mais latente para mim, pois sou “cria” de GG e a autora Cecily Von Ziegesar sabe como ninguém fazer com que os personagens masculinos sejam verossímeis. Ezra Fitz, o par de Aria, é muito mais interessante na série de TV do que no livro, por exemplo.
Disse que o que fez eu me interessar pela história foi a premissa, e ela tem um desenvolvimento magnífico no livro. Antes o grupo de amigas não era composto por quatro membros, e sim por cinco: Alison desapareceu misteriosamente anos atrás. Ninguém sabe o que aconteceu com ela: se foi sequestrada, assassinada, se fugiu pra Namíbia com um norueguês chamado Lars etc. As quatro remanescentes seguem suas vidas normalmente até que três anos depois do acontecimento, começam a receber SMSs e e-mails que só poderiam ser enviados por Ali, pois apenas a amiga desaparecida sabia de certos segredos obscuros das protagonistas. Plus: as mensagens são assinadas com um A.
Além do mistério em torno de A, há a “Coisa da Jenna”, que eu imagino que só possa ser a tradução de “The Jenna Thing”. (Aliás, vou abriu um enorme parênteses para criticar essa tradução e edição da Rocco – que já tem tradição no que concerne a erros em edições. A Rocco precisa urgentemente trocar sua equipe de tradução e revisão.)
Não só de futilidades de menina e mistérios vive Pretty Little Liars. O livro levanta questões polêmicas e válidas: as dúvidas sobre sexualidade e futuro profissional (fazer o que te dá prazer ou seguir algo pré-determinado pela sua família?), racismo, bulimia, competição entre amigos e na família, envolvimento amoroso entre professor e aluna, cleptomania, entre outros.
Concluindo, PLL vale muito a pena ser lido, não apenas como entretenimento, mas também para se refletir.