Craotchky 03/05/2018Eu, Verissimo e mais um livro"O homem foi, é e será sempre o mais incoerente e estúpido dos animais."
Publicado em 1939, Viagem à aurora do mundo é um livro adorável, muito gostoso de se ler. Traz ilustrações e capítulos curtos, o que torna a leitura fluída. Lembra em alguns aspectos livros como os de Júlio Verne e alguns livros de aventura de Conan Doyle. No prólogo Erico inclusive cita O Mundo Perdido como uma influência para Viagem à Aurora do Mundo.
O narrador - em primeira pessoa - principia seu relato afirmando que tudo o que se segue são fatos verídicos.
Dagoberto acaba de publicar seu "discutidíssimo romance As Portas do Tempo". Após o fim do árduo trabalho ele sente-se mal e resolve tirar um tempo pra si. Acaba indo para São Silvestre, pequeno vilarejo, e logo descobre que ali perto há um casarão chamado "Vila do Destino" onde há seis meses vive um grupo de pessoas forasteiras que jamais são vistas. Curioso, o escritor logo aventura-se numa caminhada nos arredores do casarão.
Encurtando a história, ele acaba convidado a ser hóspede na casa. Lá permanece com um curioso grupo de pessoas: um físico, um homem de negócios, um naturalista, uma religiosa, um filósofo, uma moça bonita, um fantasma, um músico, um empregado e um cozinheiro chinês. Acontece que o físico, após anos de pesquisas, descobre um tal "raio-z" capaz, contrariando Einstein, de viajar mais rápido que a luz. Com isso, constrói uma máquina capaz de projetar imagens do passado.
O livro tem por tema a pré-história e por vezes assume um tom didático. O físico projeta imagens (reproduzidas no livro) das eras iniciais da vida na Terra com seus monstros antediluvianos 🦕, e o naturalista vai explicando cada espécime enquanto é ora alvo de deboches por parte do filósofo, ora alvo de descrença por parte da religiosa.
Com a palavra, Erico Verissimo:
"Procurei dar neste livro, destinado a leitores de todas as idades - leigos como eu na matéria - uma história compreensiva daqueles truculentos habitantes do mundo antediluviano. Tratei de açucarar a pílula, envolvendo a narrativa nos véus do romance e por sinal romance folhetinesco [...]"
Mas há mais neste livro. Além do clima de aventura pré-histórica, há um misterioso fantasma que surge sempre no mesmo horário e Erico também insere no meio disso tudo um romance: O escritor (narrador, protagonista) apaixona-se pela moça bonita, Magnólia, que por sua vez está prometida em casamento com o homem de negócios que bancou o investimento necessário para a construção da máquina.
Este livro contém clichês e é até classificado como infanto-juvenil. Não espere encontrar informações científicas atuais; não espere também diálogos reflexivos e maduros do tipo que são encontrados em outros livros do autor. Entretanto pode esperar uma boa narrativa e entretenimento de qualidade.