Brenda 21/08/2021
Notas de um velho safado
?Eu passara por um longo e fodido processo de aprendizado.
Eu queria resistir a todas as armadilhas, para morrer junto à máquina de escrever, uma garrafa de vinho à minha esquerda e o rádio, tocando, quem sabe, Mozart, à direita.?
Esse foi meu primeiro contato denso com Bukowski. Eu já conhecia seus poemas, mas nunca havia lido seus contos, e conhecê-lo um pouco mais através deles foi uma experiência visceral. As visões críticas do próprio tempo o tornavam, de fato, um hippie antes dos hippies, um beat antes dos beats, mas mais do que isso: um talento incompreendido pela mídia. Ele era louco? Sim. (Mas, afinal de contas, o que é normal?) Porém, possuía um grande tato para a literatura. A mídia o rejeitava porque sentia medo dessa verdade nua e crua (literalmente) de suas palavras grosseiras e tão, tão absolutamente reais da pobreza de Los Angeles.
A sensibilidade de Bukowski era um aspecto do qual eu não imaginava encontrar, porque sempre o imaginei como um ?durão? boa parte do tempo. E ele era. Mas também poderia ser bastante sensível, e essa foi uma surpresa positiva. Além de tudo, dotava de uma sensatez sóbria, ciente de si mesmo, ciente da política. Poderia se tornar, claro, orgulhoso e um pouco vaidoso por vezes, mas na maioria deles era sensato e crítico. Não era influenciável.
Além disso, alguns contos foram realmente divertidos, outros sensíveis, outros estranhos, outros safados, mas todos trazem alguma forma de reflexão, o que é extremamente positivo pra mim. Recomendo demais a leitura, principalmente se for seu primeiro contato com Bukowski. Achei uma boa introdução.