Tamara 06/11/2020
Sempre que sai o lançamento de livros de alguma autora que adoro minha ansiedade para lê-lo logo vai nas alturas, mas ao mesmo tempo fico guardando a leitura como quem guarda um doce muito desejado, só para ela não acabar. Mas, assim que comecei A irmã do sol, no dia mesmo em que ele saiu da pré-venda, apesar de querer lê-lo devagar isso não foi possível e não parei mais de ler a história até chegar ao seu final. Já nos primeiros capítulos, me envolvi primeiro com a história de Electra, a protagonista do presente, mas em seguida também me apaixonei pela história de Cecily, a protagonista do passado, e para ser sincera não consigo definir de qual mais gostei pois ambas tem histórias envolventes e cada uma é fascinante ao seu modo.
Essa leitura de certa maneira desmistificou muitos preconceitos tanto meus quanto de outros leitores com quem troquei ideias sobre o livro, pois Electra era uma personagem que nos livros anteriores soava bastante detestável, e todos receávamos o livro dela, mas no momento em que nos deparamos com sua história, apesar de haver um ou outro momento que nos causa raiva pelas atitudes da personagem, em geral meu sentimento foi de pena, tristeza, e mais tarde de luta e alegria quando vi ela superando suas questões.
Além disso, posso dizer que essa foi uma das obras das sete irmãs que mais trouxe assuntos que levantaram temáticas importantíssimas para a humanidade em geral, e nos apresentou um ativismo bastante intenso por várias causas, o que se tornou algo que mexeu comigo. Inicialmente, o livro aborda toda uma questão do uso de drogas, como as pessoas lidam com esses temas, além de mostrar que nem sempre alguém que tem condições de vida difíceis, que não encontra ajuda e apoio consegue sair disso, e mostra também um outro lado, como a determinação, o apoio conseguem fazer com que alguém saia disso, mas mostra também que cada caso é muito único e simplesmente não devemos julgar. Ainda, há um grande ativismo em torno do racismo, uma vez que diversas personagens são negras e aborda-se isso de uma maneira realista à medida em que vemos pessoas que sofrem preconceitos por causa de um cabelo afro, por causa da cor da sua pele, e o modo como isso sempre existiu e ainda continua existindo.
Há ainda uma abordagem incrível que nos leva diretamente para a África e nos transmite como é a vida lá, e para mim, sem sombra de dúvidas esse foi um dos melhores cenários dentre os já apresentados por Lucinda, uma vez que raras vezes encontramos esse continente em livros, além de encontrarmos vislumbres da segunda guerra mundial, ainda que breves, e eu gosto de ler sobre esse período específico da história.
Outro ponto que me encantou foi a presença constante de diversas personagens encontradas nos outros livros, e em algum momento da história ouvimos falar sobre cada irmã, como ela está, como tem sido sua vida e esses vislumbres, ainda que breves das outras histórias nos permitem matar um pouquinho da saudade de outros personagens e cenários queridos.
Admito que dois pontos me incomodaram de certa forma, embora eles não tenham sido tão relevantes diante de toda a grandiosidade que o livro me transmitiu, e portanto acabaram não influenciando na minha nota final para a obra. O primeiro deles diz respeito ao romance que para mim não funcionou de modo algum, e achei que o casal escolhido por Lucinda não teve a menor química, e apesar de ter gostado do par da protagonista enquanto pessoa, não fez o menor sentido ele como par romântico de Electra, o que aliás não é uma grande novidade, tendo em vista que nos últimos livros da série das irmãs Lucinda tem errado feio na escolha dos pares românticos. Além disso, o segundo ponto que me causou um certo incômodo foi a recuperação da protagonista em relação às drogas de maneira muito rápida, e embora isso seja incrível, é claro, achei que não foi tão condizente com a realidade o tempo utilizado pela autora tendo em conta o longo histórico com essas substâncias que a protagonista tinha, mas mais uma vez, apesar de adorar Lucinda e a série das Sete irmãs, acho que isso é uma característica constante nas obras dela, o fato de fazer as coisas acontecerem muito rápido.
Finalmente, posso dizer que esse livro me deixou com muita vontade de ler logo o próximo para desvendar todo o mistério por trás dessa família, da sétima irmã e do pai intrigante, mas ao mesmo tempo, me sinto com uma leve saudade antes mesmo de acabar a série, pois há anos que espero o lançamento de cada novo livro com ansiedade.
Enfim, A irmã do sol é um livro que vale a pena ser lido na ordem da série, e essa série é incrível e me fascina cada vez mais.