Canções de atormentar

Canções de atormentar Angélica Freitas




Resenhas - Canções de atormentar


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Ariadne 08/03/2024

Favoritos:

"eu sou a garota mais doce ao sul do equador
o garoto mais quente que conheço
eu sou eu sinto que sou
eu mesmo

eu sou a garota fugaz da minha rua em flor
o garoto que rouba as flores das casas
eu sou sobretudo eu sou
eu mesma

eu sou a garota mais valente ao seu dispor
o garoto mais engraçado que conheço
eu sou eu sinto que sou
eu mesmo"
(p.38)
----------

an introduction to mate

"see this green tea here?
the erva?
it goes in here, yes,
this is called cuia.
there! not too much
about three quarters
will do
cover the cuia with
your hand and shake it
up and down.
perfect.
this green powder on
your palm, just blow it off.
it is best if the erva
makes a little slope
say, 45 degrees.
now we pour some
warm water in it
let it brew for a bit
then put the bomba in
yes, the straw.
and it's good to drink.
pour some hot water in
and drink it.
now, they say you have
to be born here to like it
(too strong for you,
really?)
you can pretend you have
been born here but you
can't pretend you like it
sure, i'm talking about
the mate."
(p. 67-68)
------
ana c.

"ana c. me salvou de ser técnica de eletrônica
aos dezesseis
quando entrou de vermelho
em minha vida
e me deixou
aos seus pés

não tive escolha
foi um baita clarão
soco na goela seguido
de cisco no olho

quem é ela
o que é isto
quem sou eu

em 1989 a gente não tinha google
as bibliotecas eram enxames pré-vestibulares

saber de ana c. e em seguida
de seu suicídio
fez de mim uma das mais jovens
viúvas de ana c.

eu me perguntava
mas por quê por quê por quê
você foi se matar
como se uma guria toda errada
míope descabelada
no fim do fundo do país
fosse fazer qualquer diferença
em sua vida ou anseio de continuidade

mas foi assim que aconteceu em 89
e eu larguei os estudos de eltrônica
porque até ana c. eu não sabia que se podia
escrever assim e eu queria escrever -

até hoje nós viúvas jovens e nem tanto de ana c.
sóbrias ou já meio loucas estamos procurando
uma noite de amor nas linhas de seus poemas

rezando para que saia enfim a tal biografia
que nos conte o que mais houve
para darmos visões novas ao nosso amor
e novos cenários para o nosso tesão

torcendo para saber que outras bocas ela beijava
porque afinal é sempre a nossa

e afinal são as nossas mãos que ela pega
até hoje quando escrevemos um verso, pelo amor -"
(p.76-77)

--------
e claro, gosto muito também de Canções de Atormentar, que não irei transcrever aqui por motivos óbvios.
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oliveiralauras 16/12/2023

.
Perfeito, único, nunca feito antes, esplêndido. te amo, Angélica Freitas. pretendo produzir algo sobre a escrita da autora.
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Italo139 02/06/2023

Poesias marcantes com algumas sendo criticas a sociedade escondidas na minha percepção d leitor e bom
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Isabelle 23/03/2023

Não entendi.
Alguns poemas eu até compreendi um pouco, mas no geral não entendi.
Muito confuso sem pé nem cabeça.
Pra mim não fluiu a leitura.
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Retalhos e Prefácios 05/03/2023

Não deu!
Definitivamente, essa autora não dá pra mim. Li o outro dela e não gostei. E é super elogiado. Aí li esse pra ver se, dessa vez, eu gostava e também não rolou.
Acho que não consigo compreender a intenção dela... Sei lá!
Tenho a impressão de que ela escreve qualquer coisa,
daí
organiza
assim
e
publica
chamando
de
poesia.
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dora79 21/01/2023

poesia politizada n é pra qualquer um
ai sinceramente eu achei chato n é pq vc faz uma crítica social que todos vão entender e nesse caso eu sou todos porque não entendi, mirou na crítica e acertou na crítica que só ela entende sei lá
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Thiago 13/01/2023

Bom
Tem uns poemas que passaram batido e sequer me fizeram "esboçar um sorriso" e tem os que me pegaram pelos cabelos (mas não foram muitos, vale dizer): o do Carver, o da Juçara Marçal, o de Rosário etc., excelentes. Livrinho bom pra ler num dia chuvoso de verão.
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Lorena 23/12/2022

Esse livro está na minha lista já tem um bom tempo e finalmente (!) consegui terminar de lê-lo.
Conhecia o trabalho da autora, mas não senti vontade de ler nada dela antes.
Esse livro em específico foi uma experiência bem gostosa, fui até atrás da performance dela no youtube! Angélica escreve bem, num ritmo gostoso de acompanhar.
Maria Fernanda Greiner 23/12/2022minha estante
É o livro dela q mais gosto, teve um q eu odiei kkkkkkkk




Leila 05/06/2022

Poesia
"canções de atormentar
atormentar, atormentar

não tem para onde fugir
e você não consegue
tapar os ouvidos
Com os cotovelos

canções de arrepiar os pelos
de me fazer odiar

canções de atormentar
atormentar, atormentar"
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Mony 10/05/2022

Não gostei muito, o livro é muito confuso, já tinha lido "um útero é do tamanho de um punho" dessa autora e gostei mais do que este.
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May 08/03/2022

Poetisa contemporânea maravilhosa
Gostei muito dos poemas, principalmente Ana c., a Sônia E canções de atormentar.

diante de ti
reclinada assim
nua

um homem saberia
exatamente o que fazer

e por isso mesmo
erraria
eles erraram
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Pri | @biblio.faga 16/11/2021

algum café em rosário

que bom
não querer nada
ficar sentada no café
e não querer outro café
nem mesmo água
e de repente
não querer escrever
nem ler
nada, nada
e sobretudo não querer
ir pra rua nem voltar pra casa
e muito menos
avisar alguém
do paradeiro
só ficar parada
no paradeiro
muito quieta
derrubando com as pálpebras
o sistema
(fala mais baixo
senão ele te ouve
e o garçom volta
com a conta)
capitalista
shhh capitalista
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Charlene.Ximenes 17/01/2021

Terceiro livro de poesia da autora gaúcha. A obra traz desde textos autobiográficos a crônicas acerca da vida nas grandes cidades, com referências literárias com a cultura pop e o humor de "Rilke Shake" e "Um útero é do tamanho de um punho", seus livros anteriores.

Alguns poemas são bem simples e outros tratam de forma irônica temas diversos sobre nosso tempo. O desejo não é oferecer respostas ao leitor, mas causar incômodos e instigar a fazer mais perguntas. Uma das temáticas que mais gosto são os versos que trazem a percepção de ser poeta como um modo de pertencer ao mundo.

(a poetisa é legal / o que ela escreve não faz mal // a poetisa tem um blog / onde ela posta canções de rock // a poetisa lançou um livro // "o escaravelho do descalabro" // ela escreveu ajoelhada no milho // a poetisa é boa pra caralho [...]).

Fiz a leitura aos poucos, lendo um ou dois poemas antes de dormir. Não foram poesias que me tocaram fortemente ou me causaram intensa identificação. Reconheço a importância da obra da Angélica Freitas para contemporaneidade, seu cuidado com a linguagem e seu convite para um olhar para nós mesmos.
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dormideira 17/12/2020

"Canções de atormentar" é um livro que dá para se ler de uma sentada, mesmo. Não que não deixe sobre o que refletir ou que não tenha subtexto, ao contrário do que muitas resenhas disseram, mas parece que o estilo da Angélica Freitas é mais amigável do que certa "poesia elevada" e isso pode confundir.

Talvez seja a melhor poesia para o nosso tempo, curta e certeira, que não deixa de ter símbolos, mas que é capaz de rir de si mesma e dos outros. Ou seja, o texto não é cifrado, mas exige, sim, raciocínio para entender aonde a poeta (poetisa?) está querendo chegar. E chega. E vai.

Em comparação com "Um útero é do tamanho de um punho", dá para ver que a autora amplia bastante a quantidade de temas abordados, fazendo referências diretas ao tempo passado e presente, a outros países, a outros autores. Nesse sentido, o poema "ana c.", por exemplo, é bastante revelador: Ana Cristina Cesar também cruzava confortavelmente referências do cotidiano e das grandes letras de forma despretensiosa.

Quanto à forma, nesse livro parece que há uma incidência um pouco mais forte de ritmo e de rima (além do aproveitamento do espaço em branco e da pontuação) em especial com o poema "canções de atormentar", talvez porque esse tenha sido parte de uma performance. Na minha humilde opinião, dava para ter colocado esse poema na abertura, porque ele dá muito do tom de significado e não perde as referências clássicas que, para aqueles resenhadores que acharam esse livro menor, parecem ser imprescindíveis.

site: https://1brogue.wordpress.com/2020/12/17/151/
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Alê | @alexandrejjr 15/12/2020

Tormento leve

Este “Canções de atormentar”, um dos aguardados lançamentos da literatura nacional em 2020, foi meu primeiro contato com a poeta Angélica Freitas. E não foi dos melhores, preciso dizer.

Conhecida pelo famosíssimo “Um útero é do tamanho de um punho”, Angélica Freitas, que é gaúcha como eu, faz parte da nova leva da poesia nacional e, mais importante, da nova leva de poetisas brasileiras. Sou um leitor de poesia que gosta de ser surpreendido, apesar de ainda conhecer muito pouco do que se produziu e se produz por aí nesse gênero. Além disso, preciso confessar que, em termos de poesia, gosto de achar desordem na ordem, e não o contrário, caso da maior parte dos poemas desse livro. Obviamente é preciso levar em conta que há mensagens nas entrelinhas que com certeza eu não peguei.

Ainda sim, sabendo de onde estamos partindo e que tipo de visão de mundo podemos encontrar aqui, os poemas tratam de temas como infância e vivência, terrenos nos quais encontramos os melhores versos. Senti que a necessidade natural da Angélica em conversar com os problemas de seu tempo, da urgência mesmo, foi mal executado, podendo prejudicar um pouco o resultado final da obra como um todo.

Para finalizar, destaco na sequência os poemas que me agradaram mais. São eles: o divertidíssimo “você não sabe o que é uma teta caída”, que aborda com muita inteligência a questão do corpo feminino; “louisa, por que não me googlas?” que tem uma musicalidade gostosa de ler; o inconsciente consciente de “para as minhas calças”, espécie de exercício mental que quase todo mundo já fez na vida e que através dos versos traz à tona uma situação simples de maneira original; os lúdicos “mentiras” e “hora mágica”, o engraçado “an introduction to mate”, que para os gaúchos é engraçadíssimo; e por último, o muito particular “juçara marçal adota um gato” que, para quem escuta a música e gosta da persona da cantora Juçara Marçal, é um presente. Leitura rápida, mas insatisfatória no fim.
Geórgia 15/12/2020minha estante
Li um útero é do tamanho de um punho e tive a mesma sensação, boas premissas com uma execução estranha. Não deu vontade de conhecer mais nada da autora


Alê | @alexandrejjr 15/12/2020minha estante
Bom saber, Geórgia, também não me animei muito a ir atrás do que ela já produziu.


ThiFelippe 01/01/2021minha estante
Senti a mesma coisa. A parte que mais gostei foi a última, a "canções de atormentar" mesmo... Acho, inclusive, que ela seria um ótimo eixo temático para um outro projeto, mas nesse, achei que ficou meio deslocado.


Alê | @alexandrejjr 08/01/2021minha estante
Eu realmente achei pouco inspirado, Thiago.




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