Rafa569 15/01/2024
#03: A vida não é útil - Ailton Krenak
"Em reflexões provocadas pela pandemia de covid-19, o pensador e líder indígena volta a apontar as tendências destrutivas da chamada "civilização": consumismo desenfreado, devastação ambiental e uma visão estreita e excludente do que é a humanidade."
Krenak faz apontamentos interessantes sobre o modelo capitalista e o consumo desenfreado, e me deixou mais pessimista quanto a alguma chance de reversão de tudo o que os seres humanos modificaram na natureza e o impacto causado. Penso que já chegamos ao tal "point of no return" e que a Terra continuará de alguma forma, mas a humanidade em algum ponto não terá mais condições de vida e seremos só mais uma espécie extinta neste planeta, ainda que isso leve muito tempo para acontecer.
O ser humano não está disposto a abrir mão das tecnologias, que demandam muita energia para manter seu funcionamento (vide os imensos galpões que abrigam servidores de Big Techs como o Google). Há uns anos assisti um documentário (Aftermath: Population Zero), que especulava o que aconteceria com a Terra caso os seres humanos deixassem de existir: vários sistemas criados, como usinas nucleares entrariam em colapso por falta de manutenção, ou seja, nós deixamos rastros por aí, que causariam destruição mesmo se deixássemos de existir.
Lendo estas reflexões, me lembrei da época da pandemia, e que tínhamos a falsa esperança de que a sociedade repensaria a vida e o consumo, porém continuamos a viver do mesmo modo e até esquecemos a quantidade de vidas perdidas naquela época, o que reforça meu pensamento de que nada mudará e as pessoas no máximo realizam algumas ações individuais "contribuindo com sua parte para o nosso belo quadro social" nas palavras de Raul Seixas.
"a Terra tem o suficiente para todas as nossas necessidades. Mas se você quiser uma casa na praia, um apartamento na cidade e um Mercedes-Benz, não tem pra todo mundo" p. 65
"A verdade é que nós não precisamos de nada que esse sistema (capitalismo) pode nos oferecer, mas ele tira tudo o que temos" p. 67