Delano Delfino 25/12/2020
Como descrever esse livro?? Ainda sem palavras com os relatos descritos aqui.
Antes de mais nada, comecei a me interessar por livros sobre racismo e feminismo, sobretudo feminismo negro ao me encontrar por acaso com o livro Olhares Negros da Bell Hooks.
Abri uma pagina aleatória e li sobre como o homem negro é tratado na comunidade em que ela vivia, através da história do seu irmão, até então apenas um menino. Me apaixonei pelo livro, através dela, conheci Toni Morrison, Angela Davis, Djamila Ribeiro, Leilia Gonzalez, entre outras.
Passeando pela Amazon, outro livro de Bell Hooks me chamou atenção pelo título: E eu não sou uma mulher?? Comprei e enquanto aguardava a entrega, resolvi investigar um pouco sobre esse título tão marcante.
Assim tive o privilégio de conhecer Sojourner Truth. Deixei o livro de Bell Hooks, para ler esse primeiro e foi a melhor coisa que eu poderia ter feito.
Sojourner, se tornou conhecida pelo discurso que dá título ao livro. Mas esse livro em questão é a sua biogafia, narra a sua trajetória de vida. A trajetória de uma mulher impressionante que apesar das condições que a vida lhe impunha, sempre foi honesta, dedicada e amorosa.
Esse livro é fundamental sobretudo para quem pretende conhecer a verdadeira história da escravidão nos Estados Unidos (que não era diferente de nenhum lugar do mundo) e ouso dizer até as origens do racismo.
Um relato chocante, porém verdadeiro. Nunca vou esquecer, o relato do filho dela um menino pequeno, que depois dela mover mundos e fundos foi devolvido a ela, pois havia sido vendido mesmo sendo contra a lei em vigor. Ele, narrando tudo o que foi obrigado a passar, os castigos que recebia, não só ele como os outros escravizados da casa. E no final ele ainda era grato ao "senhor" e pedia para que não o separarem dele.
Não é um livro alegre, mas muito necessário, diria até essencial. Sobretudo para as pessoas que adoram disseminar pelos quatro cantos que racismo e discriminação não existem no Brasil. Ele nos faz entender do que as pessoas são capazes de fazer, usando a religião como desculpa e como as pessoas podem ser cruéis e se regozijarem com seus atos de desumanidade. Apenas, por se acharem superiores a outros seres.