Limite Branco

Limite Branco Caio Fernando Abreu




Resenhas - Limite Branco


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Arsenio Meira 20/06/2013

PASSOS INICIAIS
Li o romance de estreia do Caio F., simultaneamente ao livro (póstumo) A VIDA GRITANDO NOS CANTOS, que reúne suas crônicas desde o ano 86 até o ano de sua morte.

Para quem, apesar de já ter na sacola uma boa bagagem de leitura, não conhecia Caio F., melhor cartão de visitas não poderia haver.

Romance de formação, de uma angústia tão palpável que chega a doer na pele, LIMITE BRANCO foi escrito por Caio, mal este completara 19 anos.

Subjetivo, intimista, o romance nos apresenta Maurício, cuja voz ainda adolescente reconstrói com uma nitidez lânguida e ao mesmo tempo exata, as próprias aflições, descobertas, descaminhos, desencontros, e encontros.

Suas reminiscências, o revoar da memória, o prazer descoberto, o day after compõem um mosaico que aprisiona. São "partículas elementares" que capturam o olhar do leitor. Alguém dirá (com razão), que são inquietações comuns, inerentes de quem ainda não fincou os pés na maturidade. Mas o difícil mesmo é transpô-las para o papel como o escritor gaúcho fez.

Foi o começo de Caio F., e inegável a influência de Clarice Lispector em Caio, mas não é só isso que o define.

O que define LIMITE BRANCO, enquanto obra legítima de um escritor até então iniciante, é a certeza de que ele já sabia muito bem o que queria fazer com as letras, não obstante suas incertezas; sua consciência de que poderia transformar palavras em partículas sonoras, irmanadas pelo ânimo capaz de construir uma razão para a máxima de Lispector: "perder-se também é um caminho."
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renata 28/04/2011

Por que é tudo tão imundo e tão difícil?
Não há o que resenhar. Limite Branco é mais a procura de você dentro de si mesmo, do que qualquer outra coisa. É tentar se jogar no papel para ver se tudo finalmente faz sentido. É Caio, o homem que tocava e ainda toca, a alma das pessoas.
Fabiana 24/02/2012minha estante
To doidaa pra ler esse livro....


leehfeltrin 17/12/2012minha estante
Realmente, concordo muito com essa resenha, é quase um livro de auto conhecimento, é praticamente cfa nos acordando pra vida e dizendo: ei, quem você realmente é? Simplesmente maravilhoso!




carlosmanoelt 24/04/2024

?A solidão é uma droga dura de engolir.?
?Limite Branco? foi o primeiro romance do escritor brasileiro Caio Fernando Abreu, escrito em 1967 e publicado pela primeira vez em 1970. O autor tinha dezenove anos à época em que escreveu tal obra, que contém referências autobiográficas. A narrativa se passa no Brasil do final da década de 1960, marcado pelo AI-5 e pelas transformações culturais, narrando os dramas vividos por Maurício, um adolescente do interior do Rio Grande do Sul, através de trechos do diário e de flashbacks do protagonista. Maurício, considerado o alter ego de Caio Fernando Abreu, é um jovem atormentado e vive uma ambiguidade sexual e o medo de se tornar adulto. O livro apresenta uma série de narrativas curtas e intensas que exploram temas como solidão, amor, sexualidade e a busca por identidade em meio a uma sociedade muitas vezes opressora. A escrita de Abreu é marcada por sua sensibilidade e sua capacidade de capturar a essência da experiência humana. Ele usa uma linguagem poética e evocativa para criar atmosferas envolventes que transportam o leitor para os universos fictícios que ele cria. Em suma, ?Limite Branco" é uma obra interessante da literatura brasileira, que merece ser lida e apreciada tanto por sua beleza estilística quanto por sua riqueza temática. O tom da obra nos faz retornar à nossa própria adolescência, às nossas próprias questões, à nossa própria passagem de um mundo infantil a um mundo grande demais para caber no nosso colo. Caio Fernando Abreu, em seu primeiro romance, apresenta magistralmente sua capacidade de simbolizar em tantas palavras os horrores que podem acontecer em um segundo.
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@livreirofabio 21/07/2012

Heaven Knows I'm Miserable Now
Quando li um resumo sobre o que tratava esse romance, o primeiro de Caio Fernando Abreu, a constatação foi: leia antes de completar 20 anos. O protagonista tem 19 anos e conhecendo o mínimo da obra de Caio, você vai acabar sendo desvendado - completamente. Pois bem, foi o que aconteceu.

Como já citado, Maurício é um rapaz de 19 anos, cheio de dúvidas, inquietações e muito só. Clichê? Reclamão? Chato? Não, porque é genuíno. A estrutura do romance tem como base o diário do personagem entrelaçado com flashbacks que vão da sua infância até a sua idade atual. Há muita influência de Clarice Lispector, "sintomas" que não passam despercebidos pra quem conhece Lispector e/ou ao menos leu Perto do Coração Selvagem. Essa referência e inspiração extraída de uma grande escritora pode ter afetado Caio no início de sua carreira, aos 20 anos com esse livro, mas não prejudicou a obra - pelo menos não na edição revisada pelo próprio autor. Há também toques que lembram as circunstâncias do suicídio de Virginia Woolf, ao menos me lembrou, considerando o fato de Caio F ser também um grande fã dessa mulher incrível.

As pequenas epifanias já estão presentes e são sutis, variando da descoberta de uma noite só - a descoberta do sexo. O sonho que leva a primeira ejaculação é extremamente lúdico e simbolista, uma viagem e muitos fatores e situações que o fazem chegar a sua primeira maturidade sexual. Tudo é dito da forma direta mas não vulgar de Caio e de toda obra de arte que trata disso, não há porque se envergonhar de algo natural - frase que permeia muito bem todos os escritos de Caio F. Mas essa revelação e essa puberdade, apesar de serem fatos importantes não batem a ideia e a constatação da solidão. Solidão enraizada na alma e personalidade de Maurício. É um sentimento pesado, um pensamento vagaroso, um questionamento sem resposta; tudo isso é como um achado pra quem se identifica com essa descrença, com o personagem perdido tentando encontrar sua própria cara. Há o contexto histórico envolvido nisso - o dito anos 60 pré-hippie, importante pra situar toda a incredulidade da estória, mas toda essa solidão e essas indagações vagam entre pessoas hoje, assim como ontem e também amanhã, independente de haver ou não um sonho de revolução promissor.

Why do I give valuable time
To people who don't care
If I live or die?

Esse fim de adolescência é doloroso, a inadequação é dolorosa assim como esse caminho até a vida adulta definitiva. Toda essas perguntas não são problema pra quem não se atreve a refletir e prefere seguir junto com os outros bois. Quem para e olha ao redor, sofre e muito. Tudo isso é óbvio, mas a identificação com um livro que trate sobre isso é como um alívio, como um sopro de esperança e alimenta de forma farta o amor pela literatura de quem a tem como refúgio e companhia. Maurícios nesse momento estão por aí desabafando em diários, rede sociais, ouvindo aquela música que foi composta com a caneta do compositor apertada em seu peito. Eles procuram por identificação e mais do que isso: eles procuram o direito da solidão, o conforto de ser só, de apenas observarem e de indagar a si mesmos e de certa forma julgar, sim, os outros: os extrovertidos, os felizes, o que vivem em festa e empolgação: claro, muito fingimento.

Espero que hajam indagações sempre, doloridas talvez, mas incessantes.
Medina 23/12/2017minha estante
Que regência maravilhosa para ao personagem nesse título!


Medina 23/12/2017minha estante
Que referência maravilhosa ao personagem nesse título!




Fabricio 21/08/2009

Memórias angustiantes
Nada mais dilacerante que poder voltar ao tempo e conviver por pouco mais de cem páginas com a adolescência de Caio Fernando Abreu... LIMITE BRANCO é semi autobiográfico e traz um estilo narrativo que nos deixa sempre de sobre aviso quanto ao que pode acontecer de ruim nas próximas páginas... Memórias tristes de um garoto indeciso e introspectivo, que passeia por devaneios e tem que aceitar a realidade imposta por sua família e seu convívio social. É de cortar o coração o capítulo dedicado a Luciana e a forma com que a história foi apresentada: em fragmentos. Os capítulos em forma de diálogo são considerados menores pelo autor, mas para mim foi o que de mais rico e triste li em todo o livro, considero-os meus capítulos prediletos. Há tempos um livro não me trazia lágrimas...
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Bárbara 27/05/2022

Pequena companhia na solidão
"E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim" (p.71)

Sobre o amargo que é crescer, ser e se tornar. Não sei bem o que dizer sobre o livro, porque parece uma leitura das minhas próprias angústias, como se o livro me lesse, e não o contrário. Decerto, é de uma crueza fantástica e infantil maturidade marcantes, esse jeito melancólico que o Caio tem de narrar a vida, como se tudo fosse tragédia, até as maravilhas - como se tudo chorasse. Envolve-me por ter muito do olhar que coloco sobre tudo, ainda que eu me sinta mais gentil do que o Maurício agora. Mas lembro-me da minha adolescência que ardia e o desconsolo por me achar só e tão distante de todos por estranhismo de espírito.

E essa solidão que se arrasta e escorre como a mancha de vinho na toalha da mesa, que reluta em se espalhar, mas o faz paulatinamente. Esse desejo que dói na pele de um carinho nos cabelos, um alguém para nos olhar e ver e nos sorrir e presenciar - essa frustração solitária que assola o narrador e a raiva de se ver tão desejante de autencidade e tão enjoado dos lugares-comuns, das pessoas que são lugares-comuns e daquelas que aceitam serem comodismo diante de si e da vida. Essa busca por se conectar pelo profundo e a dor de ter que ficar na superficialidade: solidão molhada e insípida.

Sinto-me feliz por ter sido encontrada por este livro. Por um momento, Caio, me senti menos e mais sozinha lendo os diários de Maurício. Menos porque me senti compreendida e mais porque, ao terminar, tive que fechar o livro. Na busca por se definir, o narrador narrou um pouco de mim e me levou ao encontro de uma definição em que me caiba por um momento. Parece até que ele veio até mim, lá na estante do sebo, fora da ordem alfabética, esperando. Ou talvez eu só goste de pensar assim. Meu companheiro de viagem.

E acho que terminarei assim mesmo, sem dar de fato para o texto um fim.
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Augusto 27/09/2013

Prefiro não me aventurar a resenhar este livro...
Comento apenas a impressão que me deixou o capítulo sobre o retorno de Edu. Confesso que de início me aborreci com Maurício. Quis poder sacudir o garoto pelos ombros e dizer-lhe que "ele não entendia nada da vida". Que "não passava de um moleque arrogante".
Depois, confesso, que descobri que a minha irritação se devia ao fato de eu ter me visto refletido em Edu... e me perguntei como reagiria se aos 19 tivesse tido um vislumbre do que seria aos 30.
O livro é isso. O processo de tornar-se adulto. O vácuo que é a adolescência, quando não se é mais nem uma coisa (criança) nem outra (adulto).
Do quão difícil é crescer/amadurecer e do quão fácil é perder-se pelo caminho e acomodar-se, render-se...

"Porque as coisas e as pessoas que fazem parte da minha vida vão aos poucos entrando em mim, depois de algum tempo já não sei dizer o que é meu e o que é delas. Mesmo assim, bem no fundo, há coisas que são só minhas. Embora me assustem às vezes, é delas que mais gosto."
Eder 30/09/2013minha estante
Fiquei com vontade de ler este livro.


Augusto 01/10/2013minha estante
Vale a leitura, Eder.
Detalhe que o Caio Fernando Abreu o escreveu com apenas 19 anos.
Tem alguns trechos interessantes no meu histórico de leitura.


Isis 26/01/2014minha estante
Oi Augusto gostaria de saber sua interpretação deste ultimo trecho do livro que você citou...desde já agradeço


Augusto 26/01/2014minha estante
Olá, Isis!
Acho que tudo e todos que passam pela nossa vida (seja de forma breve ou demorada) deixam marcas. Algumas destas marcas são boas outras ruins. Mas todas elas, de alguma maneira, acabam nos modificando em maior ou em menor grau.
Algumas nos ensinam e nos acrescentam algo, outras nos ferem e nos "roubam" algo.
A medida em que ficamos mais velhos, como diz o Caio, fica difícil dizer o que é uma característica puramente nossa e o que é consequência desse contato com outras pessoas.
Mas sinto que algumas poucas coisas parecem sempre ter feito parte da gente, ter nos acompanhado e não parecem ter sofrido muitas modificações com o passar dos anos.
Mais ou menos isso. Compliquei muito? rs
Abraço!




Bruna 09/05/2023

Limite Branco
Gosto muito da escrita do Caio, mas infelizmente não me conectei muito com essas história.
Minhas partes favoritas eram os capítulos do diário, que aí sim consegui sentir muitas coisas.
Uma leitura agradável.
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_Leticia_ 10/02/2024

Me fez pensar na vida.
O livro já começa com o personagem tendo uma sensação que assim como ele, eu também tenho e a partir desse primeiro capítulo o personagem já gerou uma espécie de identificação comigo mesma. Ao decorrer dos capítulos o livro vai se alternando em partes da história sendo narradas e a parte do diário do Maurício - que foi oque eu mais gostei e até me perguntava enquanto lia: será que o autor leu a minha mente?. Eu tenho a mesma idade do personagem e estou em um momento delicado da minha vida, então todo esses pensamentos dele de: não se conhecer (mas querer e ao mesmo tempo não saber como), da ambiguidade sexual, de querer conhecer novas pessoas e encontrar uma conexão rara, são coisas que sempre passam pela minha mente e que eu nunca digo a ninguém, então ler isso e ver que não é apenas eu que me sinto assim foi interessante (digo isso pois tem traços autobiográficos do autor do livro). Aqui irei deixar alguns trechos do livro que mais me marcaram:

"Então, do fundo da consciência, brotou uma frase: "Não tenho o tempo todo tanta pena de si mesmo."

"O cheiro de café entrava por baixo da porta. Era escuro e bom, mas não ia ser fácil, ele sabia. Haveria muitas quedas, e sucessivos impulsos para levantar-se".

(Resenha escrita na data 10/02/2024).
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Mai 11/09/2012


É um relato de solidão e imcompreensão. A busca por um maior entendimento da vida de Maurício que se apresenta em pouquíssimas páginas e nos deixa com vontade de querer saber o que houve depois. Será que Maurício encontrou, finalmente, alguém com quem pudesse dividir sua vida e suas angústias? Será que sua solidão era apenas coisa da juventude? É uma história doce e angustiante. Afinal, é Caio!
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Guedesvictor 25/09/2020

Caio escreveu este livro aos 19 anos de idade, um romance tão profundo cheio de nuances com um Maurício tão cheio de questionamentos e tão profundo assim como eu próprio imagino que seria o próprio Caio nesta idade.
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Linne3 22/04/2020

Sutileza
Sutileza é a palavra q resume essa obra de estréia do Caio. Minha primeira leitura de suas obras e com certeza estou curiosa para outras.
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Paulo1853 16/01/2010

Adoro ler o Caio F. por que expressa todos os nossos piores sentimentos de um forma sutil e delicada... Nesse livro ele consegui unir todos os conflitos que se passam na mente de adolescentes que passaram por grandes percas ou até mesmo, se sente anormais e fora do comum. Uma verdadeira obra de arte, nem parece de perto o seu primeiro livro!
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Let Carvalho 09/04/2024

Amei esse livro. Me identifiquei em diversos momentos e amei refletir a vida com q visão do Caio. Foi muito bom
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@thereader2408 08/08/2022

A jornada de Maurício para o doloroso mundo dos adultos
Se estivesse vivo o escritor Caio Fernando Abreu teria hoje 73 anos, infelizmente o autor morreu em 1996, aos 47 anos deixando um legado de obras premiadas e atemporais. Começou sua vida na literatura muito cedo, em 1966 publicou o conto “O príncipe sapo” e com 18 anos, em 1971, esreveu seu primeiro romance: “Limite Branco”. Suas inspirações são evidentes em sua escrita: Hilda Hilst, Clarice Lispector, Gabriel García Márquez e Julio Cortázar.

Caio apresenta uma linguagem simples, fluida e pouco convencional e escreveu contos, crônicas, romances, novelas, poemas, literatura infantil, peças teatrais, cartas, crítica literária, etc., sendo que seus contos são seu ponto forte. É a primeira vez que eu leio Caio, e ele é o tipo de autor que você se pergunta: "Porque demorei tanto para te encontrar?" e nada faz mais sentido do que iniciar com o seu primeiro livro.

"Limite Branco" vai além de convencionalismos e desafia o leitor de diferentes faixas etárias e gostos literários. O autor nos introduz a vida de Maurício, o narrador-personagem, que é muito jovem assim como o autor. A história se passa no final da década de 1960 e aborda a adolescência e o amadurecimento de Maurício, é como se fosse um adeus a essa fase da vida, tanto do autor quanto do personagem, e por ser baseado nas vivências do Caio o enredo é tão esteticamente bonito.

Há duas vozes que alternam o foco narrativo apresentando pontos de vistas diferentes, mas que se completam: Há um narrador onisciente que conta a vida do Maurício em alguns flashbacks e também há no início dos capítulos entradas do diário do protagonista focando no tempo presente apontando suas angústias, medos, carências, início da puberdade, a descoberta da sua sexualidade e alterações de humor. Assim conheceremos Maurício e as mudanças externas e internas pelas quais ele vai passar, conhecemos também os outros personagens relacionados a vida do rapaz.

Uma coisa interessante do livro é que vemos a formação do Maurício e passagem deste para vida adulta, ao mesmo tempo que vemos também nascer um novo autor Caio F Abreu que hoje sabemos que é um nome de grande importância para nossa literatura.

@thereader2408
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