spoiler visualizarsabre 20/04/2021
O que vale a pena?
Esse foi um conto pequeno, de leitura rápida, que me fez pensar mais do que alguns livros volumosos.
Ao encontrar uma porta verde numa parede branca enquanto era criança, Lionel Wallace, levado por sua curiosidade infantil, entra sem pensar duas vezes. Lá, encontra um jardim encantado de parece ser o paraíso; se apaixona, mas acaba saindo do jardim e indo embora, sem deixar que a visão da perfeição encontrada fugisse de sua mente.
Com o passar dos anos, Wallace vislumbra a porta algumas poucas vezes, mas, nessas vezes, por inúmeros e diferentes motivos, não entrou. Tinha o desejo, sim, porém uma entrevista ou um relacionamento tinham mais importância naquele momento.
A questão é que, à beira dos seus 40 anos, ele percebe que o seu sucesso profissional e que sua integração na sociedade não é o que o lhe completa e ele é um homem infeliz.
Num momento específico de insatisfação, Lionel conta o segredo da porta a um amigo e revela: sempre quis viver naquele paraíso e, por isso, entraria no momento em que a visse.
Um mês depois, Wallace é encontrado morto em um buraco protegido por paredes de tábuas de madeira com uma pequena porta.
Ser um garoto prodígio e um adulto de sucesso não foi (não é) suficiente. A busca incessante por um antigo sonho de criança o fez perder sua vida: eu entendi a porta como uma escapatória, uma forma de buscar uma felicidade que nunca será alcançada. E eu acho que ele sabia disso, sabia que o seu paraíso dos sonhos era apenas uma ilusão, mas um misto de tristeza e esperança o guiou.
Um conto com um interessante modo narrativo, uma linguagem de fácil entendimento e formador de grandes questionamentos sobre até onde somos capazes de ir quando queremos fugir da realidade.