Fabio Pedreira 05/02/2018Carbono Alterado No futuro a morte se torna praticamente obsoleta, se tornando na verdade uma mercadoria. Seu corpo pode até morrer, mas você pode transferir sua mente para outro, mantendo-se vivo. Com isso, existem várias organizações que fornecem corpos sintéticos ou capas, como são chamados, para aqueles que por algum motivo não tem ou não podem obter sua capa original. Daí vem o título Carbono Alterado.
E logo no início do livro nos deparamos com um exemplo. Devido a uma operação má sucedida o ex-emissário, Takeshi Kovacs (se lê como Kovach), acaba levando um tiro no meio do peito e “morrendo”, para reviver mais de 200 anos depois, na terra, um local no qual ele nunca foi e em outro corpo, sem saber quem o colocou ali e o porquê.
Acontece que o responsável pelo seu reencapamento é o Sr. Bancroft que, alá O Poderoso Chefão, acaba fazendo uma proposta irrecusável a Kovacs para que ele possa resolver um assassinato. Crime esse em que a vítima é nada mais nada menos que o próprio Bancroft. O ex-emissário é a saída de Bancroft para resolver o crime já que a polícia (mais especificamente a Tenente Ortega) se recusa a investigar direito o caso, alegando suicídio, pois Bancroft é o que eles chamam de Matusa, um cara que já viveu tanto tempo que se vê acima de qualquer um.
E assim se inicia a primeira metade do livro, com uma ficção científica misturada com livro policial. É uma mistura muito interessante e te deixa intrigado para saber se foi realmente suicídio ou assassinato, e independente dos dois. o motivo de ter feito aquilo. A lista de personagens e ambientação do universo é muito boa, porém, deve ser feita com cuidado, o livro tem muito nome e conceitos que se você lê rapidamente pode acabar se perdendo um pouco.
É um dos poucos livros de ficção científica que li, mas gostei bastante, o livro me prendeu e pretendo dar continuidade nesse tipo de leitura. Porém, a segunda metade do livro me parece que fugiu um pouco do rumo.
Isso porque Kovacs, no decorrer da investigação, acaba percebendo que pode ter muito mais por trás dessa investigação, e muita coisa acaba acontecendo com ele. Reviravoltas de roteiro e introdução de personagens que acabam levando tudo para um outro rumo, fugindo da investigação do crime para ir pesquisar outras coisas. Claro que no fim tudo dá um jeito de se conectar, mas a mudança é óbvia e você sente. Mas ainda assim não é nada que se prejudique a leitura.
A questão da troca de capas é uma boa coisa para você quebrar a cabeça pensando nas consequências disso, afinal, se você pegar uma pena, é armazenado, não é garantia se não tiver dinheiro para armazenar sua capa de retornar nela. Então e se você visse sua esposa, ou marido, ou filho etc., voltando para você numa capa diferente, mesmo sabendo que ali é ele(a) mas não é? Ou se você fica armazenado por 100 anos e, quando acorda, mal tem algum herdeiro vivo, nem ao menos uma pessoa que você conheça. São situações que fazem você se questionar.
Os personagens também são muito interessantes, mesmo parecendo ser aquele tipo de personagem clássico de filmes de ação do Steven Seagal kkk. O protagonista Badass, a tenente que rola uma tensão sexual, um mafioso, a mulher perua do mafioso e por aí vai. Mas são bem legais, sendo que o melhor personagem na minha opinião é o hotel, sim, isso mesmo, um hotel desses que você usa para dormir. O Hendrix é administrado pela própria IA (Inteligência Artificial) e ele tem plena consciência das coisas.
Mas no geral é isso, meus amigos. Esse livro me ganhou, se não me engano é uma trilogia, e pelo que escutei o volume dois sairá este ano, meados de abril talvez. Esse primeiro livro termina de forma que conclui o caso, então não se preocupe em não comprar achando que vai ter que esperar o próximo livro para saber o resultado do suicídio/homicídio.
Como eu disse, leiam devagar, mas leiam. Foram 4 estrelas em um livro bem investido. E, para completar, dia 2 de fevereiro ocorreu a estreia da série pela Netflix, confiram.
Cuidado com o Homem Retaho.