Annie 27/09/2011Senhora, a Bruxa, por Ana NonatoOlá, queridos leitores!
Volto com a resenha de mais um livro interessantíssimo! Trata-se de uma nova versão do romance Senhora, de autoria do romântico José de Alencar (um excelente escritor brasileiro). Angélica Lopes é a responsável por esta nova versão.
Todos que ouviram falar de ou leram a personagem Aurélia Camargo sabem que a moça é uma destruidora de corações, certo? E todos devem saber que isso se deve à compilação de sofrimentos que a moça teve e cuja gota d’água foi o abandono por parte de Fernando Seixas, seu noivo, em troca de 30 mil réis.
José de Alencar coloca razões puramente afetivas e financeiras para tal desenrolar dos fatos (típico do romantismo com uma pitada de realismo), mas Angélica Lopes propõe outra linha de pensamento: e se este “destino” sofresse influência sobrenatural? Falo, especialmente, das irmãs Blair.
Estas bruxas estão vivas há séculos... Mas, para isto ocorrer, precisam tomar uma poção de 58 em 58 anos. Eis os ingredientes:
4 lágrimas de amor vertidas pelo mais infeliz dos amantes instantes após o abandono.
2 juras de ódio proferidas por quem já jurou amor eterno.
1 gota de sangue em ferimento feito pelo ser amado com objeto de prata e na intenção de matar.
As três Blair se mudam para a rua de D. Emília e Aurélia, e a partir deste momento eventos estranhos começam a acontecer... Tudo em nome de imortalidade.
As personagens são muito interessantes, inclusive as que já apareciam no romance de Alencar. As Blair são cruéis, mas é impossível não gostar delas ou torcer para que consigam viver mais um pouco... Além de suas frases clássicas: “Uma das maiores qualidades de uma bruxa...”
O Lemos é igual nos dois romances. Aurélia continua ingênua mesmo quando se torna rica (por conta dos “aconselhamentos” das Blair), Emilinho é mais auto-suficiente. O avô Camargo e o pai Pedro travam diálogos muito engraçados.
Outro atrativo ao romance é o fato de Angélica ter mesclado uma linguagem mais simples e mais sucinta com trechos do livro em si. Quem ainda não leu “Senhora” pode ter uma boa noção da história com esta adaptação simples e divertida.
Alguns probleminhas de pontuação são perceptíveis e isto pode comprometer o ritmo da narrativa em diversos momentos; fora este defeito, não há mais nenhum.
Eu gostei de a autora ter prezado por uma obra nacional (José de Alencar é incrível) com um sobrenatural pouco clichê (as Bruxas), mas não gostei de as atitudes do Seixas, de algum modo, terem sido justificadas. Não posso culpar a Angélica: José de Alencar também o faz.
Espero que tenham gostado e que leiam! “Senhora, a Bruxa” faz parte da série “Clássicos Fantásticos” que possui títulos como “A Escrava Isaura e o Vampiro”, “Dom Casmurro e Os Discos Voadores”, dentre outros. Não deixem de ler!
Nota: 3 (Bom)
Confira em: http://seismilenios.blogspot.com/2011/09/resenha-senhora-bruxa-jose-de-alencar-e.html