spoiler visualizarLuiza1992 25/06/2023
Arrependimentos
No geral o livro é sim muito bom e trás muitas reflexões interessantes. A história em si achei bem arrastada no começo e confesso que difícil de ler, principalmente porque a personagem principal sofre depressão e, apesar de até as partes finais do livro a doença não ter sido chamada pelo nome, percebe-se com muita clareza o tamanho so sofrimento dela, a falta de perspectiva, sensação de desinportância, de nada fazer sentido, de um vazio enorme na vida, tudo isso combinado com a certeza de que a vida será pra sempre assim e não há esperanças (típico de depressão). Quem já sofreu ou sofre com isso vai se identificar e talvez não tenha uma boa sensação lendo o livro.
Mas passando a fase inicial, após Nora finalmente chegar à biblioteca da meia noite, o livro fica sim mais interessante e a história mais dinâmica. Você começa a ficar curiosa, querendo saber o que vai acontecer e como ela vai lidar com as diferentes vidas a disposição, mas depois de algumas tentativas fica claro que o problema está em Nora (no caso, a depressão) e que enquanto ela se sentir assim ela não encontrará uma vida que seja satisfatória pra ela. O pessimismo e incapacidade de lidar com frustração dela tornam qualquer tipo de vida impossível de ser vivida (mais uma vez, sintomas da depressão). A sensação que fica é que, assim que o menor problema aparece, a vida atual não serve mais e ela volta à biblioteca (claro que há situações onde é compreensível que ela volte, não estou generalizando).
Ainda assim, ao longo do livro ela começa a refletir sobre sua maneira de ver as coisas, sobre seus arrependimentos, e começa a despertar uma nova maneira de ver a vida e suas possibilidades. A senhora Elm vira uma espécie de guia espiritual ou psicológa, dependendo da interpretação de cada um, e a ajuda a enxergar algumas coisas sobre ela mesma.
No fim do livro aconteceu o que eu esperava: ela se deu conta de que a vida original dela era a melhor que ela gostaria de viver e o problema não eram suas decisões "erradas" (que não eram), mas sim sua doença mental e consequente falta de perspectiva. Juntando esse reconhecimento com a vontade de fazer diferente, ela percebe as possibilidades à frente dela e decide fazer diferente, vivendo de fato a própria vida.