O duplo

O duplo Fiódor Dostoiévski




Resenhas - O Duplo


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Aguinaldo 12/10/2011

o duplo
São numerosas na literatura aparições de personagens que se duplicam, personagens que encontram e passam a ser assombrados por um sósia, um outro eu, um "Doppelgänger". Claro, não se trata apenas um fenômeno restrito à literatura. Também no folclore, nas mitologias (como por exemplo a germânica e a escandinava), ou na cultura popular de muitos países é recorrente a idéia de um espírito que antecipa notícias funestas ou personifica a morte. Fiódor Dostoiévski, logo em seu segundo livro, "O duplo", trata desse tema curioso. O resultado é um poderoso romance psicológico, onde acompanhamos o processo de dissociação mental do funcionário público Yakov Petrovich Golyadkin. Dostoiévski descreve como operam transtornos mentais, esquizofrenias, paranóias e alucinações. Seu personagem principal, Golyadkin, nos é apresentado no início do romance preparando-se para ir a um jantar de gala, uma recepção, oferecida em homenagem a filha de seu antigo preceptor. Logo ao sair se aborrece ao encontrar um colega de trabalho que aparentemente também irá a mesma recepção. Indignado ele resolve consultar seu médico. Esse médico insiste na necessidade de Golyadkin diversificar sua vida social, entreter-se com regularidade e continuar tomando seus medicamentos como já havia sido prescrito. Acompanhamos como Golyadkin se desloca até a recepção e é inicialmente barrado, mal chega às escadarias, mas consegue, após muito esperar em uma porta lateral, misturar-se com os convidados. Ato contínuo ele tenta se aproximar da filha de seu preceptor e dançar com ela, mas é expulso do local. O que se segue é uma vertigem, uma sucessão de capítulos densos e movimentados, que sufocam o leitor. Podemos entender que a partir desse ponto lê-se as fantasias de um sujeito enlouquecido, preso em algum sanatório, divagando sobre sua condição. Ou podemos continuar a leitura linearmente e acompanhar como a esquizofrenia progressivamente se manifesta, na forma de um duplo de Golyadkin. Esse sujeito é idêntico a ele (na verdade é ele mesmo, claro), mas é um sujeito que opera maravilhosamente bem as regras e a etiqueta das relações sociais. Como se estivesse comprometido com sua destruição, seu olvido, o duplo assume todas as suas funções, se apropia de todas suas relações pessoais e profissionais, mostrando-se eficiente, solícito, prestativo, até divertido. Alcança por fim a intimidade de toda a hierarquia ao qual está subordinado. O final do livro obviamente é terrível, assustador. Mas eu já escrevi demais. Leitura indispensável, muito inspiradora. Poucas coisas substituem o verdadeiro prazer que os textos clássicos, de um autor forte, podem proporcionar. O livro inclui ilustrações (desenhos) intensas, expressionistas, produzidas ainda no início do século passado por Alfred Kubin. Há um pequeno ensaio de Samuel Titan Jr. descrevendo o contexto histórico dessas ilustrações, feitas especificamente para "O duplo" e estabelecendo com o texto do livro uma associação realmente poderosa. Por fim encontramos um posfácio muito bom, escrito por Paulo Bezerra, o tradutor do livro afinal de contas, que ilumina as passagens mais estranhas e obscuras. Haverá mais cousas de Dostoiévski aqui nesse ano. [início 14/09/2011 - fim 29/09/2011]
"O duplo", Fiódor Dostoiévski, tradução de Paulo Bezerra, desenhos de Alfred Kubin, São Paulo: editora 34, 1a. edição (2011), brochura 14x21 cm, 255 págs. ISBN: 978-85-7326-472-2 [edição original: Dvoinik (Двойник. Петербургская поэма) «Отечественные записки» São Petersburgo (Russia) (1846)]
Pedro 03/11/2011minha estante
Caro Aguinaldo,

gostei de sua resenha! Pena não ter conseguido aproveitar tanto assim o romance. Mas achei ótima sua leitura.
abraço,
Pedro




Natty 18/02/2022

O Duplo e as Consequências
O Duplo vêm da insatisfação de Golyádkin com seus colegas de trabalho,ambiente hostil, moradia... e é somente após um incidente particularmente embaraçoso que o seu Duplo,uma cópia sua,aparece na história.Assim,começa um fluxo de consciência truncado,ritmado na ansiedade e desespero o que dá um tom arrastado,e em certos momentos confusos na narrativa,porém nada mais fiel à mente humana.

Golyádkin segundo,seu duplo, é simpático, bem quisto pelos colegas de trabalho,sociável, praticamente seu oposto.O conflito do livro vêm justamente da incapacidade de Golyádkin de não torna-se como seu igual__O Golyádkin segundo.O Duplo é na minha opinião a máscara do próprio protagonista tomada como vida,sendo esta mesma nada mais do quê o Golyádkin primeiro deveria ser perante a sociedade,adequar-se e ,finalmente ser aceito por ela.

Acompanhamos um funcionário público que aos poucos vai enlouquecendo com o delírio de haver um outro igual ele na aparência e no nome,mas não nas ideias e atitudes,que aliás eram as mesmas que ele queria ter,no entanto não as tinha por medo,despeito ou moral. Então ouso pensar nas seguintes questões:

Assim vêm a loucura?Como o ser humano perde a noção de realidade?

Penso que os loucos são aqueles que não conseguiram controlar,dominar o acaso e renderam-se livremente ao seu duplo😒🤷‍♀️

A linguagem do Duplo é um espelho da mente do personagem principal __Golyádkin primeiro,por isso muito confusa:frases sem sentido,repetitivas.Ele é ser com muitas angústias,baixa estima e sempre está na defensiva.Vemos que há agonia permanente e cresce à medida que a leitura avança e confesso que senti pena e tristeza pelo herói que nunca desiste de combater os inimigos mas não entende o que acontece à sua volta.

De antemão já declaro que #dostoumgenio entregou uma obra perfeita da psique humana com autoconhecimento.O Duplo exige bastante atenção aos detalhes, uma leitura para ser feita com calma e vale cada segundo de nossa atenção!😊

Ps:Dostoiesvisk trabalha com personagens humilhados,miseráveis,pobres com poucas perspectivas de vida melhor.Sua obra é o laboratório para estudos de casos ao que refere-se aos transtornos mentais.#ficadica


site: nstagram.com/p/CaFkq_RLhRm/
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Germana 22/04/2022

Um livro desafiador
Uma leitura muito difícil e desafiadora que irá o leitor da zona de conforto e traz para uma realidade diferente. Um livro maravilhoso que vale a pena conhecer.
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Asleep 14/01/2022

O filme é muito melhor
No geral esse livro não é ruim, só é chato. A história é interessante mas o protagonista é muito mas muito chato.
Vinicius Lima 15/01/2022minha estante
nossa, peguei ranço do protagonista kkkkk


Natty 15/02/2022minha estante
Qual o nome do filme? Tem na Amazon?


Asleep 15/02/2022minha estante
"O Duplo" de 2013 tem na Amazon


Natty 15/02/2022minha estante
Obrigada




Paulo 19/12/2022

O Duas Caras
Golyádkin, retratado como "nosso herói", acaba sendo, de fato, um herói.
Dentro de tanta provação, manteve sua determinação de pensamento, mesmo na loucura. Qualquer outro já teria sucumbido as artimanhas da sociedade e dos outros personagens e teria entregado as pontas. Mas não ele, se manteve firme mesmo sendo enviado à casa de loucos.
Ao meu ver, a cópia dele não se trata de uma projeção de quem ele almejava ser, mas sim de um estilo que era aceito na sociedade e que se ele não mostrasse essa outra face da moeda, não seria permitido nessa sociedade de loucos. Viver nessas amarras da sociedade é loucura e os que fazem parte desse circo, são todos loucos também.
O incrível é que essa face do absurdo é bem recebida, o que nos mostra que temos que dançar conforme nos é imposto. Temos que ser esse excesso para as pessoas gostarem de nós e não nos acharem estranhos.
Só mostrando um outro você para não ser devorado, ou esquecido, nesse caso, numa casa de loucos.
Não obstante, mesmo tendo mantido a sua determinação de pensamento, Golyádkin segundo enterra o Golyádkin primeiro para ser possível viver nesse grã-finismo, e poder ser somente esse alienado normatizado. Prendendo, em um canto bem esquecido de sua mente, seu verdadeiro eu.
Roberto 19/12/2022minha estante
Achei interessante seu ponto de vista, principalmente pelo fato da maioria dos leitores não gostarem da história por acharem o Golyadkin um personagem "chato e medíocre ", mostrando que não entenderam muito bem a história ou leram de joelhos




Cris 28/04/2022

28.04.2022
Uma narrativa diferente, um pouco chata, mas que ao longo do livro passa a ser interessante. Conta sobre a vida de Golyádkin e seu duplo (uma projeção do que ele gostaria de ser). Vamos acompanhando o crescimento da paranóia do personagem que leva-nos a pensar se é realidade ou é um sonho. Vemos as decepções da vida acontecendo, de não ser promovido, de não poder se casar com Clara de quem gosta, de não ser reconhecido na sociedade, de não fazer parte de uma roda de amigos, de não saber dialogar, pois é muito introspectivo, não consegue desenvolver a fala em um conversa, é meio chato (aí que entra a narrativa diferente, muito repetitiva), mas que demonstra uma necessidade de autoafirmação por parte do personagem. E seu duplo é tudo aquilo que ele não é. Gostei.
Janaina Edwiges 28/04/2022minha estante
Ótima resenha, Cris! Parece ser uma história muito interessante.


Cris 28/04/2022minha estante
No geral eu gostei, mas a escrita não é fluida como nos romances. O que senti foi o acompanhamento da loucura do personagem Só lendo para sentir e chegar à conclusão se foi sonho ou se aconteceu. O final é subjetivo, meio parecido com o homem duplicado de Saramago. Cada leitor tem sua percepção.




Vanessa 08/01/2024

Complexo e confuso, mas muito bom.
É um livro desconfortável e que exige uma capacidade interpretativa bem alta. Dostoiévski consegue apresentar com maestria o adoecimento psíquico do protagonista ao longo dessa narrativa e, por ter a visão de um personagem doente e em surto, pode acontecer do leitor ficar confuso com os acontecimentos e fatos narrados. Vale a pena insistir nessa leitura, é sem dúvidas enriquecedora.
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Geraldobneto 15/02/2019

Poderia ser, mas...
O segundo livro de Dostoievski é pra mim um dos clássicos exemplos de obras que poderiam ter sido perfeitas, maravilhosas, atemporais, mas não foi dessa vez :( O livro tem bons momentos e muitos méritos, é um livro experimental, definitivamente, mas como obra em si, como narrativa, não me convenceu...
Mas vou ressaltar novamente como Dostoievski escreve bem, meu Deus! E como ele constrói personagens como ninguém
Luh 20/02/2020minha estante
É isso. A gente acha interessante mas não chega a gostar da obra.




Flavio Franco 29/04/2021

Não entendo por que o recebimento dessa obra foi tão negativo pela crítica e público à época do lançamento. Ao contrário de Gente Pobre (que eu não vi lá essas coisas), ao meu ver, é o primeiro grande livro do autor, que vem mostrar a força de Dostoiévski na temática da Psicologia e Filosofia humana.

Algumas passagens são arrastadas, a história tem um desenvolvimento meio entediante e o final é bobo, mas ainda sim aqui você se depara com uma baita escrita, principalmente aquelas passagens que trazem o fluxo de consciência caótico do protagonista.
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Ariela 09/05/2020

Narrativa única e complexa
"O Duplo" não é um livro rápido ou fácil de ler. Por a narrativa ser pelo ponto de vista do personagem principal (que tem um pensamento muito confuso), ela é complexa, a sequência de eventos nem sempre clara e você se questiona o tempo todo se o que está acontecendo é realmente real. Mas é justamente nessa confusão e nesses questionamentos que você consegue se inserir no pensamento do protagonista e viver suas agonias junto com ele.
O livro me surpreendeu muito, foi além do esperado. Ele gera diferentes reflexões e especulações sobre o piscológico do protagonista. Essa incerteza do que está realmente acontecendo trás uma sensação única na leitura e, por isso, vale muito a pena!
Cris.Guimaraes 09/05/2020minha estante
Dostoievski não é fácil mesmo!




Marcelo.Alencar 12/05/2020

Sempre impactante
Dostoiévski como sempre supera nossa imaginação! Muito bom!
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Bru 10/11/2020

Esse foi um pouco mais complicado, embora eu já esteja acostumada, e goste muito das obras de Dostoiévski, essa foi uma leitura cansativa, mas pelo protagonista, que apresenta ideias desconexas, grande confusão mental, e como o autor nos leva a mergulhar na loucura de seus personagens, ler esse livro foi uma aventura insana, repetitiva e muito cansativa, exige bastante atenção, são capítulos extensos, diálogos repetitivos, e em alguns pontos da narrativa o leitor consegue ficar tão imerso no protagonista que chega a dar dor de cabeça.
É um bom livro para entendermos do transtorno de personalidade.
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Karinny 19/11/2020

Não sei se amo ou odeio.
Inicialmente, achei a leitura confusa e terrivelmente chata. Apesar disso, não consegui desgrudar desse livro, presa por essa estranheza de estrutura narrativa e caos psicológico. Nunca, em minha vida de leitora, me deparei com um sentimento tão dual ao ler uma obra, e acho que é aí que mora a grandeza do livro.
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Heloiche 05/01/2021

quem nunca ....
Espetáculo. Esse livro foi escrito em 1846! Sim, antes de toda psicologia e psicanálise nascesse com Freud, Nietzche, Jung, .... Incrível! E em tempos de pandemia e isolamento total, inevitável ter meus diálogos com meu duplo que insiste em ser mais pessimista que eu própria. Leiam que é demais esse livro. E o final é um brilho só.
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Paula 13/01/2022

O duplo de cada um
Yákov Pietróvitch Golyádkin é um conselheiro titular que tem o nome mais pomposo do que de fato, é um cargo burocrático sem chances de projeções sociais. Golyádkin foi diagnostico pelo seu médico de solidão no qual lhe prescreve convívio social e "não ser inimigo da garrafa”. E eis que esse homem comum se arruma com mais fina roupa, aluga uma carruagem luxuosa e parti para uma festa em que não foi convidado. Pós confusão da intromissão, afinal não bastam roupas e dinheiro para aceitação deste funcionário comum em tal meio social, Golyádkin se depara com seu duplo. Nisso começa um fluxo de consciência truncado, ritmado na ansiedade e desespero o que dá um tom arrastado e em certos momentos confusos na narrativa, mas nada mais fiel a mente humana. Seu duplo é simpático, bem quisto pelos seus colegas, muito mais sociável, ou seja, praticamente seu oposto.

Com a maestria de Dostoiévski em narrar os anseios e a consciência de nós homens comuns, somos levados a pensar quantos de nós convivemos e desfilamos no dia dia com nossos duplos para ora alcançarmos nossos anseios dentro desse meio social e ora para sobrevivermos nele. Talvez até mesmo para alimentarmos a ilusão que nos permeia e nos dá folego a seguir diante das mazelas e da mediocridade da vida.

Embora a obra seja arrasta nos instiga a descobrir o final. E o fim é um vazio em que precisamos de um certo tempo para ordenar as ideias e preenchê-lo com reflexões, uma explosão delas. E ainda contamos com o posfácio de Paulo Bezerra que é um bálsamo que nos guia pelas mãos.

Por fim, o médico o leva, no início, ao encorajamento para o convívio social e é nesse convívio que Golyádkin colapsa em sua “loucura” e é levado pelo médico a sua mais profunda solidão e isolamento.

Ouço pensar que os “loucos” são apenas aqueles que não conseguiram controlar ou acaso se renderam livremente ao seu duplo. Meu duplo por ora está sob controle. Até quando? Impossível responder.
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