Diário do Hospício e O Cemitério dos Vivos

Diário do Hospício e O Cemitério dos Vivos Lima Barreto




Resenhas - Diário do Hospício e O Cemitério dos Vivos


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notexist 16/12/2019

Quando o real e o fictício se entreune
Uma obra escrita com a pena d'angústia.
Antes mesmo da internação do protagonista, contra a sua vontade, no hospício, toda uma série de infortúnios prorromperam ao seu redor.
Como ele próprio dissera, teve sorte em nada de mais grave ter-lhe acontecido após seus momentos de embriaguez, que se repetiam como uma constância fora de controle.
Então, posto em reclusão psiquiátrica sentiu na pele toda uma série de contratempos e pequenas, mas profundas humilhações em seu forçoso exílio, repleta de outras pessoas aviltadas em suas consciências e, com hábitos insuportáveis e inescapáveis para àqueles que ainda tinham alguma sanidade, mas que pouco a pouco participavam de sua esfera de loucura.

Entretanto, diante de tal degradação moral, sempre houve declarações de sua parte, por uma redenção; uma nova e recuperada vida - mais salutar e com uma perspectiva financeira melhor. E, se possível, por um acerto de contas com um passado de remorsos e de debilidade.
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Filipe Candido, o otimista 29/02/2020

A
Aaaaaaa
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gabi 24/07/2020

Surpreendente
Demorei um pouco para começar a ler esse livro, mas quando comecei, não consegui mais parar. Lima Barreto conta sobre sua segunda passagem pelo Hospício e sobre as dificuldades que encontrou. Em Cemitério dos Vivos, faz uma ficção sobre o mesmo hospício.
Há trechos tocantes, dolorosos. Nos apresenta a vida em um hospício no século 20. Vale muito a pena a leitura.
Achei o começo, com o prefácio, um pouco lento. Resolvi pular para o Diário (recomendo) e para o Cemitério e só depois voltar para o prefácio.
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gabi 24/07/2020

Surpreendente
Demorei um pouco para começar a ler esse livro, mas quando comecei, não consegui mais parar. Lima Barreto conta sobre sua segunda passagem pelo Hospício e sobre as dificuldades que encontrou. Em Cemitério dos Vivos, faz uma ficção sobre o mesmo hospício.
Há trechos tocantes, dolorosos. Nos apresenta a vida em um hospício no século 20. Vale muito a pena a leitura.
Achei o começo, com o prefácio, um pouco lento. Resolvi pular para o Diário (recomendo) e para o Cemitério e só depois voltar para o prefácio.
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gabi 24/07/2020

Surpreendente
Demorei um pouco para começar a ler esse livro, mas quando comecei, não consegui mais parar. Lima Barreto conta sobre sua segunda passagem pelo Hospício e sobre as dificuldades que encontrou. Em Cemitério dos Vivos, faz uma ficção sobre o mesmo hospício.
Há trechos tocantes, dolorosos. Nos apresenta a vida em um hospício no século 20. Vale muito a pena a leitura.
Achei o começo, com o prefácio, um pouco lento. Resolvi pular para o Diário (recomendo) e para o Cemitério e só depois voltar para o prefácio.
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Arsenio Meira 22/07/2013

A LUCIDEZ DE UM ESCRITOR INJUSTIÇADO


Publicados pela primeira vez na década de 1950, mais de 30 anos depois da morte do escritor carioca, os textos deste caprichado volume são complementares.

O "Diário do Hospício" contêm a íntegra das anotações feitas por Barreto em pequenos pedaços de papel durante os dois meses de sua segunda internação no antigo Hospício Nacional.

Esse material é o ponto de partida para "O Cemitério dos vivos", romance inacabado que completa o núcleo dessa primorosa edição da CosacNaify (vai virar pleonasmo associar a palavra primor aos livros editados pela citada editora.)

A leitura dos dois textos, antecedida ou mediada pelo excelente prefácio do crítico Alfredo Bosi, reserva lições para leitores de todos os naipes.

Os vários trechos do "Diário do Hospício" aproveitados quase integralmente nos primeiros capítulos do romance apenas rascunhado, revelam como Barreto transportava à ficção as situações que havia testemunhado ou personagens com quem conviveu no hospital psiquiátrico. Diálogos inteiros saem dos registros e vão parar na ficção.

No prefácio (publicado em papel jornal, contrastando com o branco do núcleo do volume), o crítico Alfredo Bosi chama a atenção para alguns trechos das anotações nos quais o escritor parecia estar confuso, trocando seu próprio nome ou fatos da sua vida.

Nesses parágrafos, Lima Barreto parece saltar das páginas em carne e osso, explicando o nome do protagonista ou registrando seu cotidiano. Em meio ao tropel de suas próprias dores, ele já pensava em dar um novo significado àquela amarga experiência entre os loucos.

Algumas passagens que parecem se repetir ao longo de "O cemitério dos vivos" são, na verdade, pistas reveladoras das hesitações ou experimentações do autor, ainda em dúvida como inserir determinadas informações sobre este ou aquele personagem, este ou aquele episódio.

Na ficção ou em suas anotações, Lima desnuda-se em uma auto-análise lúcida e corajosa. A razões do alcoolismo, que causaram seus delírios; seu sentimento de não pertencer a uma sociedade que valorizava pistolões e acadêmicos pedantes, cheios de pra-quê-isso e nenhuma capacidade de refletir a respeito do conhecimento construído por terceiros.

Foi um baita escritor e um homem sem ambições materiais. Um escritor destemido, porém inseguro e acuado pelo racismo e pelas inúmeras provações que a vida lhe reservou.

Entre loucos, o escritor não se deixou tomar pelo sofrimento e humilhação, conseguindo a proeza de estabelecer alguma distância para conseguir se ver melhor.

Há outras leituras possíveis. "O Diário do Hospício" é um registro rico em detalhes do que era o “tratamento” psiquiátrico no início do século XX. Às anotações de Lima, juntam-se crônicas de as própria autoria, Machado de Assis e Olavo Bilac sobre o mesmo hospital na praia Vermelha, próximo ao bairro de Botafogo.

Bilac comemora a reinauguração do hospício, em 1905, e registra que a grande reforma coincide com o fim do tratamento brutal destinado aos loucos. Aqui, vale registrar que a evolução constatada pelo poeta e cronista não teve sequência ao longo das décadas seguintes, com o surgimento dos hospitais psiquiátricos particulares que se transformaram Brasil adentro em depósitos de gente espancada ou sedada, abandonadas ao deus-dará, com sequelas indeléveis.

A crônica de Bilac sobre o novo modo de tratar e educar as crianças doentes mentais guarda uma espantosa semelhança com o estilo de João do Rio.

O escritor João do Rio, uma espécie de dândi da nossa Belle Époque, fazia enorme sucesso entre os leitores cariocas com suas incursões pelos subterrâneos da então capital federal. Seus escritos sempre geravam crônicas repletas de informações do bas-fond, de onde que João do Rio produziu verdadeiras reportagens sobre assuntos temerários para o pudor da época.

Já as duas crônicas de Machado de Assis não são lá essas coisas. E Machado é Machado, ou seja, não adianta por em discussão sua genialidade; mas aqui, os seus textos são medianos.

O mais importante escritor brasileiro usa o pretexto da loucura para abrir seus textos e, sem mais nem porque, escorrega para outros assuntos sem qualquer transição, dando a maior pinta que estava enchendo lingüiça para preencher a página do periódico que o remunerava.

Mas Lima Barreto também merece um busto. E bem defronte da ABL.

Alcoólatra, negro e pobre, Lima não fazia esforço nenhum para circular entre os esnobes intelectuais da capital da República das duas primeiras décadas do século XX.

Ele extraía sua literatura da vida, sua e dos seus iguais. É um autor que o Brasil precisa ler mais, afinal ele foi capaz de escrever, há 93 anos, que um “dos males da nossa época é essa pregação do trabalho intenso, que tira o ócio do espírito e nos afasta a todo momento da nossa alma imortal e não nos deixa ouvi-la a todo o momento”. Profético e imortal.
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Thifanie 31/07/2020

obrigação...
li como leitura obrigatória por causa do vestibular, não é o estilo de livro que eu gosto e provavelmente eu não leria se não fosse obrigada. A história não é tão chata e ele é tranquilo de ler mas no geral não gostei por não ser meu gênero preferido
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Rayan GQR 05/08/2020

Um relato muito interessante que traz à luz problemas que poderiam ser muito desconsiderados se não fosse a visão de um autor que passou pelo manicômio e vivenciou a experiência, mantendo a sanidade para documentar essa história.
É realmente uma pena que "O Cemitério dos Vivos" não tenha sido terminado, a história tinha bastante potencial, e mesmo incompletos seus relatos ainda são interessantes de ler e são um retrato de uma face obscura da história brasileira.
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Carol 29/09/2020

Eu achei esse livro meio cansativo e a leitura é meio técnica, apesar de já ter lido outras obras desse autor e ter gostado. Acredito que o problema do livro seja talvez uma falta de organização, perfeitamente entendível, visto que o autor se encontrava no hospício e carecia de material.
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João 02/12/2020

Diário do hospício e Cemitério dos vivos - Lima Barreto.

Não há dúvidas de que o escritor carioca Lima Barreto, ícone da literatura pré-modernista, foi um dos maiores escritores brasileiros do século XX. No entanto, o reconhecimento do público e da crítica em geral sobreveio tardiamente, postumamente.

Hoje, lendo-se não só os romances e os contos do Lima Barreto, mas especialmente suas crônicas e diários, nota-se o amor às letras, a devoção ao conhecimento, a abnegação do estudioso e a lucidez do crítico de seu tempo.

A inteligência e a sensibilidade aguda do escritor carioca pulsavam já nos seus primeiros textos literários e jornalísticos. Daí em diante a verve do autor logo ganha firmeza para consolidar o estilo crítico, satírico e erudito que tanto marcaram seus trabalhos.

No entanto, a independência e o espírito livre do autor fizeram dele um escritor marginalizado. As decisões tomadas ao longo da vida levaram o escritor carioca a traçar um caminho não convencional na cena público-literária do país. Entre outras circunstâncias que possivelmente contribuíram para o pouco prestígio do autor estão o fato de Lima Barreto se recusar a compor o círculo de bacharéis da República brasileira, acreditando antes no seu talento intrínseco, e desprezando o fetiche pelo título universitário que não deveria constituir garantia de inteligência e de talento. Só por isso, ele deve ter perdido visibilidade entre os letrados da República Velha. Some-se o fato de que Lima Barreto estava convencido de que o seu talento intrínseco deveria ser fator suficiente para a obtenção da glória literária. E por isso recusava a se sujeitar a bajulações e a quaisquer convenções que se mostrassem incoerentes com seu caráter franco e independente.

Daí decorre que Lima Barreto obteve muito pouco reconhecimento dos seus contemporâneos. Algumas importantes manifestações a seu favor vieram de escritores como José Veríssimo e Monteiro Lobato, vozes praticamente isoladas no tocante à obra do escritor. Basta lembrar que, embora tenha se candidatado três vezes à ABL, foi rejeitado em todas elas.

Lima Barreto sofreu profundamente a rejeição, ou melhor, o silêncio indiferente de seus contemporâneos. Tal situação feriu de morte o orgulho do escritor que desde a primeira infância tinha consciência do seu valor e inteligência. O autor nutriu desde muito cedo o desejo de ser grande, de realizar coisas belas e significativas no cenário das letras. Mas amargou o silêncio da indiferença, o preconceito racial e todas as agruras que daí decorrem.

Resulta, então, que machucado pela desilusão e pela desesperança, o escritor já não possuía coragem moral para suportar os dissabores do dia a dia. Os dramas familiares e a falta de dinheiro tornam-se problemas crescentes na vida do autor, selando o círculo de angústias.

No seu “Diário” fez constar: “A literatura ou me mata ou me dá o que eu peço dela”.
É nesse contexto que Lima Barreto torna-se um alcoólatra. E o consumo exagerado de bebidas alcoólicas passa a deflagrar crises mentais, permeadas por delírios, que levam o escritor a ser internado por diversas vezes no manicômio, por influência da família e pelas “mãos da polícia”.

E é nos momentos de lucidez, durante as internações do autor, que surgem os textos que compuseram o “Diário do hospício”.

O “Diário” contém notas e frangemos esparsos acercas das observações feitas pelo escritor. E, ao que parece, essas notas carregam o mote que dará vida e cores às crônicas posteriormente elaborados pelo autor.

Lima Barreto permaneceu - na última vez em que esteve internado no hospício – durante algumas semanas recolhido com dezenas de outros malucos e débeis mentais. Toda essa matéria humana que vai desde os inspetores, guardas, médicos e enfermeiros, até toda a sorte de mentecaptos que habitam os manicômios constituiu-se em um rico campo de observação para o escritor carioca.

O testemunho do autor não é indiferente às cenas pitorescas que marcaram sua permanência entre os loucos, cujas manias as mais diversas são capazes de despertar riso e piedade. Como é de se supor, houve também espaço para pequenas considerações acerca da loucura.

Importante constatar que mesmo machucado pela bebida e pelos delírios, Lima Barreto não abandona sua verve e seu olhar perscrutador durante os dias que foi mais um dentre os loucos no manicômio. Sequer abandonou as leituras diárias, graças a uma biblioteca de obras clássicas que guarnecia o sanatório.

As anotações reunidas no “Diário do hospício” serviram de adubo para a criação do romance inacabado “Cemitério dos Vivos”. Trata-se de um livro de memórias de Lima Barreto, fundado sob bases evidentemente autobiográficas, mas entremeados por personagens e episódios mais ou menos ficcionais, o que naturalmente conduz a uma certa confusão entre o que é ficção e o que é real.

A narrativa possui dois momentos bem marcados. Um concentrado na juventude do protagonista Vicente Mascarenhas, estudante cheio de sonhos e de ambições intelectuais. Porém, não se trata de um estudante qualquer, mas sim de um com as feições e o gênio do próprio Lima Barreto, dado ao autodidatismo, às coisas grandes e avesso à formação puramente acadêmica devotada do bacharelismo pedante; o outro momento é voltado para a ruína pessoal do protagonista, agora internado no hospício após sucessivas crises de alcoolismo acompanhadas de delírios e alucinações.

Conforme teria se passado com a vida do próprio escritor, todas essas crises por que passa o protagonista Vicente Mascarenhas guardam relação com as desgraças de ordem familiar, aliadas ao drama pela falta de dinheiro e à frustração pelo não reconhecimento do seu valor nos círculos literários.

O “Cemitério dos Vivos” agrada desde o início pela fluência e ritmo narrativos. Começa com o protagonista, à maneira de um defunto autor (para lembrar de Brás Cubas), rememorando a sua primeira mocidade. Logo, damo-nos conta de suas semelhanças com a história do próprio Lima Barreto. Trata-se assim de um personagem inteligente, honesto, com independência e sinceridade intelectual e profundamente entusiasmado com seus projetos pessoais de estudo.

Vicente Mascarenhas era, no entanto, de temperamento arredio e avesso a travar relações com as mulheres de sua geração. Sentia timidez, incapacidade e um não sei quê de medo e de receio. Jamais desejou o casamento, não se imaginava numa relação a dois. De algum modo entendia que isso poderia jogar por terra seus planos em torno de um futuro glorioso através dos estudos e das letras.

Entretanto, por força de acontecimentos improváveis (“o homem faz planos e Deus ri”), acabou casado com uma moça por quem possuía um misto de afeto e piedade.
Com a morte prematura de sua esposa, não demorou muito a perceber a falta de cumplicidade e de confiança mútua que havia entre ambos durante o casamento. Desenvolveu remorso ao se dar conta de que sua falecida esposa exercia, no final das contas, grande apoio moral sobre ele, instigando-o em seu trabalho intelectual e admirando-lhe a inteligência.

Vicente Mascarenhas é corroído pelo arrependimento, fundado no sentimento de que não soube compreender sua esposa, agora morta. Aterroriza-o, ainda, a percepção de que faltou amor durante toda a sua vida, uma vida que parece ter se desenvolvida num ambiente de extrema independência emocional e autonomia intelectual, mas cujas consequência agora eram sentidas. “ [...] não era bem a morte que eu queria, não era o aniquilamento da minha pessoa, a sua fragmentação até o infinito, nas coisas e nos seres, era outra vida, mais cheia de amor, de crença, de ilusão, sem nenhum poder de análise e isenta de toda e qualquer capacidade de exame sobre mim mesmo”.

O sofrimento do protagonista ainda é agravado pela falta de dinheiro e pelas humilhações daí decorrentes. Tudo isso o conduz à bebida. E a embriaguez contumaz desperta nele delírios e alucinações. Não demora muito para que os parentes mais próximos, com o auxílio da polícia, providenciem sua internação no hospício.

E daí nasce um novo momento narrativo calcado na observação atenta dos personagens que habitam o manicômio, desde os enfermeiros, médicos e guardas, até os seus companheiros de loucura, aqueles internos cheios de manias e delírios.

O romance é recheado de imagens literárias, de observações argutas sobre o universo circundante e pejada de referências à literatura e ao conhecimento científico em geral, próprias ao veio erudito de Lima Barreto.

Boas leituras!

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fev 13/01/2021

4,5

É a primeira obra do Lima Barreto que leio. Essa edição da Cosac Naify é simplesmente incrível. O trabalho e os textos de apoio são primorosos e nos ajudam a conhecer não só um pouco do autor, mas também a conhecer um pouco mais sobre as suas intenções.

Diário de Hospício abre o conjunto dessa edição. É uma coletânea de escritos que Barreto escreveu no período em que esteve internado em um Hospital para Alienados. São relatos sobre o funcionamento dos alojamentos, dos tratamentos que recebia e como os outros internos eram tratados. Também há descrições sobre os que ali conviviam com ele não só pacientes, mas também enfermeiros, médicos e ajudantes. Lima Barreto inúmeras vezes compara o manicômio como uma prisão. Ali funciona como uma prisão por muitas vezes privar os pacientes de serem tratados como seres humanos. Apesar disso há também informações sobre como alguns médicos e enfermeiros faziam de tudo para que os internos fossem bem tratados.

Toda essa escrita me cativou bastante. É uma escrita que inspira, mas também nos faz juntamente com o que ele expõe questionar inúmeros problemas de uma sociedade problemática. Já naquele tempo ele questionava a violência policial, o desinteresse da sociedade sobre as questões humanas, os maus tratos as pessoas com problemas mentais e a exclusão delas. Um livro que foi escrito há quase cem anos ainda consegue conversar com o Brasil atual. Sinal de que estamos caminhando a passos lentos ou o pouco que conquistamos está sendo tirado da população que precisa. Prova disso é que o campo da saúde brasileira ligada a psicologia está sendo desmontada pelo governo Bolsonaro. É lamentável que mudanças positivas foram conquistadas pós-escrita de Lima Barreto esteja sofrendo com uma ingovernabilidade ignorante e com o intuito real de destruição.

Para além disso, há em Diário de Hospício, inúmeras reflexões existenciais. Barreto narra e questiona o amor quase inexistente pela mulher, a tristeza de não conseguir viver plenamente daquilo que gostava de fazer (escrever suas ficções e refletir sobre a humanidade), o medo de não seguir outro caminho mais promissor, não acreditar no seu potencial como alguém criativo. Esses questionamentos que nos é tão presente e pulsante já eram retratados há anos. Isso só me dá a certeza de que os problemas ainda são os mesmo só a sociedade e a tecnologia que muda de tempos em tempos.

Logo após os relatos da sua existência em mais de uma vez no hospital para alienados chegamos a obra ficcional inacabada baseada nesses momentos: O Cemitério dos Vivos. Preciso dizer que essa parte não me apeteceu muito por conter praticamente a mesma coisa o livro anterior. Há pouquíssimas diferenciações. Existe ali somente o necessário para introduzir os principais personagens e os seus relacionamentos. Quando Barreto começa a parte em que o personagem vai para o hospício as descrições são praticamente as mesas das suas anotações. Para mim, o Diário cumpriu o papel denunciante e questionador de toda a situação das pessoas que viviam em manicômios. Mas ali e nos textos seguintes crônicas e contos é possível captar o poder da sua escrita mesmo que tenha soado extremamente repetitivo.

Barreto é um homem instigante. Essa obra fez com que eu me interessasse mais por ele. O Barreto escritor e o Barreto homem. Tanto que irei atrás de aluma biografia que possa me mostrar mais quem foi este homem. Por fim, indico esse livro para todo mundo.
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Kennya 19/01/2021

Vida de Lima Barreto
Diário do Hospício - Cemitério dos Vivos.

Autor: Lima Barreto
Publicação: 1951

O livro excepcional. Retrata a trajetória de Lima Barreto em meio aos seus problemas familiares, com o alcoolismo e frustrações literárias. Ele, negro e podre, enfrentou inúmeras dificuldades para se colocar no rool literário de sua época. Após inúmeros problemas pessoais e o consequente agravamento do seu problema com alcoolismo, passou por diversas internações psiquiátricas. O seu pai sofreu de transtornos mentais e também teve experiências em manicômios. A sua esposa morreu com pouco mais de cinco anos de casados e, seu filho, segundo relato do livro, tinha dificuldades escolares. O que mais me chamou atenção no livro é que o autor se envereda por reflexões existências acerca da sua condição de vício e retrata o estigma, a humilhação e o constrangimento o qual foi submetido. Super indico o livro. Acho, inclusive, que seria uma mega argumento para abordar o ?estigma? em saúde mental, que foi tema do ENEM 2021.
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Maria.Conceicao 22/03/2021

Se eu pudesse te ajudar, seria te dando amor.
Diário de um hospício e cemitério dos mortos, é de lomge um livro lindo, bem editado e uma das obras mais sinceras, afetivas e subejivas de Lima. Ainda no pós-abolição, temos o pai da Literatura afro-brasileira militante, nos apontando um caminho com a própria vida: não deixe que eles destruam você. Lima, em tudo foi grandioso. Obra simplesmente genial. Cuidemos da nossa saúde mental e afetiva. Afinal, somos seres humanos.
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bella 30/04/2021

Cemitério de dentro e de fora
insta: @atocadaraposa

O livro "Cemitério dos Vivos", do jornalista e escritor Lima Barreto, é uma história que até pode ser considerada autobriográfica. O livro começa contando sobre o, personagem principal, Vicente Mascarenhas que, na primeira página, já revela que sua mulher está morta. A sra. Efigênia, como ele mesmo diz, moribunda prestes a morrer, lhe disse: "Vicente, você deve desenvolver aquela história da rapariga, num livro". Este é o ponto quando Mascarenhas volta no tempo para explicar o sentido da frase, como também, a história com seu amor inusitado.

​Mas antes de se ater ao dito casamento e a história do livro ele conta como foi difícil para ele, jovem pobre, ir para a grande Rio de Janeiro para estudar "pra ser doutor". Ele passa a frequentar a pensão de dona Clementina, mãe de Efigênia, seu ainda não tão grande amor. Ao pensar que poderia se apaixonar pela jovem, evita ir à pensão e conversar com ela, o que acaba por ser inevitável, ela rompe a timidez e começa a conversar. Os meses passam até que dona Clementina fica doente, quase a falecer, e, num dia de visita à senhora, Efigênia pede Mascarenhas em casamento, que aceita surpreso.

Vicente, jovem e inteligente, começa a trabalhar num jornal, por mais que não gostasse e por mais que escrevesse coisas de que não gostava, apenas para conseguir dinheiro para se sustentar. Então, após 5 anos de casamento e 1 filho de 4 anos no colo, sua mulher morre, de uma doença súbita.

Ele se vê sem caminho, sua esposa que tanto amava havia ido embora, sua sogra que não morrera estava viva para atormentá-lo, seu filho já crescido mostrava-se ainda analfabeto e sem vontade de estudar, seu emprego não lhe era satisfatório. Cansado, Mascarenhas se vê alcóolotra e, após um episódio triste, acaba sendo acometido em um hospício, onde passa a maior parte do livro. Convivendo com outros "loucos" e "alienados", ele descobre um pouco da personalidade de cada um, dentro daquele local com condições insalúbres para viver, um são em meio à loucos num verdadeiro cemitério dos vivos.

O livro pode ser considerado como uma autobiografia de Lima Barreto, visto que este foi internado em um hospício por alcolismo. Também, muito me lembrou as histórias contadas por Daniela Arbex em "Holocausto Brasileiro", livro que conta a realidade dos hospícios brasileiros com superlotação, maus-cuidados, entre outros problemas.

Apesar de tocante, em certas partes, o livro não muito me interessou. Admito que não gostei deste, talvez eu tenha que relê-lo mais pra frente mas, por enquanto, esta é minha opinião. Por mais que eu goste desse tipo de história, como gostei de Holocausto Brasileiro, não gostei da história do Dr. Vicente Mascarenhas e não recomendo. Lima Barreto, não foi dessa vez.

site: https://www.instagram.com/atocadaraposa/
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