O idiota

O idiota Fiódor Dostoiévski




Resenhas - O Idiota


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BetoOliveira_autor 07/12/2019

Sensacional
Um dos melhores livros que já li em vida! Sim. Depois que terminei a leitura, senti-me renascido. Aquilo que se denomina "metanoia".
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Helder 16/08/2019

A ignorância é uma benção ou uma maldição?
O Idiota de Dostoievski, publicado em 1868, é um dos livros mais complexos que li até hoje, e por isso torna-se difícil fazer uma resenha desta obra.
Antes de tudo preciso dizer que li a nova edição do livro trazida ao mercado pela Editora Martim Claret e tenho que dizer que o trabalho editorial é perfeito, me permitindo dizer que este exemplar de O Idiota é um dos livros mais bonitos que tenho na minha estante.
O livro apresenta uma capa dura marrom com o titulo em preto. As folhas de guarda e as que dividem as 5 partes do livro são pretas com texto em marrom claro, e o mais sensacional são as paginas em um tom bege e a diagramação com letras em marrom, algo que até hoje eu não tinha visto em nenhum livro.
A Martin Claret vem reeditando os livros de Dostoievski e todos seguem com estas edições luxuosas. Para aqueles que desejam ter uma bela biblioteca em suas casas, recomendo de olhos fechados a compra destas belíssimas edições.
Mas nem toda a beleza da edição consegue tornar este livro uma leitura mais leve e fluida, o que transformou esta leitura e um grande desafio que levou dois meses para ser concluído.
Dostoiveski não é uma leitura para ser feita na praia ou no metrô. É necessário concentração para não se perder no texto que divaga e conseguir extrair a mensagem que ele traz.
Se olharmos de uma maneira superficial, O Idiota é a estória de um rapaz simplório na alma que se apaixona por uma mulher inconstante, mas isso é só a casca neste enorme romance.
Em O Idiota, toda a estória gira em torno do Príncipe Lev Nikolayevich Michkin, rapaz ingênuo como Candido de Voltaire ou até mesmo a famosa Polianna.
O Príncipe Michkin é a tentativa de Dostoievski de criar o homem com o caráter perfeito, numa mistura de Jesus Cristo que a todos perdoa, com Dom Quixote, que em todos acredita.
Michkin é um rapaz que enxerga as pessoas atrás de suas mascaras, e sempre consegue encontrar coisas boas em cada um e focar neste lado. Por piores que sejam as coisas que as pessoas façam, e algumas até o afetando, ele continua acreditando na humanidade. Esta característica de extrema bondade acaba causando uma estranheza nos que com ele convivem, e muitas vezes o consideram um idiota.
Mas Michkin é um bondoso ou será que ele simplesmente não entende o que o cerca?
A ignorância é uma benção?
Confesso que realmente esta característica tão bondosa chega até irritar o leitor. E isto fez que eu me distanciasse muito do personagem, pois com certeza minhas atitudes seriam completamente diferentes das atitudes de Michkin.
Além da falta de empatia com os personagens, outra dificuldade que encontrei neste livro foi na maneira encontrada pelo autor para narrar esta estória. Diferente de Candido ou Polianna, cujos livros têm uma escrita com ações sequenciais, aqui Dostoievski foca-se nos diálogos, então é como se no livro existissem várias e enormes cenas teatrais, sempre com diversos personagens conversando e nestas cenas ele aproveita para discutir assuntos inerentes à sociedade russa da época.
O livro começa em um trem onde Michkin, agora com 20 anos, está retornando para a Rússia de um tratamento para epilepsia que fizera na Suíça desde sua adolescência.
Neste trem ele conhece Rogojin, um homem um pouco mais velho que lhe conta a estória de que quase foi deserdado pelo pai porque que se apaixonou por uma linda mulher: Nastassia Fillipovna.
Ao chegar a São Petesburgo, Michkin não conhece ninguém na cidade, mas sabe que ali tem uma parente distante, a mulher do General Epantchin . Ele vai a casa desta família e por sua bondade e simpatia, é bem recebido. E é nesta casa que vai conhecer duas mulheres que farão parte de sua vida. A bela e jovem Aglaia, filha do General e que sonha em se casar para livrar-se dos pais e Nastassia Fillipovna, a personagem feminina mais complexa e insuportável que já conheci na literatura.
Nastassia Fillipovna é uma mulher inconstante. Ela era uma cortesã apadrinhada por um homem mais velho, que a principio não está mais interessado nela, e passa a lhe buscar um casamento. Mas de repente ela decide tornar-se dona de sua vida e decidir com quem deve casar, já que pretendentes não lhe faltam. E ao ver aquela mulher e sua ênfase em sair daquela vida, o Príncipe passa a nutrir um estranho sentimento por ela, que nunca sabemos direito se é amor, ou simplesmente pena, e inicia-se ai um triangulo amoroso doentio entre eles e o obcecado Rogojin.
Mas o interesse de Dostoievski não é somente contar uma estória de amor, mas também mostrar como a sociedade se comporta, e que não existe classe social para a mesquinharia e pessoas aproveitadoras.
O autor cria cenas onde o Príncipe e sua bondade convivem com pessoas ricas (Os Epantichins, Liebediev ) e pessoas pobres, como os rapazes que aparecem exigindo direitos de herdeiro devido a uma fortuna que Michkin recebera como herança.
E para todos ele dá razão. Em todos ele encontra uma bondade.
Em muitas cenas, parece que está sempre acontecendo algo no fundo, pelas costas de nosso Principe, ou simplesmente algo que ele não percebe. Por mais esdruxulas que sejam as discussões trazdias pelos personagens, Michkin está sempre disposto a ver flores nas situações.
Desta maneira Dostoievski mostra a elite russa preocupada com aparências e linhagens e a plebe, que já começava a se incomodar com a diferença social e se revoltar, exigindo direitos iguais, numa pré revolução Russa.
Cercando estes momentos de critica social temos os encontros e desencontros entre Michkin, Nastassia, Rogojin e Aglaia, que leva o livro a um final pesado e inesperado, mas que não deixa de ser perfeito para tudo o que foi mostrado até ali.
Um livro para nos fazer pensar o quanto vale a pena ser bom. E se já era difícil ser bom em 1860, me pergunto como buscar esta essência em nosso corrido século XXI.
Marcos.Azeredo 14/11/2019minha estante
Um dos melhores livros que ja li!




Lah 26/07/2019

Tem um enredo interessante com escrita brilhante, porém em alguns momentos se tornou monótono.
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Raquel 11/08/2019minha estante
Comecei a ler esse livro pelo Kindle em uma tradução ruim, abandonei e recomecei do zero pela edição da 34, tenta ela sim, está bem mais fluida.


Su 15/12/2021minha estante
Obrigada pela dica, amada. ?




Lucas 14/07/2019

O decrépito em suas mais sombrias formas
Conspirações, intrigas, psicologia, nuances policiais e/ou jurídicos, sentimentalismos, reflexões religiosas, o subconsciente como protagonista... São características intrínsecas a todas as obras de Fiódor Dostoiévski (1821-1881), escritor russo que dispensa maiores apresentações a todo amante de literatura clássica. Além dos traços citados, ninguém, nem antes nem depois de Dostoiévski foi capaz de tratar na literatura de uma forma tão única das mais diversas variedades de decrepitude: seja a moral (especialmente esta), física, mental, financeira ou social, todo tipo de escopo psicossocial que forma o ser humano é tratado pelo autor na sua forma mais crua. Para Dostoiévski, o desânimo é mais importante que a disposição; a pobreza é mais narrável do que a riqueza; o ser sempre virá antes do ter.

Tudo isso é ''chover no molhado'' em se tratando do autor, mas em O Idiota (1869) ele se superou: é uma longa e profunda obra que trata de diversas características que um personagem ou ente real pode desenvolver e que são elementos de escárnio em uma sociedade materialista e preconceituosa. Neste caso, é o príncipe Liev Nikoláievitch Míchkin quem toma para si as dores de um indivíduo psicologicamente perturbado a partir da inexistência de uma sensação de pertencimento à sociedade, algo recorrente na grande maioria dos personagens dostoiévskianos.

Se em Crime e Castigo (1867), o romance mais famoso de Fiódor Dostoiévski, o protagonista possui um sofrimento mais moral do que propriamente físico (Raskólnikov buscando justificativas para um crime bárbaro e as tortuosidades causadas pelo arrependimento), em O Idiota tem-se um príncipe Míchkin com agruras bem mais palpáveis a olhos menos ''treinados'' em termos de psicologia: o protagonista aqui sofre de epilepsia, tal como o autor/criador. Mas, em se tratando de uma sociedade mais preocupada em posses e interesses financeiros, a epilepsia do protagonista acaba ficando num segundo plano: o verdadeiro ''defeito'' do príncipe é a ingenuidade, o humanismo e o olhar sempre abstrato para coisas terrenas.

A história começa numa viagem de trem do protagonista em seu retorno a São Petersburgo, após uma longa estada em uma clínica para pacientes epiléticos na Suíça. Considerando-se não mais um russo, Míchkin nessa viagem trata conhecimento com Parfen Semeónovitch Rogójin, indivíduo rebelde e de razoável situação financeira, que exercerá enorme influência sobre o príncipe. Desde as primeiras páginas, Dostoiévski deixa muito claro que o seu protagonista é um personagem totalmente peculiar até mesmo para o seu ''rol'' de personagens únicos: Míchkin é uma mistura entre Jesus Cristo e Dom Quixote, o eterno Cavaleiro da Triste Figura, do atemporal Miguel de Cervantes (1547-1616). Posto isso, sobram no protagonista elementos de bondade inocente, que muito tenta ensinar e tocar, mas que na maioria das vezes só alimenta o escárnio dos outros indivíduos ''normais'' que o rodeiam. É este escopo, inclusive, que representa o cerne da obra: uma pessoa boa, ingênua, insegura e inexperiente, que acaba sendo visto como um idiota perante indivíduos fúteis, mas providos de malandragem e maledicência.

O príncipe acaba por guiar a narrativa para outros personagens estereotipados do estilo de Dostoiévski. Dentro disso, surge aqui uma parente distante de Míchkin, Lisavieta Prokófievna, esposa do general Ivan Fiódorovitch Iepántchin, que juntos tinham três filhas: Alieksandra, Adelaida e a bela Aglaia, de importante participação ao destino do protagonista. O general possuía um secretário, Gavrila "Gânia" Ardaliónovitch Ívolguin, inteligente personagem que era irmão de Nikolai/Kólia (este último o que mais se aproxima da definição de "amigo" que o príncipe acaba fazendo). Havia também Afánassi Ivanovitch Tótski, rico senhor de terras e amigo próximo do general Iepántchin e Hippolit Tieriéntiev, jovem tísico e principal representante do niilismo típico do autor.

Este excesso de citações de nomes de personagens não tem o intuito de tornar erudita a presente resenha, mas é importante para que se demonstre um quadro geral do que a narrativa trará, sempre se ressaltando a complexidade dos nomes russos e seus patronímicos (o que não deve ser considerado um obstáculo aos menos experientes leitores de russos, se bem que não se recomenda que ele comece nesta literatura tão rica por O Idiota). Inclusive há uma miscelânea de outros personagens que estabelecem relações com estes citados e, dentro dessa menção, é importante que se destaque e pormenorize a figura de Nastássia Filippóvna, a protagonista feminina e o principal exemplo de personagem típica de Dostoiévski, cuja grande maioria das ressalvas ao longo do tempo quanto à sua escrita reside na construção de mulheres histéricas, com recorrentes crises de nervos e de alta imprevisibilidade narrativa quanto aos seus desfechos. Nastássia, rica e linda jovem muito bem quista pela sociedade de São Petersburgo, é uma síntese desse tipo de personagem, podendo ainda ser definida como alguém cheia de camadas e distúrbios psicológicos, muitos deles explicados pela sua trajetória de vida. Mesmo que não tenha tanto "tempo de páginas", o seu protagonismo é latente pela ''sombra'' que a simples menção ao seu nome causa ao núcleo principal do livro.

Dostoiévski sempre traz em suas obras (especialmente nas que foram lançadas após o seu período de reclusão, que terminou em 1860) elementos que se identificam com a camada mais pobre da Rússia czarista, sem se preocupar extensivamente em descrever a sociedade como um todo, em especial a camada mais ''alta'' em termos de oportunidade e berço. E quando o escritor insere estes elementos mais distantes do estrato mais popular, ele faz com o mesmo olhar voltado para a decrepitude. Dostoiévski não diferencia ricos e pobres ao imputar em seus personagens distúrbios físicos ou espirituais e isso acabou por mistificar a sua imagem como autor mais adorado do povo mais humilde da Rússia. Tudo isso precisa ser aqui reforçado para que se dimensione a narrativa do autor, que não tem muitos acabamentos artísticos mas que acaba, talvez até mesmo por isso, sendo inconfundível por oferecer um desnudamento psicológico dos seus personagens que jamais foi igualado. E conforme cada personagem é ''dissecado'' sob o ponto de vista psicológico, aumenta-se no leitor a sua incerteza quanto às atitudes futuras que a narrativa reserva a este respectivo personagem. Por isso surge em muitos momentos a sensação de estranheza, até mesmo de peso opressivo ao leitor de Dostoiévski: sua escrita colhe inúmeros elementos psíquicos dos caracteres principais que compõem a história, mas que jamais definem de forma objetiva e resumida a complexidade inerente ao interior de cada um.

Esse apego ao decrépito, ao vil, é explicado em momentos bem pontuais, de uma forma quase que didática. Em determinado momento, o narrador (onisciente, mas que não desenvolve uma oralidade mais direta com o leitor) explica, sob o ponto de vista de um escritor, a natureza dos personagens de um livro, dividindo-os entre ordinários e inteligentes. A forma com que Dostoiévski defende o primeiro grupo é incisiva, especialmente a quem considera a narrativa dele esteticamente deficiente. Outro exemplo singular advém de uma nota de rodapé, exposta na edição da sempre elogiável Editora 34, num trabalho excelente de tradução de Paulo Bezerra (1940-), onde se extrai um trecho escrito por Dostóievski em uma nota onde ele comenta a respeito de um brutal assassinato, que é um fato "mais interessante que toda sorte de romances, porque elucida aspectos sombrios da alma humana que a arte não gosta de abordar, e se o aborda o faz só de passagem e em forma de episódio''.

Além de toda uma abordagem psicológica, O Idiota traz em suas linhas dezenas de divagações, que tratam desde as desesperadoras sensações de quem está na iminência de um ataque epilético até a questões mais existenciais e atuais, como a pena de morte. Outro ponto discutido e muito interessante é a hipótese da "ocidentalização'' da Rússia do século XIX, onde muito se debatia a respeito do alcance e a influência que a cultura do Oeste Europeu (especialmente da França) exerceria sobre a sociedade russa. Foi, inclusive, a partir desse embate que se fortaleceu a literatura russa, que passou por um avanço muito substancial a partir da segunda metade do século XIX e desenvolveu um estilo literário próprio bem diferente daquele já consolidado no ocidente, com vieses mais românticos.

O príncipe Míchkin é um dos maiores personagens que Dostoiévski concebeu. O futuro leitor perceberá que a sua grandeza não reside nos feitos heroicos ou materiais, ou em cavalheirismos românticos, mas sim em seu olhar para o íntimo, para o interior dos que o rodeiam. Humilhado, ridicularizado e execrado, Míchkin era acima de tudo um cristão e, guardadas as devidas e óbvias proporções, lembra em vários momentos a figura mística de Jesus Cristo, cuja sabedoria incisiva ensinava e provocava revolta em que não a aceitava (ponto importante, Dostoiévski tinha muita ligação com as Escrituras, intensificadas após os seus dez anos de prisão por "agitação popular"). É importante que se sublinhe isso porque revelar qualquer detalhe da trajetória de Míchkin seria adiantar de forma desnecessária todo um emaranhado de ligações e situações que unem os personagens. A lição que fica é a de que inocência, altruísmo bondade e honestidade, quando misturados, são capazes de tornar a existência comum mais sadia, mas dificilmente passarão incólumes a um mundo que está longe de ser compreensivo ou benevolente.

Apesar disso, O Idiota, como opção geral de entretenimento, possui algumas particularidades que, se são incapazes de prejudicar a qualidade geral da obra, fazem com que ele seja um livro ''pesado'', seja moral ou até mesmo literalmente (na já citada edição da Editora 34 são quase 700 páginas). Este peso é fortalecido pela existência de vários personagens ''perturbados'', com distúrbios próprios, o que é diferente de outras grandes obras do autor, onde esses tipos são mais reduzidos. Não é, por isso, o tipo de livro a ser lido aos ''atropelos''; exige do leitor paciência e até compromisso em desfrutar das filosofias próprias contidas nas suas entrelinhas. Todavia, não se trata de um sacrifício sem sentido: a obra muito ensina e muito faz refletir, pois Dostoiévski não trata das decrepitudes só para chocar: ele mostra que, mesmo no ambiente mais pobre, no contexto mais sujo, na realidade mais histérica, há espaço para a bondade e o amor.

O Idiota foi o segundo dos cinco ''dinossauros de Dostoiévski'', livros de maior vulto e de maior profundidade literária da carreira do autor (foi precedido por Crime e Castigo, de 1867 e sucedido por Os Demônios, O Adolescente e Os Irmãos Karamázov, lançados respectivamente em 1872, 1875 e 1881). Por esse motivo, é uma obra fundamental da carreira literária do escritor e sintetiza bem toda a habilidade incomparável dele em descrever o interior dos seus personagens, usando para isso de muito humanismo, realismo e religião. Em essência, adentrar as suas linhas é ficar rodeado de angústia, desânimo, desesperança e desespero, mas sempre com um apego à redenção e ao sublime, que se revela nas mais inesperadas faces dessa robusta análise psicológica.
Marcos.Azeredo 02/08/2019minha estante
Um dos melhores livros do Dostoievski.




Jeanderson.Oliveira 27/06/2019

Uma obra que me fez perceber claramente a tensão vivida na alma humana em particular. Essa tensão é vista entre as duas faces de uma moeda que é representado no duplo da história. Por um lado o Princípio Michkin egresso do seu paraíso edênico situado na Suiça, nas altas montanhas onde costumava dar-se a contemplação, representando tudo aquilo de elevado, as coisas dos espírito ? não por acaso ele é considerado a personificação da verdadeira caridade cristã, ao ponto de ser julgado ridículo; e por outro Rogójim sendo os instintos mais baixos, mais animalescos do homem, o qual foge do pai por ter roubado-lhe certa soma de rublos para atender aos seus impulsos e apetites. Disso deriva duas alternativas: ou deixamos ser levado pelas coisas do alto ao ponto do homem do espírito controle e guie nossos apetites sensuais, ou deixamos que nossos instintos mais baixos nos conduzam e levados por eles terminaremos na Sibéria a purgar toda as nossas faltas, como acontece no clássico.
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Paulo Silas 07/05/2019

Sendo um dos grandes clássicos de Dostoiévski, "O Idiota" é um romance de peso que desce às entranhas do leitor para lhe arrebatar a alma. A obra entorpece o leitor, deixando-lhe por diversas vezes sem fôlego. A vivacidade com a qual as personagens são construídas, a trama e seus diversos desdobramentos, as explosões e rompantes no enredo, o estilo característico do autor, o ambiente em que se situa a história, enfim, os vários elementos que compõem e dão forma ao livro o elencam a uma categoria própria de grande clássico, cuja admiração que encontra no universo literário possui guarida e justificativa. "O Idiota", portanto, é uma obra que não é elogiada a toa. Pelo contrário, trata-se de um primor da literatura clássica que merece todo o destaque que lhe é devido.

O livro conta a história do príncipe Míchkin, que com os seus vinte e tantos anos retorna para Petesburgo depois de passar alguns anos numa clínica na Suíça para tratar de uma moléstia que lhe acomete. Ainda na viagem, antes mesmo de chegar ao destino, conhece a pessoa de Rogójin, um desregrado que se vê afortunado por uma herança de hora para outra, personagem esse que traz grande impacto na vida do príncipe protagonista, sendo fundamental a sua presença para o desenrolar da trama. Situado em seu destino, o príncipe conhece e muito se aproxima da família Epantchin - que conta com os genitores general Ivan e a senhora Epantchiná, além de suas três filhas: Aleksandra, Adelaída e Aglaia Epantchiná. O relacionamento entre o príncipe e os Epantchin é também bastante significativo para a história, tratando-se de um dos elementos centrais a partir dos quais as questões abordadas na obra são desenvolvidas. Diz-se da forma de ser do príncipe, do modo com o qual se porta, do jeito pelo qual vê e interpreta o mundo, ensejando num estilo próprio de lidar com as pessoas. Por esse seu jeito, sua bondade demasiada, sua inocência exacerbada, a sua sociabilidade acaba sendo afetada quando em confronto com as pessoas que o envolvem, que estão ao seu redor, pois possuem formas próprias de gerir suas vidas e analisar aquilo que entendem como adequado para se ter uma boa vida. Não compartilhando das mesmas obsessões, objetivos e pretensões dos outros, o príncipe acaba sendo visto como um... idiota! Eis o que motiva o título do livro e a pecha que seu protagonista carrega.
Importante mencionar outra personagem de destaque que influencia efusivamente os acontecimentos da história: Nastássia Filíppovna. Sua beleza atrai e enlouquece. Sua forma peculiar de agir confunde e cativa. Não é por menos que o príncipe cai em sua graça, assim como Rogójin - eis aqui um dos motivos do embate entre os dois. Considerando essas poucas questões mencionadas, talvez seja o mote da obra a forma com a qual o príncipe busca se situar em suas relações a partir do seu jeito "puro" de ser e ver as coisas. É partir desse seu pensar e agir que toda a trama se desdobra, resultando num romance robusto que em diversas passagens nocauteia o leitor.

O longo romance aborda diversas questões reflexivas num estilo próprio e característico de Dostoiévski. O niilismo, o cristianismo, o ateísmo, a racionalidade e a essência do religioso estão entre os temas que são trabalhados a fundo na obra, estando esses presentes nas brilhantes e cativantes falas dos personagens. O protagonista é construído de modo comparativo à Dom Quixote, figurando aqui enquanto o "puro", a "inocência", a "compaixão" personificados na pessoa do príncipe. Enfim, há muito presente no livro que resulta em diversas reflexões, necessitando de uma leitura atenta e parcimoniosa. Além disso, o enredo prende a atenção do leitor do início ao fim do livro - que conta com um final fenomenal.
"O Idiota" é assim mais uma das brilhantes obras de Dostoiévski, tratando-se de uma das grandes obras clássicas da literatura mundial!
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MauricioTiso 21/04/2019

O espelho moral
Um dos melhores livros que já li.
A riqueza psicológica das personagens e as inteligentíssimas contraposições do enredo despertam sentimentos e reflexões impossíveis por força própria.
O ideal e o ?normal? se degladeiam nos conflitos entre o Príncipe Míchkin e todos os personagens, e nos despertam incontáveis sentimentos nos fazendo refletir sobre nós mesmos.
Traz muito da cultura da Rússia à seu tempo mas as personalidades e os dilemas são atemporais.
Recomendo a todos que desejam refletir mais profundamente sobre sua ética e sobre como lidar com a sociedade.
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Ane Vasconcel 22/02/2019

"les extremiés se touchent"
"les extremiés se touchent"
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Edmar.Candeia 12/02/2019

Primeiro livro do autor
Um romance com idas, vindas e algumas reviravoltas. Algumas vezes relata bem as relações humanas, noutras a narrativa fica chata.
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Gabriel 30/11/2018

Mais uma obra dostoievskiana impecável do ponto de vista filosofico, psicológico e antropológico. A capacidade de síntese do escritor russo é invejável. Em uma frase, resume-se todo o espírito de uma época ou de uma ideia.

"O idiota" acompanha as aventuras do príncipe Léon Nicolaievitch Míchkin, apresentado como um doente que sofre de idiotia, o que lhe dificulta ou por vezes impossibilita a exposição das ideias. No decorrer da narração, no entanto, vê-se que o maior defeito de Míchkin seja talvez a sua perfeição. Trata-se de um personagem afável, incapaz de se encolerizar, sempre disposto a perdoar.

Por entre personalidades dúbias e vulgares, Dostoiévski conduz o príncipe Míchkin até o seu desafortunado fim. É de se esperar que, dadas as características das personagens desta obra, seu desfecho fosse trágico e mesmo desconfortável. No entanto, a despeito de quaisquer implicâncias que se possa ter sobre o enredo, ficam as reflexões profundas sobre a alma humana, suas virtudes, seus vícios, suas contradições, enfim, seu todo. É um calhamaço que vale a pena ser lido com atenção, se possível com um bloco de notas ao lado para se fazer anotações.

Deixo aqui apenas uma ressalva quanto à edição da BookHouse, que me parece ser especificamente para Kindle: o texto está mal revisado em algumas partes, o que dificulta um tanto a leitura e torra a paciência do leitor mais perfeccionista. Os erros podem levar até mesmo a uma compreensão equivocada da obra, a depender do contexto em que estão inseridos. No mais, o texto está formidável; muito bem escrito e estilisticamente aprazível.
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monique.gerke 06/09/2018

Em si, uma trama comum (?) (em nada confundir com uma leitura fácil). O que caracteriza a marca do gênio é que ele nos apresenta questionamentos sobre a realidade, reflexões filosóficas sobre os tipos de pessoas que somos e que nos rodeiam, e o tipo de vida que escolhemos viver, e isso, através de personagens aparentemente tão banais (um bêbado, um mentiroso, um fracassado, um doente, uma mulher 'infame'). Nessa auto-análise não saímos ganhando. Por isso, mesmo com uma trama aparentemente simples, o desenrolar se torna complexo justamente pela complexidade de cada personagem. Ninguém descreveu embates psicológicos tão incríveis quanto Dostóievski, encontros corriqueiros se tornam batalhas internas de tirar o fôlego!
Mesmo assim, algo ficou pendente, e me parece que em se tratando de 'O Idiota' algo sempre vai ficar pendente. É tão simples, que por procurar significado demais acabo não entendendo tudo? Existe um tudo? Ou não entendo tudo por que realmente não é tão simples?
Talvez seja um daqueles casos em que a simplicidade nos é apresentada com trajes enganosos.
O príncipe Míchkin, personagem chave da obra, permanece um enigma pra mim, me aferro a ideia de que era uma alma nobre e de inteligência ímpar, com um coração sincero e motivado pelo amor, mas até que ponto não tinha um pingo de idiotice?
Só a releitura dirá..espero.
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Lismar 23/05/2018

Ao terminar de ler O Idiota a impressão que dá é que foste atropelado por um caminhão. Achei a leitura difícil, complexa, com muita informação, o que demanda uma leitura a ser feita com calma e parcimonia.
O livro gira em torno do Príncipe Michkin e seu relacionamento com a aristocracia conservadora russa e os agressivos jovens niilistas. Pelo fato do Príncipe ser uma pessoa íntegra, honesta e que sempre põe a felicidade e o bem estar do outros a frente do seu - inclusive no que diz respeito ao de seus inimigos - é constantemente referenciado como Idiota. Um livro que possui uma crítica ainda bastante atual, em que observamos que o malandro é sempre o "esperto" perante a sociedade, enquanto que o honesto é visto como "otário".
A edição da Editora 34 é maravilhosa, com várias notas de rodapés, que situam o leitor Às referencias escritas pelo autor, apresenta ainda desenhos localizados em partes estratégicas na história. A tradução de Paulo Bezerra é, como sempre, muito boa. Nada rebuscada, facilitando na fluidez da leitura.
Para quem procura por um desafio, além de uma história impactante e imprevisível, recomendo esse grande clássico.
Nélio 11/06/2018minha estante
Estou lendo esse livro e você foi pontual na sua análise.
Parabéns.


Helio 13/08/2018minha estante
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Vitor.Canestraro 22/12/2017

Dostoievski talvez seja o maior gênio da literatura universal, evidentemente é demasiado difícil pocisiona-los numa ordem de grandeza, mas depois de ler mas uma obra do gênio russo, arrisco-me a afirmar tal perspectiva. Ah Michkin, sua ingenuidade é reconfortante e faz lembrar-nos de que talvez existam pessoas assim ainda é que se sim, ah como elas sofrem
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