natália rocha 25/10/2021nas primeiras páginas do livro já pude considerar que tolstói tinha ideias polêmicas sobre o amor e o matrimônio, assim como sobre as diferenças nas relações de homens e mulheres. não sabia que o ciúmes tomaria conta do enredo, ainda mais de uma forma tão intensa e monstruosa.
o enredo do livro se passa dentro de uma conversa entre dois homens em uma viagem de trem. gosto bastante de livros assim, uma história dentro da história.
a música também é algo bem importante. no posfácio do tradutor conheci um lado de tolstói muito sensível para a música, sendo algo que, mesmo que prazeroso, o perturbava imensamente.
a escolha de ''a sonata a kreutzer'' de beethoven como título da obra faz bastante sentido. há um trecho que tolstói diz que a música excita a alma, que não deveria ser permitido que essa sonata fosse tocada casualmente em uma sala de visitas. o autor vê um caráter libidinoso na música, que seria capaz de provocar ''a mais perigosa proximidade entre um homem e uma mulher''. e quem resolveu tocar essa música em uma sala de visitas? os alvos do ciúmes do nosso protagonista.
não foi minha novela favorita do autor - ''felicidade conjugal'' segue na frente -, mas foi uma leitura que me permitiu conhecer um lado obscuro de tolstói.
vou encerrar com uma frase do posfácio de boris schnaiderman: ''a literatura nos obriga às vezes a conviver com aquilo que nos parece mais odioso em nosso cotidiano''.