Márcia Regina 30/08/2009
"O rei pasmado e a rainha nua", de Gonzalo Torrente Ballester.
Está esgotado na editora, assim, quem encontrar em sebo, corra e leve para casa. É uma relíquia.
Vi o filme há muito tempo e adorei. Mas passou estilo relâmpago, uma semana, num cinema perdido, poucos viram. O que falei com referência ao livro, vale para o filme: quem puder ver, não perca.
A história ocorre em plena Inquisição, na primeira metade do século XVII. O rei espanhol vê uma prostituta nua e fica fascinado pela beleza do corpo feminino. Assim, resolve que quer ver a rainha nua. Mas, o que parece simples, não o é tanto. Afinal, ver uma prostituta é bem diferente de ver a esposa sacrossanta despida.
Além do mais, se o rei pode ver a rainha nua, todos os homens poderão ver suas mulheres nuas e daqui a pouco, como mulheres são mulheres, elas irão querer andar nuas pela rua!!! Isso precisa ser energicamente proibido. Seria o caos!!! A Igreja e a corte estão aí para garantir a ordem e impedir a realização desse desejo do rei e, é claro, da rainha.
Nessa linha vai, apresentando crenças populares misturadas com disputas teológicas e de poder político entre jesuítas e franciscanos, cujos debates (de leitura leve, ainda que profundos) apimentam ainda mais a história, tudo num tom de comédia mordaz que vai denunciando hipocrisias e revelando humanidades, razão x coração, ordem x instinto, amor sublimado x sexo e, o mais interessante, Deus e o Diabo unidos na defesa do jovem rei.