Os Cérebros Prateados

Os Cérebros Prateados Fritz Leiber




Resenhas - Os Cérebros Prateados


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Dinix 11/11/2010

Ácidas Previsões de Fritz Leiber e a Industria Cultural
Lançado em 1961 "The Silver Eggheads" é mais do que uma mera sci-fi recheada de nuance e atmosfera futuristíticas, mas sim uma corrosiva crítica ao modelo de produção artístico (no caso a literária) adotado pela consolidação da industria cultural.

O autor norte americano soube aproveitar muito bem o contexto de agitação política e contracultura da década de 60 - Os cerebros prateados começa com uma revolução violenta. O mote nos é extremamente contemporaneo: No futuro, os escritores serão meros atores que interpretam vidas exóticas e aventurescas, são puro marketing imagético que não escrevem uma linha, já que essa atividade agora é responsabilidade de máquinas que se guiam por entre algumas linhas de comando para produzir best sellers em massa.

Descontentes, alguns autores decidem destruir as máquinas e voltar ao antigo modelo artesanal, e ai que surgem o problema: ninguém mais consegue ter ideias, não se lembram como é que escreve.

O forte teor luddita do livro é complementado pela aparição dos cerebros prateados - mentes de gênios do passado aprisionadas em ovos de prata - que agoram aconselham os jovens escritores sobre a arte e as inúmeras citações à famosos autores, escondida entre criativos pseudonimos para seus personagens.

Não só por momentos e personagens marcantes, mas por sua contemporaneidade, principalmente no que tange à explosão da atual cultura digital, Cérebros Prateados é quase uma profecia bem humorada que com certeza irá satisfazer os fãs e admiradores do gênero.
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Georgeton.Leal 02/04/2023

Um futuro diferente? Talvez, nem tanto...
Fiquei surpreso ao ver como "The Silver Eggheads" é ironicamente profético para os tempos em que estamos vivendo, onde a inteligência artificial alcançou patamares admiráveis, a exemplo do ChatGTP e outros modelos similares. No momento em que publico esta resenha, já existem diversos autores e especialistas preocupados com o impacto dessa tecnologia de IA na autoria de livros, questão essa que teve um resultado nada amistoso na história de Leiber, a qual iremos falar aqui.
Num futuro próximo, os escritores são considerados uma espécie excêntrica de celebridade e elaboram seus livros com base em máquinas chamadas "fábricas de palavras" que, na verdade, fazem todo o trabalho no lugar dos supostos autores. Nessa época, o próprio conceito de escrita autoral já teria se perdido há muito tempo e os livros se tornaram apenas produtos de entretenimento barato regados a uma tecnologia apelativa cheia de experiências sinestésicas. Até aí, a humanidade também já teria vencido todos os tipos de frustrações e emoções negativas mediante o uso de substâncias medicamentosas e tratamentos especiais que sanariam até mesmo problemas psiquiátricos.
Justamente em meio a esse contexto de comodismo e automação criativa, surge uma revolta por parte dos escritores, que não aceitam mais serem meros fantoches daquele sistema e começam a destruir as máquinas editoras. O problema, a partir de então, seria como desenvolver a capacidade de escrita, uma vez que ninguém fazia a mínima ideia de como criar um texto. Para solucionar isso, são convocados grandes escritores do passado, os quais estariam apenas com seus cérebros conservados dentro de um aparelho oval prateado.
Com esse plot inovador pra época, Leiber soube conduzir bem a sua narrativa, ainda que os diálogos não tenham tanta profundidade e sua prosa não seja tão hábil quanto de outros escritores do gênero sci-fi. O autor é provocativo ao debater sobre questões éticas e cultura de massa e consumo (um dos principais temas do enredo), além de usar muito da ironia. No final das contas, este é um livro bastante despretensioso, mas que não deixa também de ter seus momentos "sérios".

site: https://senso-literario.blogspot.com/2023/04/um-futuro-diferente-talvez-nem-tanto.html
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